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0Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Márcio Sampaio, ex-preparador físico do Al Hilal e antigo colaborador de Jorge Jesus, fez uma análise da sua mais recente passagem pela Arábia Saudita, onde testemunhou a transformação do futebol local. Depois de 15 anos ao lado de Jorge Jesus, Sampaio decidiu regressar a Portugal, motivado pelo desejo de passar mais tempo com a família. No entanto, deixou para trás uma experiência de sucesso no futebol saudita, que considera ter evoluído significativamente nos últimos anos.
Sampaio destacou o papel de Cristiano Ronaldo na elevação do nível competitivo da liga saudita, considerando o craque português um ponto de viragem no campeonato. "Há uns anos, era impensável que jogadores como ele ou Neymar viessem para cá. Hoje, estão a mudar a face do futebol no país", afirmou. Segundo o preparador físico, a presença de Ronaldo abriu portas para que outros jogadores de classe mundial considerassem mudar-se para a Arábia Saudita.
Ao comparar a sua primeira passagem pelo Al Hilal em 2018 com a mais recente, Sampaio notou uma grande diferença na capacidade financeira dos clubes e na qualidade dos jogadores. "Quando chegámos ao Al Hilal pela primeira vez, em 2018, a realidade era completamente diferente. Hoje, os clubes têm uma capacidade financeira muito superior, infraestruturas de excelência, e o número de jogadores estrangeiros aumentou para oito, mais dois sub-21", explicou. Esse aumento no limite de jogadores estrangeiros, segundo ele, foi fundamental para elevar a competitividade da liga. "Agora, estamos a falar de equipas que podem ter 11 estrangeiros, com jogadores que custam mais de 60 milhões de euros. Isso mudou tudo."
Sampaio também falou sobre o impacto direto de Ronaldo no Al Hilal e no campeonato saudita. "O Al Hilal fez propostas a Messi e Mbappé, mas foi Ronaldo quem aceitou o desafio. Ele tornou-se a bandeira que outros seguiram", comentou. Além disso, elogiou o modo como o clube e o país acolheram Ronaldo, reconhecendo o papel estratégico do craque na projeção internacional do futebol saudita: "Ele encontrou um clube onde pode continuar a ser feliz e marcar golos. Isso ajudou a que outros depois o quisessem seguir. Mas desenganem-se. O Al Hilal fez proposta ao Messi e ao Mbappé e eles não quiseram ir. A capacidade financeira nem sempre consegue comprar a ideia ou a vontade desses jogadores. Mas obviamente que o Cristiano Ronaldo depois foi a bandeira para que todos os outros quisessem ir."
Ao falar sobre o futuro da sua própria carreira, Márcio Sampaio revelou que, depois de anos de trabalho intenso, optou por uma pausa para estar mais próximo da família. No entanto, sublinhou que não está desempregado, mas sim "à procura do projeto certo". "Não sou caro, mas não vou de borla. Acho que a minha experiência tem de ser paga também dentro daquilo que eu acho que é o mínimo. Neste momento, quero estar a aproveitar com família e depois também depende do projeto. Tem de ser algum projeto que também me entusiasme", declarou. Sobre o fim da longa colaboração com Jorge Jesus, Sampaio afirmou que, apesar de ser uma decisão difícil, sentiu que era o momento certo para seguir um caminho independente. "Muitas das vezes nós precisamos de nos desligar dessas pessoas. O facto de termos trabalhado com essas pessoas pode-nos dar confiança. Se nós trabalhávamos com esta pessoa, provavelmente vai ser mais fácil arranjar trabalho. Tendo trabalhado com quem trabalhei não garante, por si só, um grande emprego, mas pode ser que surja mais facilmente uma oportunidade. Receio de sermos esquecidos todos temos. Também tive sempre a ideia de que não há insubstituíveis. O futebol é oportunidade. Já tive situações em que estive com contrato, sem contrato. Neste momento não tenho esse receio. Tenho tido até algumas abordagens, algumas situações, mas que eu não quis aceitar até aqui, porque eu tinha regressado há pouco tempo. No futuro logo se vê.", concluiu.