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O ELEFANTE NA SALA…
Uma vez mais, a fazer fé no que foi publicado, Vieira não mandou fazer: tratou de contactar pessoalmente os ditos clubes e solicitar-lhes que prestassem falsas declarações.
Imagem de destaque24 Ago 2020, 09:40

Há pessoas que têm – umas por gosto, outras por necessidade – uma estranha forma de vida. No caso do Sporting, acumulam-se casos de estranhas formas de gestão e a vários níveis, crendo eu que tal se deve mais a decisões erradas do que a necessidade. Faço aqui um parêntesis quanto ao tema que escolhi para esta semana, apenas para assinalar a perplexidade com que tenho assistido ao que se tem sucedido no Sporting Clube de Portugal nestas últimas semanas. De um lado temos jogadores a serem apresentados em calções rasgados. Por outro, se já é pouco normal a equipa A perder com a equipa  B, aquela voltou a perder num jogo de treino com o Farense, com um golo marcado por um miúdo que se entendeu não servir para o Sporting, já que, pelos vistos, a sua aptidão é marcar contra o nosso clube. Pelo meio, numa esquisita estratégia negocial já usada com outros jogadores, um dos nossos símbolos, Acuña, passou a treinar isolado, presumindo-se que signifique que será vendido. É, lá está, uma gestão estranha de activos, se se atender a que, pelos vistos, a ideia subjacente, embora de autoria desconhecida, é que também deixou de servir. Eventualmente, será mais um caminho aberto para outras voltas num célebre carrossel, cujo proprietário foi, agora, alvo de outra queixa, desta feita por negociatas no Valencia mas que, até agora, tem escapado entre os pingos da chuva. Por último, a Direcção decidiu fazer desaparecer Beto Severo mas, para além de manter Hugo Viana, optou por contratar um outro profissional, cujo currículo em matéria de direito desportivo não está em causa, para exercer funções não relacionadas com o Direito mas de direcção geral. Tudo isto é tão estranho quanto, em vez de se preocupar com as questões atinentes ao SLB e aos recentes factos que foram trazidos ao lume pelo Leonino, tudo o que a Direcção de Comunicação parece entender fazer é entrevistar-se a si mesma. Seria cómico se não fosse trágico. Tal como é o facto de uma conhecida comentadora do jornal A Bola, publicamente afecta ao Sport Lisboa e Benfica, se apresentar, ano após anos, como jornalista, o que a Comissão da Carteira de Jornalista acabou por desmentir, a pedido de um Sportinguista anónimo que acabou por fazer serviço público. Leonor Pinhão poderá ser muita coisa na vida, incluindo benfiquista e mal-criada, mas o que parece não ser é jornalista, apesar de a isso de arrogar. Fica a nota. )

O Leonino fez publicar uma notícia (LER AQUI), segundo a qual o SLB andou a pressionar clubes para que declarassem que o Vitória de Setúbal não tinha dividas perante eles, como forma de suprir um dos requisitos de manutenção na Liga. Uma vez mais, a  fazer fé no que foi publicado, Vieira não mandou fazer: tratou de contactar pessoalmente os ditos clubes e solicitar-lhes que prestassem falsas declarações, com vista a conseguir um qualquer resultado que, doutra forma, não era obtido.

Perante esta notícia, o que se teria imposto a uma Direcção de Comunicação de qualquer clube rival era, como se afigura evidente, colocar os seus recursos, Gravity incluída, a denunciar esta situação, enquanto oficialmente se deveria tentar apurar, nas instâncias competentes, o que existe de verdadeiro nesta notícia. A mim, e aos sócios no geral, interessa-me menos a opinião de um prestador de serviços de comunicação do que saber factos que nos podem prejudicar. Se o conteúdo da notícia se confirmar (e nada há que demonstre que é falso o que foi invocado), obviamente que o SLB fica numa posição de credor do Setúbal, sendo que Vieira não é conhecido por deixar de cobrar favores. Que favores são esses e a que título o Presidente do Benfica se preocupa pessoalmente com a situação de um clube que, para além de não ser o seu, também não é rival, é algo que deveria preocupar não apenas o Sporting Clube de Portugal e o Futebol Clube do Porto mas, como se afigura evidente, principalmente as instâncias desportivas. Note-se que, de clube amigo em clube amigo, esta pode ser uma forma de, não apenas se ganhar jogos, como principalmente de se fazer os adversários perder jogos.

Falar-se em verdade desportiva e não se procurar perceber os exactos contornos destas estranhas alianças é igual a ignorar-se o elefante na sala. Podemos acabar com os programas com debates sobre futebol – sendo que, atenta a falta de qualidade ou de conhecimento dos protagonistas daqueles que foram encerrados, até acho que a decisão beneficia o Sporting Clube de Portugal – como forma de acabar com o ódio no desporto. Podemos propor mil comissões de ética e acrescentar imensas regras de compliance aos regulamentos em vigor. Podemos tentar disciplinar tudo. Podemos contratar os melhores profissionais em cada área. Podemos fazer isso tudo e, na verdade, não é exactamente esse o caminho que tem sido seguido. Mas, ainda que assim não fosse, sermos correctos não basta. É preciso verificar se o vizinho não faz batota. No nosso caso, diria mesmo, é preciso impedi-lo de a fazer.

A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.

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