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Após ter conquistado o Campeonato Nacional sob a liderança de Juca, o Sporting iniciou a temporada 1962/63 com ambições renovadas. No entanto, depressa ficou claro que os ventos tinham mudado. Como previra o lendário técnico Bella Guttmann, a famosa “maldição das cadeiras” instalou-se em Alvalade: a instabilidade e a falta de continuidade no sucesso cedo afastaram os leões das principais frentes e a esperança restava na Taça de Portugal, troféu que os leões viriam mesmo a vencer, diante do Vitória de Guimarães (4-0).
O sorteio das meias-finais da Taça ditou um duelo escaldante entre Sporting e Benfica, disputado a duas mãos. O primeiro embate, realizado em Alvalade, terminou com nova vitória encarnada, a terceira da temporada sobre o eterno rival, deixando a eliminatória inclinada a favor das águias.
Poucos acreditavam na reviravolta, mas no Estádio da Luz, o Sporting calou os descrentes com uma exibição firme e determinada. Um 2-0 impôs-se no marcador, com dois golos de Figueiredo, que nessa tarde ganharia um novo cognome entre os adeptos: o 'Altafini de Cernache', numa analogia ao avançado italiano que tinha acabado de decidir a final europeia contra o próprio Benfica, ao serviço do Milan.
No dia 30 de junho de 1963, o Estádio Nacional foi palco da final entre o Sporting e o Vitória de Guimarães. Os leões apresentaram um onze competitivo: Carvalho na baliza; Pedro Gomes, Lúcio e Hilário na defesa; Pérides e David Júlio no meio-campo; e uma linha ofensiva composta por Osvaldo Silva, Figueiredo, Mascarenhas, Géo e João Morais. Duas ausências de peso marcaram o jogo: Fernando Mendes e Mário Lino, ambos suspensos pela Direção do Clube, na sequência de atuações menos conseguidas no campeonato.
O Sporting, para este derradeiro duelo, soube impor-se. O primeiro golo surgiu na sequência de um remate à barra de Osvaldo Silva, que ele próprio emendou na recarga. A esperança vimaranense ainda se aguentou até aos 70 minutos, momento em que Figueiredo assinou o 2-0, após mais um passe decisivo de Osvaldo.
A partir daí, o domínio leonino foi total. Aos 73 minutos, Lúcio, com um potente remate de livre direto, fez o terceiro. E já perto do final, aos 87', Mascarenhas encerrou as contas com um golo que coroou uma bela jogada individual. 4-0, o resultado mais desnivelado numa final da Taça em várias épocas, que não deixou margem para dúvidas.
Mascarenhas, o autor do último golo, terminou a edição da Taça de Portugal como melhor marcador, com impressionantes 17 remates certeiros. No final do jogo, protagonizou um episódio curioso: envolveu-se numa pequena disputa com Daniel, jogador do Vitória, que reivindicava a posse da bola do jogo. O árbitro Clemente Rodrigues, da AF Porto, interveio e resolveu o impasse, atribuindo a bola ao Sporting. “A bola é do vencedor”, decidiu.
Plantel verde e branco desiludiu os adeptos ao dar como garantido jogo contra adversário tendencialmente mais fraco que, ainda assim, surpreendeu em campo
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A 30 de junho de 1928, o Campo da Palhavã, em Lisboa, recebeu a final do Campeonato de Portugal, aquela que era, à época, a mais prestigiada prova do futebol nacional, correspondente à atual Taça de Portugal. O embate pôs frente a frente Sporting - que na época seguinte saiu por cima num Clássico importante diante do Porto - favorito indiscutível à conquista do título, ao modesto, mas ambicioso , Carcavelinhos Futebol Clube, equipa oriunda do bairro lisboeta de Alcântara que acabaria por vencer por 3-1.
A partida foi antecipada para sábado, pois o Sporting partia no dia seguinte rumo ao Brasil para uma digressão. Este detalhe logístico, aparentemente trivial, acabou por influenciar profundamente o desfecho do encontro. O ambiente no seio leonino transpirava confiança - ou, talvez, excesso dela - e o jogo era visto como mera formalidade antes da viagem internacional. Afinal, a época Sportinguista tinha sido brilhante e poucos levavam a sério a ameaça do Carcavelinhos, mesmo após este ter eliminado o Benfica com um contundente 3-0 nas meias-finais.
