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0Carlos Barbosa da Cruz crê que no Porto "pairam fumos de nepotismo e promiscuidade entre o presidente e os seus próximos". O conhecido adepto do Sporting acusa os azuis e brancos de violarem os próprios estatutos com a nova proposta, algo que denomina "vintage".
"O tema é simultaneamente simples e assustador. O artigo 45º dos atuais estatutos do Porto, no âmbito das “Incompatibilidades e Impedimentos”, dispõe que é vedado aos titulares dos órgãos sociais do clube realizar, por si ou por interposta pessoa, quaisquer negócios com o clube ou com qualquer sociedade em que o clube exerça, direta ou indiretamente, influência dominante, salvo quando haja sido precedido de concurso público ou obtido o prévio parecer favorável do Conselho Fiscal", começou por dizer, no Record.
"Digamos que, à luz dos mais elementares princípios da transparência e boa governance, esta é uma formulação standard. Só que, o Conselho Superior, a quem foi cometida a tarefa de rever os estatutos, propõe que a redação deste artigo seja alargada no sentido que estas operações sejam também possíveis, 'quando sejam do manifesto interesse do clube'", prosseguiu.
"Como não se define o que seja o manifesto interesse do clube e, sobretudo, quem tem poderes para o avaliar, está aberta a porta para a total discricionariedade. É o que a direção entender. Em qualquer instituição, este propósito seria, no mínimo, questionável; no Porto, onde pairam fumos de nepotismo e promiscuidade entre o presidente e os seus próximos, esta alteração é claramente suspeita", admitiu.
"Com esta formulação, ficam branqueados e legitimados para o futuro, todos os negócios de Alexandre Pinto da Costa com o clube, os quais, como se sabe, são, juntamente com a figura de Pedro Pinho, o núcleo da investigação judicial conhecida como 'operação prolongamento'... Estou curioso de saber o que pensa a, agora despertada, nação portista sobre esta proposta; para mim, é mais uma manifestação, talvez mais descarada do que o costume, do sistema vintage no seu esplendor", termina.