ESTRANHAS OPÇÕES

Os intérpretes são de qualidade, apenas há que tomar as decisões acertadas, caso contrário, passaremos a vida de calculadora na mão, a fazer contas que poderiam ser perfeitamente desnecessárias.

Portugal sofreu, ontem, uma dura derrota diante da poderosa Alemanha. O jogo começou, contudo, melhor para a nação valente, que conseguiu colocar-se cedo na frente do marcador, apesar da pressão alemã. O resto, foi o que vimos e que, infelizmente, não foi positivo para nós.

As ideias e o futebol da equipa orientada por Fernando Santos não colhem grandes defensores. Portugal tem, eventualmente, uma das melhores equipas da sua história em termos de individualidades. É por isso mesmo que, num meio-campo recheado de opções, é incompreensível esta opção do selecionador nacional em utilizar dois trincos e deixar de parte João Palhinha, que vem de uma temporada magnífica ao serviço do Sporting. Ontem ficou visível que os dois titulares não tinham capacidade para acompanhar a equipa. William, especialmente, deixava muito espaço para deambulações entre os jogadores alemães, permitindo que estes entrassem com perigo na nossa grande área, sempre com a mesma jogada. Temos tudo para jogar de forma mais aguerrida e assumida nestas partidas do Euro, mas parece que entramos para defender o nosso título com algum tipo de complexo de inferioridade. Portugal precisa, na minha opinião, de um meio-campo que conte com Palhinha e Renato Sanches, ambos jogadores em forma e que têm capacidade física para cobrir espaços e pressionar os adversários. Sanches tem, ainda, uma capacidade de carregar a bola que é importante para a nossa equipa, se de facto existir intenção de transportar o jogo para a frente.

A verdade é que, nas condições em que jogamos, acaba por existir uma tarefa muito ingrata para os jogadores da frente, que poucas vezes encontram uma equipa ligada e com capacidade de colocar a bola em zonas mais adiantadas do terreno.

Esta equipa merece ideias de jogo mais arrojadas. Os intérpretes são de qualidade, apenas há que tomar as decisões acertadas, caso contrário, passaremos a vida de calculadora na mão, a fazer contas que poderiam ser perfeitamente desnecessárias.