Fábio Paim - que, recentemente, recordou os dias na prisão - é um dos concorrentes da nova edição do 'Big Brother Verão'. No passado domingo, dia 3 de agosto, o antigo jogador do Sporting abriu o seu coração ao contar um pouco da sua história de vida na 'Curva da Vida', nomeadamente, de como foi a sua carreira de futebolista.
O, também, influenciador digital começou por contar: "O meu tio foi meu pai, o meu pai deixou-me quando eu era muito novo, é muito difícil para mim falar sobre isso porque me traz memórias que eu não gosto de ter. A minha mãe e o meu tio foram as pessoas que me criaram e que me deram todo o carinho e amor".
Fábio Paim: "Fui logo direto para o Sporting com 7 anos"
"Este torneio foi o torneio que mudou a minha vida: o senhor Aurélio Pereira viu, foi falar com a minha mãe, e fui logo direto para o Sporting com 7 anos. Começo a mostrar ao mundo quem é o Fábio como promessa, melhor jogador, melhor marcador, mais tecnicista. Aqui começam os telefonemas e as abordagens com ofertas que a gente não imaginava que pudessem ser reais", contou.
"Recebia por volta de 8/9 mil euros, comecei a jogar num nível acima, um dia a minha mãe liga-me e diz que a seleção de França queria que eu fosse jogar para a seleção. Ela sempre quis fazer as coisas da melhor maneira e ela era muito agradecida ao Sporting, ao senhor Aurélio, e a minha mãe não assinou contrato", explicou sobre o seu "primeiro contrato".
"Aí já é um contrato profissional e que mudou mesmo a vida da minha família. Já ganhava mais do que alguns jogadores que estavam na equipa principal e aí acho que foi o começo dos meus problemas. Começaram a aparecer pessoas, familiares, mesmo o meu próprio pai começou a aparecer também. Começam a aparecer coisas, pedidos, para pagar rendas, para emprestar dinheiro, tudo e mais alguma coisa. Que é quando começa o nosso ego de quem vem do nada, de quem não sabe o que é que é o dinheiro, de quem não respeita o dinheiro", disse o concorrente.
Fábio Paim: "Sporting deixou-me com uma pistola à cabeça"
"Todos os craques estavam lá, foi no Euro 2004. Aqui eu já acho que sou um craque, que não era. Saio da alçada do Sporting, a primeira coisa que eu faço é comprar um carro. Eu tinha controlo sobre tudo, sobre as contas, mas eu tinha apenas 16 anos, eu não tinha noção e não tinha ninguém que me pudesse parar. Não quero de todo meter a culpa no Sporting, mas acho que o Sporting deixou-me com uma pistola à cabeça. Acho que foi aí o ponto de viragem para a minha queda", referiu.
"Era dos jogadores mais valiosos na altura, sou emprestado ao Olivais e Moscavide, comecei a conviver com outros colegas mais velhos e começo a conhecer o mundo da noite. Eu era representado pelo melhor agente do mundo, pelo Jorge Mendes, deu-me oportunidade de ir para o Chelsea e é a minha última aventura boa no futebol. Decidi que os meus amigos, a festa e a noite, os copos e tudo mais, eram mais importantes que o meu trabalho e não me apresento mais no Chelsea. Foi o fim!", acrescentou.
Fábio Paim: "Foi quando toda a gente foi embora"
“Voltei para o Sporting, dizem que tenho de ir para o Real Massamá. Era uma equipa de 3ª divisão, com o ego que eu tinha tão alto eu disse que só ia fazer o que eu queria. Os amigos dos copos encheram-me a cabeça e eu deixei de jogar, deixei de receber, mas o dinheiro que eu tinha fui gastando em droga, em mulheres, em noite, ajudar toda a gente, o dinheiro acabou. Foi quando toda a gente foi embora, fiquei só com as pessoas que eu tinha, a minha família, a minha mãe, a ela sim eu tenho que pedir desculpa, foi um erro que eu estou a pagar até hoje e só me posso culpar a mim disto tudo ter acontecido, porque eu tinha tudo, deram-me as oportunidades todas e eu não quis, não quis ver. Tinha os carros, que tive que vender, ficámos com a casa que temos até hoje e mais nada", disse.
"Para sustentar a vida que eu tinha, de vícios, comecei a vender droga. E eu sou apanhado numa operação da polícia e sou detido. O que mais me custou foi a minha ex-sogra, que sempre me tratou como filho, sempre me respeitou, eu ver a entrarem por casa dela dentro por minha casa e os meus filhos a verem aquilo sem entender, verem o pai algemado, é algo que eu não tenho mais como pedir desculpa. Fui preso com 32 anos, tive um ano, eu pensei no princípio que seria o meu fim, mas foi o ponto de viragem", acrescentou.
"Passou esse ano, comecei a dar palestras aos miúdos, palestras do insucesso, a olhar para aquilo que eu fiz, para as escolhas que eu fiz. Custa-me porque eu tenho de me lembrar de coisas que eu não gosto, que eu não quero, mas para mim é importante eu me lembrar e, mesmo que chore, é algo que me ajuda todos os dias", rematou Fábio Paim.
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