No dia de hoje, o Sporting SAD apresentará o relatório e contas referente a 2019-2020 à CMVM, sendo que estas linhas são prévias a tal. Contudo, independentemente do que venha a ser apresentado, existirá sempre uma contradição: se a SAD apresentar lucro, permanece por explicar a insistência em não pagar Rúben Amorim, incumprimento este que tem sido explicado com os efeitos da pandemia; se o Sporting SAD apresentar prejuízo, então a apregoada gestão não produziu os efeitos que foram prometidos. De todo o modo, competiria ao Sporting SAD pagar o que deve. Se não pelo facto de se dever honrar a palavra dada, então pelas consequências já conhecidas: aumento exponencial do valor e repercussões na imagem do Universo Sporting CP. Ver Salvador atacar o Sporting CP e ter razão é algo confrangedor. E, já agora, não apenas para acabar rapidamente como para não repetir.
À míngua de outras notícias, estas últimas duas semanas têm sido bastante interessantes quanto à forma como o futebol português funciona e, muito especial, no que se reporta aos tentáculos do SL Benfica.
Desde logo, se a história atinente ao Vitória FC, também conhecido como Vitória de Setúbal, trazida a público justamente pelo Leonino, já era incrível, a total falta de eco que a mesma mereceu nos outros órgãos de comunicação social fala por si. Pelos vistos, qualquer deslize no Sporting CP serve para fazer manchetes, mas o presidente do SL Benfica dedicar-se a ameaçar outros clubes para que prestassem falsas declarações não merece uma linha ou uma nota de rodapé.
Por outro lado, ninguém se questionou qual o verdadeiro motivo para que Luís Filipe Vieira se dedicasse pessoalmente a esta aparente generosidade, aceitando-se a tese de que queria salvar um clube histórico e que era tudo a bem do futebol português. Independentemente das reais motivações (e que, como é óbvio, devem estar bastante longe das parcas explicações avançadas), o que parece inquestionável é que o que se pediu foi que outros clubes cometessem um crime, a saber, o de falsas declarações para salvar um seu concorrente (e, já agora, porque não decidiu o presidente salvar o Desportivo das Aves, por exemplo?). Por seu turno, permanece por explicar porque é que o verdadeiro autor das alegações do recurso apresentado optou por não assinar o que terá escrito. Uma vez mais, a fazer fé no que se escreveu e coincidentemente, Paulo Gonçalves, agora apresentado como um agente independente do SL Benfica, também decidiu ajudar o Vitória de Setúbal e escreveu as alegações de recurso mas não as assinou para não “ferir susceptibilidades”, solicitando a uma outra advogada que o fizesse.
São coincidências a mais? Não. Existem outras. O nome de Paulo Gonçalves voltou a surgir, desta feita por ter intermediado jogadores para outro clube, o SC Farense, depois de o ter feito no ano anterior para o Desportivo das Aves, e ainda no que concerne à transferência de Darwin Núñez. Recorde-se que, de novo, Paulo Gonçalves, talvez imbuído do mesmo ataque de beneficência que manteve com o Setúbal, optou por uma presença anónima no negócio e só o veio explicar depois de ter sido denunciado.
Ora, o que se deve reter destes negócios são as entre-linhas. Se quanto ao Vitória FC, caso as démarches tivessem tido êxito, aquilo a que poderíamos assistir, para além da eterna gratidão, seriam transferências estranhas e grande empenho em bater os rivais, nos demais casos, talvez se deva seguir o rasto do dinheiro.
Entretanto, Rui Gomes da Silva e todos os demais candidatos à presidência da Luz vieram solicitar esclarecimentos e mostrar oposição a que os caminhos daquele clube se continuem a cruzar com os de Paulo Gonçalves. A pergunta que se tem que fazer parece-me outra: alguma vez deixaram de caminhar lado a lado?
Uma última nota: para os que acham que o que se passa no outro lado da segunda circular não deve merecer a atenção dos Sportinguistas, deixo uma pergunta. Seja lá qual for o desporto, quando uns jogadores fazem batota, os outros não são prejudicados?
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.
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