Rita Garcia Pereira
Biografiado Autor

27 Jul 2020 | 09:53

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Rita Garcia Pereira

Como se usa fazer às raposas, uma das coisas que se deve ponderar é fazê-lo sair da toca. Ou, então, manter-se nela, mas tratar de marcar uma Assembleia Geral.

(No artigo anterior, usei uma citação de um dos meus filmes para ilustrar porque motivo não concordava com os termos da renumeração, aludindo a que um homem sensato sabe o momento para ser audaz e o tempo de ser sensato. Acrescento agora que me parece ter findado o tempo da complacência e iniciado o momento de se agir. Basta. Basta de negócios estranhos. Basta de desaparecimentos nas derrotas e de aproveitamento das –poucas- vitórias. Basta de soberba, de incompetência e de decisões surreais. Basta.)   Tem-se sempre falado nos êxitos do primeiro ano de Varandas sem se ter, a maior parte das vezes, presente que a equipa já vinha da Direcção anterior e que Cintra - goste-se ou não do homem- conseguiu repescar uns elementos da mesma, ao mesmo tempo que, é certo, fez negócios desastrados. Como foi hoje notícia, um desses, para além de após o regresso ter sido um enorme jogador, continua a trazer dinheiro para o Clube. Como adepta discordei muitas vezes de Cintra mas achei bastante injusto que Varandas tivesse reclamado para si louros alheios. Diga-se o que se disser, as suas lágrimas de então, noticiadas um pouco por todo o lado, assentaram em esforço alheios[1]. Por outro lado,  nos momentos iniciais desta Direcção ter começado a decidir os destinos da nação sportinguista, foi-nos prometido que o êxito no futebol era “fácil”. Bem sei que já aludi a esta frase e que corro o risco de me tornar repetitiva mas a verdade é que, ab initio, a dita afirmação me intrigou, quer pela soberba demonstrada, quer pela ingenuidade[2]. Centrando-nos no futebol (mas podendo-se falar das modalidades...), o que é certo é que a época foi uma total desgraça, persistindo o Sporting Clube de Portugal em ser um sítio de passagem de pouca permanência de atletas, alguns deles pagos a peso de ouro e com outras vocações muito mais evidentes do que saber chutar uma bola, e de treinadores. Por exemplo, não fui das que acharam um rasgo de génio ir-se buscar um treinador que, na realidade, ainda não o é, por um montante astronómico ao Sporting Clube de Braga. Sou, contudo, das que acha que, agora que cá está, será de lhe dar oportunidade de mostrar o que vale e que, seguramente, não pode ser só aquilo que se tem visto nos últimos jogos[3].  A não ser assim, então permanece por explicar o racional de um negócio que, a ser pago (o que, por motivos que me parecem de duvidosa legalidade, parece não ter sucedido), traria à sucursal do Benfica uma vantagem financeira assinalável.  Tudo, no mesmo transe em que se despacharam jogadores e trabalhadores, sempre sob a justificação de que “não havia dinheiro” e se perdem oportunidades de, entre outras, rentabilizar a marca. Desta época terão, forçosamente, de se tirar algumas conclusões, sendo que, para o efeito, o que tem que ser priorizado não é a sobrevivência desta direcção mas, como se afigura evidente, a da instituição. Confesso que assisto às parcas comunicações da Direcção com o mesmo estado de espírito com que via as do Ministro da Propaganda do Iraque, Mohammad Said al-Sahaf, o qual proclamava as (inexistentes) vitórias sobre os Estados Unidos[4]. Mas, entre o que é dito, registo sobretudo o que não é dito. Entre as omissões avulta, por exemplo, a teimosia na contratação de um jogador que já chumbou os exames médicos uma vez, a falta de explicações sobre a renumeração de sócios ou o que se pretende fazer após o total fracasso dos famosos power points de Miguel Cal quanto às gamebox. Enquanto o Clube está dividido entre os que se agarram a um passado que também não nos trouxe grandes vitórias e aqueles que, mostrando idêntico saudosismo, parecem pretender voltar aos tempos da insolvência, há um homem que, tendo a possibilidade de mudar a história, assiste a tudo, impávido e sereno, como se esta fosse a sua melhor hipótese de ser, finalmente, Presidente da Direcção.  Em todos os lados, há um homem que sabe demais, visando tornar-se uma eminência parda. Como se usa fazer às raposas, uma das coisas que se deve ponderar é fazê-lo sair da toca. Ou, então, manter-se nela, mas tratar de marcar uma Assembleia Geral.   [1]Por exemplo, aqui: https://www.noticiasaominuto.com/desporto/1259214/sporting-fc-porto-eis-os-onzes-de-leoes-e-dragoes-no-jamor [2]Na verdade, nunca vimos os rivais proclamarem tal invocada facilidade e bem se compreende porque motivo: não apenas, como é óbvio, não é fácil mesmo para os que jogam em vários cenários tabuleiros (leia-se, tanto no relvado como nos bastidores) como, ainda que o fosse, o que se coloca a mero benefício de raciocínio, afirmá-lo era não reconhecer o trabalho de si próprio, de toda a direcção, jogadores e da equipa técnica.  Não desconheço que a internet está cheia de afirmações infelizes mas devo ser a única a considerar esta a pior de todas. [3] E o que ora refiro não me faz ficar “feliz da vida” perante o que se passou no Sábado, conceder que alguém o possa dizer impunemente e, menos ainda, aceitar que possamos ter dado azo a que o inerrável Salvador tenha dito o que disse. Se arriscamos tudo (e aqui foi quase tudo, pelo menos em matéria de dinheiro...), é melhor termos a certeza do que estamos a fazer, sob pena de sermos transformados em chacota nacional. Foi o que sucedeu e não são mais promessas de um futuro melhor que atenuam a gravidade. [4]Do qual, aliás, podemos matar saudades neste site: http://www.welovetheiraqiinformationminister.com/.


*A autora escreve ao abrigo da antigo ortografia


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