Troca no comando técnico nesta fase iria seguramente desfocar a equipa e também aqui, no meu entender, os interesses do Clube estão a ser salvaguardados

A notícia bombástica que o técnico da equipa principal do Sporting irá sair daqui a dias para o Manchester United tem suscitado um conjunto de reações na nação leonina. Pelo inesperado, pelas dúvidas que poderão surgir no plantel, na sua estabilidade e naquilo que é o objectivo do bicampeonato.

O que ressalta de todo este processo e parece-me justo salientar, é que, Frederico Varandas, tendo sido apanhado de surpresa por toda esta situação, jogou bem a sua cartada. Ontem, na conferência de imprensa, após a boa vitória sobre o Estrela da Amadora, Rúben Amorim transmitiu um conjunto de informações relevantes.

Desde logo que o presidente do Sporting foi atempadamente informado que este ciclo no clube iria terminar em Junho de 2025. Sendo um treinador com mercado e não renegando a relação com a sua entidade patronal, admito que a SAD fosse sempre ressarcida pelo saída do técnico que, recorde-se, tinha contrato até Junho de 2026. Ainda assim, o pagamento da cláusula de rescisão a seis meses do fim do “tempo de vida” do treinador no Clube garante uma receita que, sendo expectável, não era certa e isso é relevante em termos de retorno financeiro.

Outro aspecto importante é a manutenção do mesmo a dirigir os destinos da equipa técnica até ao dia 10 de Novembro. O próximo desafio contra o Manchester City é uma oportunidade a não desperdiçar. A goleada infligida por Guardiola (5-0) com contornos de humilhação, sofrida a 15 de Fevereiro de 2022, merece uma desforra. Passados dois anos, Rúben Amorim pode apresentar, desta vez, outros argumentos técnicos e tácticos.

No caso de vitória, o Sporting irá manter-se no grupo das equipas que vão disputar o apuramento directo para os oitavos de final desta edição da Liga dos Campeões. É o ultimo jogo que o treinador vai orientar a equipa na fortaleza de Alvalade. A expectativa que temos é que acabe em glória. A troca no comando técnico nesta fase iria seguramente desfocar a equipa e também aqui, no meu entender, os interesses do Clube estão a ser salvaguardados.

A título de curiosidade e com os dados vindos ontem a público, pode depreender-se o porquê da saída de Hugo Viana no final da presente temporada. Sabendo que este ciclo iria ser fechado e que deixaria de ter o respaldo da peça chave da estrutura leonina, o director desportivo fez bem em procurar outras paragens e não podia ter escolhido melhor.

Em conclusão, podemos constatar um facto. O sucesso do trabalho de Rúben Amorim promoveu algo impensável há uns anos. Os títulos que conquistou uniram os Sócios e adeptos. A sua saída vai contribuir para um novo “tocar a reunir” e a estabilidade do Clube e já agora, do futebol português, agradecem.