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AS BOLHAS LEONINAS
Terá de tornar o plantel de futebol imune a tudo o que se passa à volta do clube. O clima de guerrilha existente não pode afetar o rendimento desportivo.
Imagem de destaque01 Out 2020, 09:00

A equipa de futebol profissional do Sporting Clube de Portugal tem sobre si uma responsabilidade acrescida. Num ciclo complicado de jogos de várias competições vai ter de fazer o seu dia-a-dia em duas bolhas. Uma que a proteja da covid-19 e outra que a torne imune a tudo o que se passa extra balneário.

A covid-19 deve ser encarada coma naturalidade de uma lesão traumática. A pandemia trouxe um novo elemento diferenciador e decisivo para as contas finais dos campeonatos. A responsabilidade de todo o plantel e staff vai ser posta à prova, sabendo sempre que há fatores externos que são dificilmente controláveis. O campeonato não pode parar e a liga e os clubes sabem-no bem. Não pode nem vai haver desculpas da parte do Sporting. É para jogar sempre e com quem estiver disponível. A sobrevivência dos clubes e do campeonato nacional está a ser posta à prova. A liga e os próprios clubes têm tido um comportamento irrepreensível e que merece o meu aplauso, mas o mesmo já não se pode dizer da Direção Geral de Saúde. Continua a tratar o futebol como o parentepobre da equação. Seja a nível profissional ou na formação. O facto de as decisões serem tomadas pelas ARS regionais não só não ajuda, como traz um cariz heterogéneo que provoca desigualdades nos diferentes casos. Em bom português, é uma bandalheira. Num tema tão crítico, espero que haja o bom senso de se criarem regras iguais para todos, bem definidas e explicadas publicamente. O futebol e os portugueses agradecem. Os futebolistas já são os portugueses mais testados e monitorizados no seu dia a dia. No meu caso, trabalho em ambiente hospitalar e fiz o teste do PCR uma vez desde que começou a pandemia. Se todas a empesas o fizessem amanhã aos seus funcionários, seriam várias as que ficariam com equipas inteiras em quarentena profilática. Não existe ambiente mais controlado que o do futebol profissional. Haja respeito!

A bolha secundária terá de tornar o plantel de futebol imune a tudo o que se passa à volta do clube. O clima de guerrilha existente não pode afetar o rendimento desportivo. É responsabilidade de todos contribuir para que funcione da melhor forma numa época importante para o nosso clube. O Sporting vive e incorpora a experiência de um quadro surrealista. A cada dia que passa é dada mais uma pincelada. Daquelas que dificilmente se entende a cor ou o traço. Ou o desenho. Fica uma mistura impercetível em que apenas a longa distância se consegue descortinar um grande amor ao clube.

A Assembleia Geral do clube do passado fim-de-semana teve um resultado já esperado e que merece uma reflexão séria da parte de quem nos dirige. Os sócios mostraram um cartão amarelo e a mensagem não deve ser desvalorizada. Os órgãos sociais devem tirar as devidas ilações, sobretudo de comportamento.

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