O Sporting até entrou melhor no encontro, impulsionado pelo vento favorável. José Manuel Martins quase inaugurou o marcador num dos seus típicos lances velozes, enquanto Abrantes Mendes, isolado perante o guarda-redes Gabriel, desperdiçou uma ocasião clara. Mas contra todas as expectativas, foi o Carcavelinhos a abrir o ativo. José Domingos, escapando à marcação, bateu Cipriano Santos, que ficou lesionado no choque com o avançado e saiu combalido do lance. O golo abalou os leões, que até ao intervalo apenas assustaram numa investida de Agostinho Cervantes, travado por Gabriel.
A segunda parte começou com um Sporting mais concentrado. Aos sete minutos, Abrantes Mendes redimiu-se e empatou a partida com um cabeceamento certeiro após um cruzamento milimétrico de José Manuel Martins. Contudo, o próprio Martins viria a tornar-se figura central de um momento decisivo: foi expulso por uma entrada considerada violenta sobre o guarda-redes Gabriel, num lance que gerou tumulto em campo e obrigou a uma interrupção de mais de cinco minutos.
No reatar do jogo, o Carcavelinhos capitalizou o desnorte leonino. José Domingos, em recarga após uma bola ao ferro, assinou o segundo golo dos alcantarenses com um remate de primeira. O Sporting, reduzido a 10 unidades e emocionalmente abalado, não conseguiu reagir. Foi Manuel Rodrigues quem fechou o marcador em 3-1 e ainda desperdiçou um penálti assinalado após um toque com o braço de Penafiel, o que poderia ter ampliado ainda mais a vantagem surpreendente.
Enquanto Alcântara vibrava com uma vitória memorável e absolutamente inesperada, nas hostes leoninas reinava o silêncio e a frustração. A derrota não só estragava uma época até então quase perfeita, como comprometia o moral para a digressão ao Brasil.
A conquista do Campeonato de Portugal de 1928 foi a maior glória da história dos Carcavelinhos, que anos depois viriam a fundir-se com o União Foot-Ball Lisboa, dando origem ao atual Atlético Clube de Portugal. Para o Sporting, a derrota serviu de aviso quanto aos perigos da complacência e da má gestão emocional antes de compromissos cruciais.
Equipa verde e branca saiu vitoriosa da prova rainha depois de um arranque de época perturbador que até ficou marcada por perda inesperada
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A temporada de 1945/46 começou marcada por tragédias e instabilidade no seio do Sporting. Após a conquista da Taça de Portugal na época anterior, a equipa perdeu o seu treinador Joaquim Ferreira, assassinado de forma misteriosa numa rixa em Lisboa. O sucedido teve impacto profundo no Clube e prenunciava uma época conturbada, feita de lesões, polémicas salariais e desempenhos irregulares, que ainda assim culminou com a conquista de mais uma prova rainha, após um triunfo por 4-2 diante do Atlético Clube de Portugal.
O comando técnico foi entregue ao antigo avançado dos anos 30, Dr. Abrantes Mendes, cuja carreira como jogador não encontrou paralelo no banco. Apesar de promissoras movimentações no mercado, como os rumores do regresso de Eliseu Cavalheiro e a possível contratação de Fernando Cabrita, estrela emergente do Olhanense, nenhuma destas se concretizou. Apenas Luís Cordeiro, oriundo do Vilafranquense, chegou ao plantel, mostrando-se útil até se lesionar.
O Campeonato de Lisboa e o Campeonato Nacional confirmaram as dificuldades: derrotas pesadas (como os 5-0 frente ao Estoril), conflitos internos, nomeadamente com João Azevedo, que exigia um ordenado de 1000 escudos, e uma trajetória marcada pela oscilação constante. Nem mesmo a recuperação pontual, incluindo seis vitórias consecutivas e um épico triunfo sobre o Benfica, foi suficiente para evitar um amargo terceiro lugar, atrás do histórico campeão Belenenses e do rival Benfica.
Com a época em crise, o recém-eleito presidente Ribeiro Ferreira recorreu a uma figura histórica do futebol português para salvar a honra da época: Cândido de Oliveira. Mestre Cândido, fundador do Casa Pia e ex-jogador do Benfica, aceitou liderar a equipa de futebol leonina, mas sob duas condições: não seria remunerado e Abrantes Mendes manter-se-ia como treinador principal.
