Depois do triunfo do Sporting no terreno do Vitória de Guimarães (4-1), Frederico Varandas esteve na zona mista, onde abordou não apenas o jogo, mas também as polémicas recentes sobre arbitragem. O Presidente dos verdes e brancos criticou a “histeria coletiva” criada em torno do lance do penálti sobre Hjulmand e denunciou uma aplicação desigual das regras nos diferentes clubes.
“Basta ir a 24 horas antes e há um Farense - Benfica, onde vi, quando estava 0-0, uma simulação de um jogador do Benfica que o árbitro, mal, assinala falta, livre. Golo do Benfica. O que aconteceu? Há um mês, um canto mal assinalado nos Açores deu golo do Sporting. Vou repetir. Mal assinalado. O que deu? Capas de jornais, uma vergonha, falam em anticiclones. Então e o silêncio que há em Faro? Por que razão há dois pesos e duas medidas? As pessoas não estão habituadas ao erro natural a favor do Sporting. Mas terão de se habituar. Se houver erros, é normal haver erros para todo o lado. O que não acho normal, e aí grande parte da comunicação social tem responsabilidade, é não haver este tratamento noutros clubes. O Benfica já teve nove penáltis. Não vou falar, analisem. O de ontem? O que seria se fosse o Sporting? Mais. Ex-árbitros, se fosse o Sporting, diriam que não era penálti. Não tenho a menor dúvida. Analisem. Houve erros de certeza. Mas esta histeria coletiva? Não brinquem. Isto para mim é muito importante: hoje caminhamos para um nível de ruído completamente absurdo.”
Frederico Varandas não poupou críticas aos dragões, considerando que também contribuiu para o “ruído” sobre a arbitragem: “E depois, em relação ao Porto. Não é só o Benfica. São duas estratégias de comunicação de histerismo, ruído. O Porto lançou um comunicado a seguir ao grande drama dos Açores onde dizia que o presidente da Federação tinha de tomar medidas, a dizer que estava uma advogada do Sporting na Comissão...”.
O Presidente lembrou ainda episódios recentes da Champions, onde a arbitragem internacional podia ter prejudicado o Sporting em casos claros: “O Sporting joga a Champions. Quem está lá? Os melhores árbitros internacionais? Se fosse pelo árbitro de campo, o Sporting se calhar tinha três pontos em vez de 10. Com o Nápoles? Expulsão vergonhosa perdoada ao De Bruyne. Com o Marselha em casa, três erros capitais revertidos. Com o Brugge, um vermelho direto do nosso capitão que não foi nada. Isto são árbitros internacionais. E depois, num canto mal marcado, que o melhor árbitro português assinala mal, coloca em causa toda a arbitragem? Isto atingiu um ponto insustentável. Para paraquedistas que chegaram agora? Insustentável foram 40 anos de fruta, 40 anos de reuniões de presidentes Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa a discutir quem eram o presidente da Liga e da Federação, a discutirem qual o árbitro para este jogo, 40 anos de missas, de padres, de agentes de futebol a comprarem jogadores para perderem jogos. Isso é que era insustentável. E não admito”.
Apesar das críticas, reconheceu que ainda existem erros na arbitragem e elogiou o trabalho do Conselho de Arbitragem: “O Sporting não vota em caras nem em pessoas. O Sporting vota em projetos. E uma das coisas que Pedro Proença tinha: grupos de comissões para reflexão na Federação. Sobre a arbitragem, sobre treinadores, sobre jogadores, sobre infraestruturas e competições. Grupos que não têm qualquer poder deliberativo. É para reflexão do futebol português. [...] Este CA está a fazer coisas passo a passo. As notas passaram a ser públicas, isso é importante. Há erros? Há. Podemos ter melhores árbitros? Podemos. Mas este clima criado, e voltando ao Porto. Como é que fazem um comunicado assim? Ou é profunda ignorância de estrutura, que não acredito, ou é mentir só para criar ruído. E têm tanta preocupação, que já passaram 50 dias do Braga - Porto e vocês estão satisfeitos com o resultado da auditoria? O que se passou com o Fábio Veríssimo? Ouvi o presidente do Porto dizer que ia fazer uma auditoria. 50 dias, meus amigos. E vocês, perguntas? Não fazem perguntas? Não há conferências de imprensa?”
Por fim, o dirigente destacou que o Sporting não se desculpa com a arbitragem e apelou a sanções iguais para todos os clubes que comentem a arbitragem publicamente: “A situação está irrespirável sobretudo para os árbitros. E a verdade é que, e aqui mais uma vez tenho de dizer que há falta de coragem da parte da comunicação social, o Sporting perde títulos e não se queixa da arbitragem. O Sporting fica em 4.º lugar e não se queixa da arbitragem. [...] Só há uma maneira: não vai ser fácil passar isto em Assembleia Geral de Clubes. Já liguei ao presidente da Liga. O regulamento tem de ser alterado e tem de ser assim: o presidente do Sporting fala de arbitragem... multa de 100 mil euros. O presidente do Porto fala sobre arbitragem... 100 mil euros. O Benfica faz um 'tweet', 100 ou 200 mil. É a única maneira de respirarmos. E vamos ver como é daqui para a frente. Esta histeria coletiva, isto, para ali para dentro, para o balneário do Sporting, é gasolina. Gasolina super para o tricampeonato”, terminou.
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