A Resenha da Vizinhança: O Dia em que o Leão Rugiu e o Vizinho Chorou
O moçambicano Geny voltou a lembrar-nos que um carrasco ganha hábitos – um golo aqui, um drible ali, e o Benfica a implorar por piedade
31 Ago 2020 | 09:32
0Independentemente do que se possa dizer, mantenho-me contra a venda da maioria da SAD, seja a que pretexto for, e contra a implementação do voto electrónico.
Enquanto escrevo estas curtas linhas, o Sporting CP venceu a Belenenses SAD (LER AQUI), num jogo amigável, após ter ganho, com maior dificuldade, ao Portimonense (LER AQUI) e, antes, se ter permitido perder contra a equipa B e o recém promovido SC Farense. Agosto termina, assim, com uma derrota insólita, outra muito pouco aceitável e duas vitórias pouco expressivas contra equipas mais fracas. Pese embora neste último jogo se começasse a vislumbrar maior entrosamento entre os jogadores que restam, a conclusão que se tem de tirar é que a equipa principal parece pior do que os miúdos que Amorim resolveu lançar, fora os 15 que foram enviados para a Academia. Não sou grande admiradora desta estranha estratégia negocial de se dizer aos próprios e ao mercado que não contamos com determinados jogadores. Por um lado, problemas de disciplina resolvem-se entre paredes e não nas páginas dos jornais. Por outro, tal como sucedeu com Bas Dost, independentemente do que possa ter feito Acuña, não é a promover ostensiva e publicamente o afastamento de profissionais que se conseguem melhores negócios. Mesmo com Jorge Mendes. Sobretudo, diria eu, com Jorge Mendes. Gerir um clube como o Sporting CP não é estar na cadeia de comandos do exército em que se castiga a falta de disciplina, ainda que a ordem seja absurda, até porque ao arrepio da prática anterior, independentemente dos resultados de tal castigo. É, acima de tudo, saber gerir um conjunto assinalável e, bastas vezes, contraditório de interesses, obtendo sempre o melhor resultado para o Clube. Mais não se exige. Menos não se pode aceitar.) Gabriel Garcia Marques, autor do romance que dá o título a este artigo, escreveu um dia que devemos deixar passar o tempo para ver o que ele traz. Contudo, um outro autor deixou claro que a história se repete sempre duas vezes, a primeira como farsa, a segunda como tragédia. Como já escrevi uma vez, não consigo alinhar no discurso de quem segmenta os sócios em duas intransponíveis barricadas, uma das quais fiel a Bruno de Carvalho e que se arroga ser a fiel guardiã do Clube e outra, constituída por todos os demais, ávida de alienar o Sporting Clube de Portugal a todo o custo, cujo único objectivo, segundo os primeiros, é prejudicá-lo. Independentemente do que se possa dizer, mantenho-me contra a venda da maioria da SAD, seja a que pretexto for, e contra a implementação do voto electrónico. Agora que se volta a falar das inúmeras vantagens de se alienar parte do capital da SAD, invocando-se também a necessidade de se encontrar uma equipa profissional para a última como forma de se justificar uma duplicação de rostos, parece-me a hora de voltar a dizer não. Por pior que possa parecer o actual regime e por mais críticas que possamos tecer a esta Direcção, ressalvado o devido respeito, não é, seguramente, com a alienação da SAD, feita a favor de um falso profeta qualquer (ou de um conjunto deles, ainda que não integralmente identificados ou identificáveis...) que venha prometer grandes êxitos e bolas nas balizas alheias, que a situação se invertirá. Que os casos do Belenenses e do Desportivo das Aves, ambos representativos do que de mal pode ocorrer com uns invocados investidores que, longe de salvarem um clube, o derrubam, sejam o que é preciso para que a história se não repita no nosso Clube. Da mesma forma, ao contrário do que a Direcção se tem esforçado por anunciar, o dito voto pela internet está muito longe de ser seguro e quem quiser saber realmente o que pode ser feito numa votação nestes termos basta ir além da espuma dos dias e analisar o que sucedeu nas eleições para a Ordem dos Advogados, em especial no Conselho Regional do Porto. Dito de outra forma, nem as muitas vezes invocadas (e, refira-se também, outras tantas contrariadas) dificuldades financeiras justificam a venda da SAD, nem uma – até agora - não procurada proximidade aos sócios pode ser fundamento para uma alteração aos Estatutos que não se preocupe como uma segunda volta mas seja lesta a instituir um procedimento de difícil controlo. Para os que não sabem, o sistema que está pensado vai buscar muita inspiração – vá lá saber-se porquê...- ao que foi usado nas eleições dos Advogados, sendo que, após o apuramento do acto eleitoral, quando um dos candidatos procurou impugnar as eleições, o que lhe foi transmitido foi que, caso não tivessem existido testes certificados antes da abertura, durante o horário de voto e imediatamente a seguir, o resultado era inconformável e impassível de ser auditado. Acresce que, conforme se veio a apurar posteriormente, esse sistema (que nem garantia que o votante fosse, de facto, o eleitor...) representou um aumento de custos financeiros nada despiciendo e que nos foi justificado com a necessidade de controlo que, depois, se veio a apurar ser totalmente inútil. Num clube onde há uns anos se fala em churrasquinhos, é o que se quer? Num clube que dispensa trabalhadores por alegadas faltas de dinheiro, que aliena jogadores pelo mesmo motivo, que não paga dívidas (como a de Amorim) pelo mesmo motivo, um encargo destes explica-se como? Em todo o caso, para memória futura: caso a dita alteração venha, de facto, a ver a luz do dia, então a empresa que audite não pode deixar de fazer os ditos testes nos momentos já referidos: antes, durante e imediatamente depois. Tudo o que não siga este figurino é um cheque em branco. Ainda que nos garantam que não. Que Varandas se coloque a si mesmo num labirinto é um problema dele. Que nos coloque a todos, com um sistema incontrolável e pago com o dinheiro dos sócios, passa a ser um assunto nosso.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.
A Resenha da Vizinhança: O Dia em que o Leão Rugiu e o Vizinho Chorou
O moçambicano Geny voltou a lembrar-nos que um carrasco ganha hábitos – um golo aqui, um drible ali, e o Benfica a implorar por piedade
Já que ninguém fala, falo eu
Quando é que isto vai mudar? Vi campeonatos a serem decididos com a mão, Taças da Liga, vi clubes a serem levados ao colo e pessoas a serem condenadas por corrupção em benefício de clubes... Só neste País!
Grandes, mas inevitáveis novidades…
Troca no comando técnico nesta fase iria seguramente desfocar a equipa e também aqui, no meu entender, os interesses do Clube estão a ser salvaguardados
A Resenha da Vizinhança: O Dia em que o Leão Rugiu e o Vizinho Chorou
O moçambicano Geny voltou a lembrar-nos que um carrasco ganha hábitos – um golo aqui, um drible ali, e o Benfica a implorar por piedade
30 Dez 2024 | 18:25
0Já que ninguém fala, falo eu
Quando é que isto vai mudar? Vi campeonatos a serem decididos com a mão, Taças da Liga, vi clubes a serem levados ao colo e pessoas a serem condenadas por corrupção em benefício de clubes... Só neste País!
20 Dez 2024 | 18:47
0Grandes, mas inevitáveis novidades…
Troca no comando técnico nesta fase iria seguramente desfocar a equipa e também aqui, no meu entender, os interesses do Clube estão a ser salvaguardados
02 Nov 2024 | 17:40
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