Jamais podemos aceitar ver milhares de Sportinguistas ser maltratados e ficar calados quando quem falhou na preparação dos festejos ousa apontar o dedo aos que pintaram as ruas de verde e branco.
Começo com uma palavra de agradecimento dirigida àqueles que, dentro do campo, tão brilhantemente defenderam as cores do nosso Clube, ao longo de todo o campeonato.
Há uma semana pedia, aqui, nesta coluna semanal, que embora faltassem ainda três jogos para terminar o campeonato, não nos fizessem esperar muito, pois havia um Tsunami Verde e Branco para libertar.
Feita a minha que, aposto, era a nossa vontade, aconteceu precisamente aquilo que previra: o país pintou-se de Verde e Branco e os nossos Adeptos tiveram a oportunidade de festejar e de poder fazê-lo gritando bem alto, “Nós Somos Campeões!”.
Nesse mesmo texto previra, também, que, tal como em 2000, iriam aparecer as vozes “surpreendidas” com o apoio popular que o Sporting tem. Dito e feito. Não foi preciso muito para tal acontecer. E essa “surpresa”, virou desculpa para alguns.
As várias entidades com responsabilidade assobiaram para o lado e, com aquela fé do “vai correr tudo bem”, falharam por omissão e falta de planeamento, estendendo essa confrangedora imagem ao momento de assumir as responsabilidades.
Como se compreende que não se tenham promovido as condições necessárias para que os nossos Sócios e Adeptos pudessem estar em segurança, no respeito de todas as regras, a assistir ao jogo em diversos pontos da cidade, mas também junto ao Estádio?
Como se compreende que quem tem o dever de cuidar e zelar pelos Sócios e Adeptos, ponha nas mãos de outras entidades a coordenação dos festejos? Afinal, há um speaker aos gritos num Estádio vazio, mas não conseguem organizar uma forma de os adeptos festejarem em segurança junto dos seus?
Completamente incompreensível, também, a ação da PSP. A Segurança Pública que a Polícia tem no seu nome, não se faz carregando sobre uma multidão onde estão muitas pessoas maiores de 60, mulheres e crianças, e conduzindo a uma situação da resultam pessoas a irem para o hospital. Balas de borracha e gás pimenta, inclusive sobre jornalistas, tudo isto poucas semanas após a justificada indignação geral por um operador de câmara ter sido agredido.
Como se não bastasse o silêncio envergonhado e conivente de todos aqueles que, no meio desta trapalhada, ainda atiram para cima dos adeptos leoninos o ónus de tudo o que de mau aconteceu, cinco dos seis textos de opinião no Jornal Sporting - que cada vez tem menos de Jornal e de projeto jornalístico e cada vez tem mais de “o blog do Bernardo” (basta ler o “editorial”) – pura e simplesmente ignoram o tema. De notar, que apenas Tito Arantes Fontes fez referência e criticou as “bastonadas” e as “balas de borracha”. Todos os outros preferiram manter-se alheados da realidade, como se os nossos adeptos fossem carne para canhão.