E terminou o Campeonato. O FC Porto foi campeão, o SL Benfica não jogou o suficiente e nem com o sistema foi lá, e o Braga entrou a ferros no pódio.

Onde está o Sporting CP? Onde está o Leão, animal nobre, temido, feroz, que com o seu rugido põe em sentido toda a selva?

E selva sim, porque o Futebol é uma selva e ali não há regras. Há os que mandam, e há os que não contam. Os reis são outros. E o Sporting CP não contou para as contas.

Vai longe o tempo em que o leão rugia. Nos tempos que correm, este leão já foi tão humilhado, tão maltratado, que até o miar de um gato se ouve mais alto.

O Leão escondeu-se e não se sabe dele. O Sporting CP é grande e eterno. Gigante nas conquistas e enorme no seu historial, mas até quando continuaremos a falar das glórias do passado ao invés de fazer pelas conquistas do futuro?

As coisas podem sempre ver-se de dois prismas. Afinal de contas, fomos primeiros – dirão alguns. Os primeiros fora do pódio. Há de contar para alguma coisa, dizem os encantadores de serpentes que encontrarão mil e uma desculpas para o infortúnio anunciado – recorrentemente há 20 anos. Outros preferem-lhe chamar “quarto” – não, não é o do Game of Thrones, mas até aí, quais nightwalkers quais Lanisters, “the north has won”.

E quem envergonha o leão desta maneira? Como é que o Leão chegou aqui? O que é que o Leão poderia ter feito? Porque é que não fez? Quem teve a culpa? Vamos matar os responsáveis? Adiantará alguma coisa?

Este leão está doente… foi assaltado por uma série de parasitas, infectado por várias bactérias, e invadido por vários vírus. Só pode, porque só quem diz perceber muito de futebol poderá concluir de outra forma. Ou então os putativos oportunistas à espreita da desgraça dos outros, e achando-se acima dos outros, só porque sim.

E quem são? Como se chamam os parasitas, os vírus, as bactérias que se passeiam pelo leão, uns dentro, outros fora, todos em conluio e sem perceber que morrendo o hospedeiro é a morte deles. São bardos à procura do momento de glória que nunca tiveram, no desespero de uma oportunidade, virados para o umbigo, consumidos pelo seu narcisismo, torvados por um poder inebriante, e que, exibem este leão na trela… Afinal de contas o que fizeram eles? Este Reino está a saque – entram por todos os lados.

E para quando um Leão saudável, forte e temido? Como se consegue tratar este leão? Como lhe retiramos a gordura se ele já está tão magro? Como lhe criamos músculo se ele já não consegue comprar proteína. Como lhe damos confiança se já não se lembra da última vez que cravou as garras nas coxas de um búfalo?

Afinal este leão é de um zoológico. Só pode ser. Está refém de quem lhe atira umas carcaças ao fim de semana. Rodeado de vaidosos que lhe apontam o dedo e de outros que vivem dos tempos em que a sua juba era grande e farfalhuda. De um lado os “DDT” de outro os reaccionários, e nem entre eles se entendem.

Caros Sportinguistas, podemos todos perder os próximos dias, semanas e meses a criticar, culpar e insultar tudo e todos aqueles que cremos que são os responsáveis por mais um ano em que o Leão ficou aquém daquilo que foi prometido. Levar-nos-á a algum lado?

Perde-se muito tempo a falar de tudo o que está mal, deste ou daquele, do passe mal feito ou da estratégia mal conseguida, ou do jogador mal vendido, ou do coxo que está velho, ou do lesionado pago a peso de ouro. E cada vez se encontram mais pontos de discórdia. E haverá culpados? Certamente…

Mas o que podem fazer os Sportinguistas para ajudar o Sporting CP? Será que podemos pensar no futuro? Haverá futuro? Ou teremos que nos contentar com as migalhas que sem vergonha lambemos do chão?

Há que pensar de uma vez por todas no que está errado, encontrar a solução, e não continuar a chorar pelo leite derramado. Todos vivemos à nossa maneira a história do Sporting CP. É grande, mas, como já muitos disseram, a loucura é continuar a fazer o mesmo e esperar um resultado diferente.

É evidente que as experimentações têm de acabar. É claro que a incompetência não pode ser premiada. É por demais óbvio que as responsabilidades têm de ser assumidas. É legitimo querer muito mais do que promessas vãs. E é uma verdade absoluta que nós não pertencemos aos que vêm depois do pódio.

Estou triste, muito triste. Não quero aqui culpar ninguém nem atacar ninguém, nem personalizar as coisas. Não quero trazer à baila tudo o que foi prometido, nem adjectivar as decisões a que vamos assistindo, que num ano em que “seríamos campeões” viu-se o que fomos, e neste ano que já era a sério, acabamos onde acabámos. Já não são probabilidades, é estatística.

Ensinou-me a vida que não se deve agir a quente. Os temas devem ser digeridos, deve dormir-se sobre eles, e de manhã já com os ímpetos mais sossegados então atacar o problema. Ainda não consegui dormir e por isso perdoem-me os queixumes.

Neste Reino de Dragões, Águias e Castelos, com muitas traições ao barulho, quase poderíamos pensar que começou a 9ª temporada, e que este já não é certamente o reino do Leão.

Companheiros, caiamos no mundo real. Agora mais do que nunca teremos de nos unir em prol do Sporting, teremos de pensar no futuro e no caminho a traçar para lá chegar. Há muito a fazer, há muito a mudar, há um longo caminho a percorrer. Caberá aos Sportinguistas contribuir para isso. Os sportinguistas têm de ser como as leoas e o Sporting o seu Leão.

Aproximam-se tempos conturbados. Vêm aí a temporada das chuvas. The winter is coming…

Sem dúvida que o Sporting CP precisa de mudar. O Sporting CP precisa de um rumo. O Sporting CP tem de renascer e voltar a ser o Sporting.

Com bomba ou sem bomba, o relógio faz tique-taque…