
Um pedaço de ouro no caminho das pedras do Sporting
Se há coisa que a vida nos ensina é que o que parece certo, adquirido, rapidamente se transforma num cenário diametralmente oposto.
17 Jul 2020 | 09:41
“Eles” é a expressão perfeita de um Sporting derrotado, de um Sporting incapaz de se encontrar com o seu destino de ser campeão.
O título desta crónica, um simples “Eles”, pode parecer estranho ou, pelo menos, invulgar, à primeira vista. Mas vão ver que faz todo o sentido, porque um dos termos mais ouvidos nas conversas entre sportinguistas é mesmo este indefinido “Eles”.
Sou uma pessoa atenta ao universo sportinguista nas redes sociais. Sou amigo de centenas de sportinguistas, estou em vários grupos, de diferentes “sensibilidades” e acompanho várias páginas dedicadas à vida do Sporting. E, em todas elas, no discurso dos sportinguistas, “Eles” estão sempre presentes. Não falha.
E quem são “Eles”?
“Eles” são os “croquettes” e os “brunistas”. Os “golpistas” e os “leais”. Os “velhos” e os “novos”. Os da Central e os das Superiores. Os “sentados” e os das “claques”. Os dos “20 votos” e os do “Um sócio, um voto”. Os “Sócios” e os “meros adeptos”. Os que “vão a todo o lado” e os “de sofá”. Os “notáveis” e o “povo”. Os “pavões” e os “garnisés”. Os que “só querem tacho” e os “desinteressados”. Os “tios” e os “marginais”. Os “bem educados” e os “vale tudo”. Os “perseguidos” e os “perseguidores”. Os “sportingados” e a “escumalha”. Os “jogadores mimados” e os que “não suam a camisola”. Os “dirigentes incompetentes” e os “salvadores”. Os “associativos” e os da “SAD”. Os “treinadores incompetentes” e os “treinadores de bancada”…
Podia continuar sem fim, como todos sabem. No Sporting, “Eles” dá pano para mangas.
“Eles”, “eles” “eles”. Não há sportinguista que não esteja sempre a encher o seu discurso com “eles”.
“Eles” são o lado mau da história. “Eles” são os culpados de todos os males. “Eles” são aqueles a quem estamos sempre a tentar apontar o dedo, enquanto procuramos as razões da decadência do Sporting.
“Eles” são todos, mas nunca somos nós.
Aliás, muito dificilmente se encontra um sportinguista capaz de dizer “nós, sportinguistas” como denominador do grupo que a todos une.
Mais difícil ainda será encontrar algum sportinguista que diga “a culpa é nossa. De todos nós. Somos nós que escolhemos, somos nós que decidimos”.
“Eles” é a expressão perfeita de um Sporting derrotado, de um Sporting incapaz de se encontrar com o seu destino de ser campeão.
Não podemos estar sempre a olhar para trás, não podemos estar sempre a procurá-los. A “Eles”. Aos culpados.
O primeiro passo que temos de dar é usar muito mais o “nós”.
“Nós”, os sportinguistas, somos fortes. “Nós”, os sportinguistas, amamos o nosso clube, como mais ninguém é capaz de amar o seu clube. A nossa vocação, a nossa vontade, o nosso desejo, o nosso sonho, a nossa aspiração, a nossa exigência, é sermos campeões e vencedores. Todos os anos. Sempre. Ano, após ano, após ano.
Mas não somos campeões no futebol, que é a mola do clube, há muito tempo. Há 18 anos, mais exactamente. E, nos últimos 40 anos, vimos o Sporting ser campeão apenas quatro vezes.
Se não conquistarmos qualquer campeonato até 2023 (nas próximas três épocas), teremos de escrever, no final da época 2022/2023, que nos últimos 40 anos, ganhámos apenas dois campeonatos e, nos últimos 20, nenhum. Zero.
Não ganhamos, mas estamos cá.
Não são “eles”. Somos nós, os sportinguistas. Nós estamos cá.
Mas enquanto não deixarmos de estar sempre a falar d’ “Eles”, corremos o risco de isto continuar assim, sem conquistas.
Temos de falar de nós e em nós. “Eles”, quando falamos entre nós, têm de passar a ser apenas os nossos adversários, os nossos rivais, aqueles que, com muita batota à mistura, conseguiram afastar-nos de vários títulos que merecemos ganhar.
É contra estes “eles” que temos que nos unir. É deles a culpa.
Mas também é nossa. De todos nós, sportinguistas. Porque andamos mais preocupados em falar de “eles”, os nossos, os que são sportinguistas de coração como nós, os que não abandonaram e não abandonam o clube, apesar de todos os insucessos e desilusões, e a atacá-los, como se todos não desejássemos o mesmo.
Para mim, só há um tipo de alegados sportinguistas que não suporto, com quem não debato e que dispenso ter ao meu lado: aqueles que não desejam que o Sporting ganhe sempre, ganhe tudo, e seja feliz. Esses, para mim, nem sportinguistas são.
Todos os outros somos nós, somos Sporting, e nunca poderemos ser “eles”. Somos sportinguistas. Todos. Sportinguistas. Irmãos em torno do leão e da verde-e-branca. Nunca “eles”. Nós.
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