A prioridade passou, então, a ser a Taça de Portugal, competição em que, poucos anos antes, o Sporting goleou o Benfica. Cândido de Oliveira traçou um novo rumo técnico e tático: identificou nos interiores do meio-campo a principal fragilidade da equipa, por não darem o apoio necessário ao génio de Fernando Peyroteo, e decidiu romper com o esquema tradicional em W. Com Sidónio Silva como segundo avançado de referência, desenhou uma frente de quatro atacantes, suportada por um médio centro e uma retaguarda em M. Os resultados foram imediatos: nos seis jogos em que Peyroteo e Sidónio jogaram juntos, marcaram 16 golos, oito cada um.
O formato da Taça de Portugal regressou nessa temporada ao modelo de eliminatórias a jogo único e em campo neutro, o que trazia imprevisibilidade e exigia eficácia imediata. O sorteio foi relativamente favorável, mas os leões trataram de confirmar o favoritismo dentro de campo. Suplantaram a Académica, o Vitória de Guimarães e o Famalicão com autoridade, marcando presença na grande final diante do Atlético Clube de Portugal, uma equipa que, importa lembrar, já tinha eliminado o Porto e o Benfica.
Na final, o Sporting venceu por 4-2, encerrando a competição com um impressionante total de 26 golos em apenas quatro jogos. No jogo decisivo, valeram os remates certeiros de Fernando Peyroteo (15' e 30'), de Sidónio (20') e Albano (40').
Equipa verde e branca dominou em absoluto a modalidade em Portugal e rival encarnado ficou apenas a ver o momento de erguer o título
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A temporada de 2017/18 do Campeonato Nacional de Futsal foi palco de uma postura avassaladora por parte do Sporting. A equipa leonina - que recentemente perdeu o título - dominou a fase regular com um registo quase imaculado: 25 vitórias e apenas um empate em 26 jogos. Com este desempenho, chegou ao topo da tabela com 76 pontos (um novo recorde na história da competição) e terminou a época a vencer ao Benfica na final, ao cabo de cinco partidas, chegando ao tricampeonato.
Este percurso não foi um episódio isolado, mas sim a continuação de uma série de invencibilidade impressionante. Os leões não conheceram o sabor da derrota em jogos da fase regular desde 17 de outubro de 2015, acumulando 72 partidas consecutivas sem perder nesse contexto, o que facilitou a chegada ao desejado triplete.
Nos quartos-de-final e na meia-final do Campeonato, o Sporting mostrou uma grande consistência. Depois de vencerem em duas ocasiões o Burinhosa (2-4 e 5-3 após prolongamento), frente ao Modicus, na meia-final, os verdes e brancos triunfaram por 2-0 e 4-0 e tornaram-se, assim, na primeira equipa de sempre a atingir uma final do campeonato sem sofrer golos nesta fase decisiva.
A final, diante do eterno rival Benfica, foi de cortar a respiração. Disputada à melhor de cinco jogos, a série incluiu três prolongamentos e duas decisões por penáltis. No derradeiro jogo, os leões recuperaram de duas desvantagens no marcador e acabaram por vencer na marca das grandes penalidades. Esse triunfo valeu ao Sporting o 15.º título nacional e, mais simbolicamente, o terceiro campeonato consecutivo, uma proeza que o Clube não alcançava desde 1995.
Esta temporada ficou também marcada por um outro momento. Após 13 anos em casas emprestadas, o futsal regressou finalmente a Alvalade. O Pavilhão João Rocha, inaugurado nesse ano, tornou-se o novo lar das modalidades do Clube e o futsal teve finalmente uma casa digna da sua grandeza.
No que toca ao plantel, o Sporting limitou-se a duas alterações, ambas com forte carga simbólica: Divanei, regressado do Kairat Almaty, e Cardinal, vindo do ElPozo Murcia, voltaram a envergar a Listada verde e branca. Saíram Paulinho, rumo ao futsal italiano, e Léo, que regressou ao Cazaquistão após terminar o empréstimo.
A época oficial arrancou com a conquista da Supertaça, numa vitória apertada frente ao Benfica. Já na Taça de Portugal, a caminhada culminou num título seguro, depois de ultrapassar um adversário exigente nas meias-finais e vencer com autoridade o valoroso Fabril na final.
Apesar destas excelentes campanhas, o Sporting foi derrotado na final da Taça da Liga e da UEFA Futsal Cup, esta última com novo formato que permitiu a entrada de dois clubes portugueses, Sporting e Braga. Na ronda principal, os leões venceram todos os jogos e lideraram o grupo disputado na Sérvia. A ronda de elite, organizada no Pavilhão João Rocha, trouxe um apuramento tranquilo para a final four, garantido logo à segunda jornada, o mais rápido de sempre para os verdes e brancos até então.