Pedro Figueiredo
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02 Mai 2020 | 15:53

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Pedro Figueiredo

Há quem acredite e defenda que futebol (ou qualquer outro desporto) sem público não é a mesma coisa. Não será por acaso que decretar jogos à porta fechado é um dos castigos, sublinhe-se castigo.

Como não podia deixar de ser, o futebol (e em exclusivo o profissional da I Liga) voltou a ser uma excepção entre as demais medidas adoptadas para o fim do Estado de Emergência e vigência do Estado de Calamidade, ainda que na minha cabeça o segundo pareça ser mais grave do que o primeiro. Imagino uma porta ao lado das emergências dos hospitais, mais discreta, com a placa: “calamidades”, bem menos concorrida, talvez até com lista de espera. Ainda aguardamos, cada vez mais ansiosos é certo, pela descoberta de uma vacina que garanta o fim do bloqueio a que a COVID-19 nos tem imposto, manietando tudo e todos de uma vida que jamais voltará a ser a mesma, portanto, nada de se falar em regressar à normalidade porque isso, na verdade, não vai acontecer. Curiosa a conversa que mantive na semana passada com Luís Dias, ex-coordenador do Pólo EUL (LER AQUI) pois acabou por entroncar precisamente no que foi decidido na quinta-feira, no final do Conselho de Ministros: a I Liga vai poder realizar as 10 jornadas que faltam para o seu termino, ainda que sob medidas de segurança e higiene restritas, acompanhadas por frequentes testes aos envolvidos num jogo de futebol, mesmo à porta fechada. Nem vou referir o facto de serem, naturalmente, fechados. Há quem acredite e defenda que futebol (ou qualquer outro desporto) sem público não é a mesma coisa. Não será por acaso que decretar jogos à porta fechado é um dos castigos, sublinhe-se castigo, previstos no Regulamento Disciplinar. A questão pode ultrapassar essa fronteira e divide-se em dois pontos: a perspectiva económica e a da saúde. O primeiro ponto justifica a decisão tomada, de retomar a competição, e terá sido certamente o principal argumento que os três grandes apresentaram na reunião que tiveram com o primeiro-ministro na passada terça-feira. Aliás, mérito desde já a António Costa por ter sentado à mesma mesa não apenas os respectivos presidentes dos emblemas, como o líder da Federação Portuguesa de Futebol e o da Liga. A suspensão dos pagamentos pela Altice aos clubes, anunciada pelo CEO da empresa, Alexandre Fonseca, alegando que sem conteúdos não havia razão para que as verbas continuassem a ser pagas, deve ter ajudado à imperiosa necessidade de haver futebol. A NOS, aliás, já tinha feito o mesmo. No entanto, se do ponto financeiro percebe-se a decisão, olhando sob o prisma da saúde e do risco de contágio, a lógica torna-se irracional. Abdicar do habitual aperto de mão inicial dos capitães de equipa (e equipa de arbitragem) é apenas ridículo. Assim que o árbitro apitar para o início do jogo, haverá muito mais contacto do que num simples cumprimento e por mais testes (entre 48 a 24 horas antes do início do jogo) que se possam fazer, será difícil assegurar que todos os intervenientes do “espectáculo” são ‘negativos’ e não apenas os 25 seres humanos que andarão dentro do relvado. Não sei se já estará definido o número (mínimo) de profissionais para que se leve a cabo um jogo à porta fechada, nestas circunstâncias sanitárias, mas entre todos de todas as áreas, deve certamente ultrapassar a centena. É também aqui que o futebol entra no lote das excepções: estão proibidos ajuntamentos com mais de 10 pessoas. A França decidiu proibir jogos de futebol até Setembro e foi isso que fez soar as campainhas, não apenas em Portugal. Pode ser que tudo corra pelo melhor. Pode ser. Porém, qualquer motard sabe que por melhor que seja um fato de chuva, há sempre uns pingos que entram. E molham.


O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.


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