Sem meias medidas: Rui Jorge corta alvo do Sporting da seleção sub-21

Renato Veiga decidiu sair do Sporting. O médio foi escolhido por Roberto Martínez para a conferência de antevisão dos próximos encontros da seleção nacional e, durante a ronda de perguntas e respostas à imprensa, admitiu que a falta de tempo de jogo pesou na decisão, apontado o dedo a Rúben Amorim.

"O Nelson [pai], a Tânia, minha mãe, os meus irmãos, a minha avó. Sou um felizardo por ter um grande apoio em casa. Acho que isso é muito importante para qualquer jovem, seja dentro ou fora do futebol. Tenho muita sorte. Ajudam-me bastante. Fiz o meu percurso no Sporting, depois não fui aposta e decidi sair. Cá estou. Há muito a percorrer. Orgulhoso do meu percurso até agora, sabendo que ainda tenho um longo percurso a percorrer até chegar onde quero", começou por dizer, aos jornalistas presentes na Cidade do Futebol, em Oeiras.

"O que falhou... Cada jogador tem o seu percurso. O meu foi por fora. Estou grato por tudo o que o Sporting me deu durante as 13 épocas em que lá estive. Na altura, o treinador era Rúben Amorim e não apostou em mim. Estou grato por ter sido assim. Quem sabe não estaria cá. Estou muito grato ao Sporting. Tenho um carinho especial pelo Clube, mas vivo o dia-a-dia e agora estou muito orgulhoso no Chelsea", terminou.

Renato Veiga - avaliado em 8 milhões de euros - deixou o Sporting rumo ao Basileia em 2023/24. O clube helvético passou por grandes dificuldades, tendo, inclusivamente, de disputar a fase de manutenção nos 'play-off', mas a época foi bastante positiva para o jogador, que se estabeleceu como pedra basilar da equipa e fez 26 jogos, nos quais marcou dois golos. Em 2024/25, soma oito jogos pelo Chelsea, com um golo e uma assistência.

Apesar de nunca ter jogado na equipa A dos leões, Renato Veiga sempre deu boas indicações nos escalões jovens do Sporting, exibições essas que mereceram ao jogador ser convocado por algumas vezes por Rúben Amorim para alguns jogos da equipa principal e ter sido presença assídua em muitos dos treinos.

Hugo Viana está a ser apontado ao Manchester City. O diretor desportivo do Sporting iria substituir Txiki Begiristain, que vai deixar o clube no final de 2025. Os rumores vão crescendo e juntam Rúben Amorim à equação, com Pep Guardiola a terminar a aventura na Premier League. Jaime Marta Soares teme a saída da dupla verde e branca.

"Esse é um cenário extremamente preocupante. É uma dupla de classe e para o futuro. São duas pessoas que se complementam e, sobretudo, completam. Têm uma capacidade de decidir que não está ao alcance de muita gente no futebol. Ver um deles ir embora já era mau e os dois seria um rombo, um grande rombo até. Aquela dupla é para manter todo o tempo que seja possível", começou por dizer, ao jornal Record.

"Isto tudo pode vir a criar algum nervosismo na equipa. Por isso, o presidente Frederico Varandas e todo o staff, neste caso da parte administrativa, devem estar atentos e conjugar esforços. Acima de tudo, através do diálogo, deixar claro a importância que representa o Sporting na carreira do Amorim. Todo este tema terá, certamente, influência para homens com o caráter deles. Há que existir também uma direção do Sporting forte a nível psicológico", acrescentou.

Para segurar Amorim e Hugo Viana durante mais alguns anos, Marta Soares crê que "Com o diálogo resolve-se muitas coisas. Neste caso, que se poupe dinheiro noutras áreas, onde eu acho que não deviam existir certos exageros, e tome-se outras opções".

"Desportivamente o Sporting tem tido resultados nos últimos anos e isso também levou a uma melhoria substancial na situação económico-financeira. Portanto, há essa hipótese", terminou o antigo presidente da Mesa da Assembleia Geral dos verdes e brancos.

Na sua mais recente crónica, Luís Miguel Henrique fez uma análise perspicaz sobre a dinâmica entre presidentes e treinadores nos principais clubes de futebol em Portugal, destacando especialmente a situação do Sporting. O advogado de Jorge Jesus levanta questões cruciais sobre a liderança e o desempenho no contexto leonino.

"Historicamente, o presidente é considerado 'o' cargo mais importante na esmagadora maioria dos clubes e SADs de futebol em Portugal." No entanto, questiona essa visão no que diz respeito aos ‘três grandes’ e sugere que, atualmente, "é o treinador principal que desempenha o papel absolutamente crucial na estabilidade política e até na possibilidade de haver um real planeamento estratégico." Essa mudança de foco é particularmente visível no Sporting sob a liderança de Rúben Amorim.

O comentador destaca a importância de Amorim, que "tem demonstrado não apenas competência tática, mas também uma habilidade única para unir o grupo e motivar os jogadores." Essa união e motivação são essenciais para um clube que, nos últimos anos, enfrentou desafios significativos. Henrique observa que "sem Rúben Amorim, o Sporting teria enfrentado dificuldades ainda maiores, especialmente após períodos tumultuados em sua história recente".

Luís Miguuel Henrique também questiona se havia um plano estratégico viável para o Sporting antes da chegada de Amorim, argumentando que "não se pode desmerecer o trabalho de Frederico Varandas, Zenha e seus pares," que têm introduzido várias iniciativas ambiciosas, como a reestruturação do Estádio José Alvalade e a compra do Alvaláxia. No entanto, enfatiza que "será sempre, no final do dia, a boa ou má decisão de escolha sobre aquele que será o seu treinador principal que acabará por determinar quase tudo o que se sucederá no Clube".

"O sucesso de qualquer plano a longo prazo para o Sporting depende não apenas da visão do presidente, mas também da capacidade de Amorim em obter resultados no campo." Afirmou o comentador, que enfatiza que a relação entre Varandas e Amorim será fundamental para a estabilidade e o crescimento do Clube.

"A capacidade de Rúben Amorim em garantir resultados e manter a moral elevada entre os jogadores será determinante para o futuro do Sporting. No futebol moderno, o papel dos treinadores nos clubes como o Sporting é mais crucial do que nunca." Concluiu.