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0Bruno de Carvalho foi hoje ouvido no âmbito do Julgamento de Alcochete. O antigo Presidente do Sporting Clube de Portugal começou logo por dizer que não compreendia como estava em tribunal como arguido.
O ex-presidente leonino diz que foi avisado da invasão por José Ribeiro, que interrompeu uma reunião que Bruno de Carvalho estava a ter em Alvalade, para avisar do sucedido.
"Aquilo que se passou em Alcochete foi hediondo, criminoso. Foi indescritível o que as pessoas passaram. Decidiram passar-me de testemunha/vítima para arguido. Que nenhuma resposta seja vista como minimização do que aconteceu, mas colocaram-me do lado errado da acusação", começou por dizer.
Bruno de Carvalho também revelou que em dezembro de 2017 proibiu a entrada das claques na Academia, mas que Jorge Jesus os deixou entrar: “Em dezembro de 2017, proibi as claques de entrar na Academia e o JJ foi por trás e deixou-os entrar. Abriu um precedente. Perguntei-lhe se ele era treinador ou presidente. Se eu for condenado, é porque sou o criminoso mais imbecil do mundo".
A juíz Sílvia Rosa Pires perguntou, depois, se o antigo Presidente alguma vez deu instruções para alguém fazer mal aos jogadores, ou aos seus carros.
"Absolutamente nada, nada. O William Carvalho é useiro e vezeiro a mentir. Até veio aqui dizer uma coisa simpática, dizendo que não havia questão nenhuma com o presidente. Esqueceu-se de contar que o pai dele, na SAD, ameaçou de morte o Guilherme Pinheiro, administrador da SAD. A ele e a mim. Por causa de uma proposta que não existia. Foi por isso que ele nos ameaçou de morte”, explicou, dizendo também que o atual jogador do Bétis era próximo de elementos da claque leonina.
“Havia jogadores, como William Carvalho, que, quando saíam à noite e se metiam em problemas, a quem eles ligavam? A elementos da Juve Leo. Só quero enquadrar as coisas. Há um elemento ali atrás [presente na assistência do tribunal] que antes dos jogos cumprimentava o William com dois beijos".
Bruno de Carvalho atacou ainda mais uma vez William: “Quando chego à Academia, naquele dia [do ataque], tenho a sorte de a primeira pessoa que me aparece é o William, a dizer 'você não acha que não sabemos que foi você?'. Mas não há imagens disto, é a palavra de um contra o outro. Ele disse aqui que não conhecia arguidos, mas, depois, andou a telefonar-lhes. Está na natureza dele mentir".
Sobre a reunião de 7 de abril com a Juventude Leonina, Bruno de Carvalho diz ter sido um pedido expresso de André Geraldes, então manager da equipa. O antigo presidente diz que recusou várias vezes, por causa da saúde da filha, mas acabou por ir.
"Aquilo eram dezenas de pessoas aos gritos. Tentaram agredir-me, só não me chamaram de santo. Não teve ponta por onde se pegasse, eram gritos, pessoas a fumar charros... Não ouvi absolutamente ninguém a dizer que ia à Academia.
Falavam dos meus posts e dos meus posts e mais posts, de tarjas, inclusivamente de tarjas contra mim. Tinha de conseguir sair daí. Disse 'façam o que quiserem' para aquilo não descambar mais. A primeira pessoa que me quis bater foi o Elton Camará, que é só o mais pequenino do grupo".
A juíz Sílvia Rosa Pires pergunta o porquê da insistência de André Geraldes em Bruno de Carvalho ir à reunião. "Não sei, por isso é que digo que devo ser o criminoso mais imbecil do mundo".
Sobre Mustafá: "Acabei por gostar dele porque é um indivíduo tão genuíno que me faz rir. Sempre me respeitou e sempre o respeitei. É genuíno, tem umas saídas que me fazem rir. A minha perceção do Nuno Mendes é a mesma das forças da segurança - que ele era mais uma solução do que um problema. Tem as suas maluqueiras, ia testando os limites. Mas era mais uma solução do que um problema".
O ex-presidente falou ainda sobre Ricardo Gonçalves, atual chefe de segurança do Clube.
"Após o ataque, instaurei um processo disciplinar a Ricardo Gonçalves, que depois é colocado na gaveta e ele acaba promovido. Ele disse-me que Jorge Jesus mandou retirar a entrada por cartões, mandou tirar a medida de segurança. Fala-se aqui de um alarme. Aquele alarme não estava ligado a nada, só está lá para fazer barulho. As portas estavam todas abertas desde o início da época, sempre que havia treino por ordem do Jorge Jesus. Nada disto tinha acontecido se não tivessem sido retiradas as minhas medidas de segurança".
Bruno de Carvalho informou, ainda, que Jorge Jesus e Frederico Varandas iam ser despedidos com justa causa: “As pessoas que iam ser despedidas eram o Jorge Jesus, que acabou condecorado, e Frederico Varandas, que acabou presidente”.
As alegações finais começam a 11 de março. Todos os arguidos terão de estar presentes no Tribunal de Monsanto. Nesse dia, não há dispensas", alertou a juiz.