“QUEM SE APROVEITOU DO ATAQUE? QUEM GANHOU...”
Num dia em que falaram dois jogadores, a estrela foi o enfermeiro
Redação Leonino
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29 de Janeiro 2020, 19:32
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O dia 23 do julgamento de Alcochete ficou marcado por revelações de Carlos Mota, enfermeiro, quando todos esperavam pelas declarações dos antigos jogadores do Sporting CP, Cristian Piccini e Fábio Coentrão.

Carlos Mota falou em “pessoas com agendas próprias” e que se terão aproveitado de tudo o que se passou naquele dia 15 de maio de 2018, ao mesmo tempo que referiu haver “muita gente que queria mandar embora o Presidente”.

“Quando ouvi barulho fui para junto dos jogadores que são a causa da minha presença ali, para tentar apaziguar as coisas. Não fui à GNR logo nesse dia como todos os outros porque também tinha ido receber assistência hospitalar, depois a minha filha, que é advogada, perguntou-me porque não tinha ido e se não queria e lembro-me que fui prestar depoimento no dia em que Bruno de Carvalho foi detido. Foi uma coisa que durou uns três minutos, três minutos e meio. Vi um indivíduo a tentar bater no Misic. Entraram todos de seguida e foram-se distribuindo por todos os sítios. Não consigo dizer quantas pessoas entraram, para cima de dez de certeza. Eu estava a tentar defender os jogadores. Fiquei na zona dos cacifos, fiquei à esquerda como quem entra no balneário. Ficava ali o Misic… Penso que o Ristovski, o Bas Dost. Sei que eles iam focados em alguns jogadores mas ficavam fora do meu ângulo de visão, não consegui ver nenhuma lambada. Havia muito barulho, não me lembro do que diziam. Penso que abriram uma tocha, depois ouvi dizer duas. O Misic estava em pé no lugar dele, o indivíduo fez várias vezes o movimento com o cinto, não sei quantas vezes lhe tocou ou não, mas já não tinha fivela. Só o vi mesmo com o cinto na mão. É aí que sou agredido e tive de ir ao hospital. No final foram saindo todos em simultâneo. Descambou com o Bas Dost, descambou comigo, descambou com o fisioterapeuta [Ludovico Marques]… Depois ajudei a segurar a ferida do Bas Dost, disse que o segurava. A primeira vez que o vi estava ele sentado a chorar num espaço de banho, estava caído. Fui eu, o Ludovico e o Bas Dost mais tarde ao hospital. E sim, ouvi o alarme de incêndio, por causa do fumo”, disse.

Após descrever o ataque, Carlos Mota falou sobre Bruno de Carvalho e o que viu após o sucedido.

“Se vi Bruno de Carvalho cá fora? Sim, depois, quando chegou. Falei com ele, disse-lhe ‘Doutor, isto é uma vergonha’. Se ouvi os jogadores recusarem-se a falar com o presidente? Não mas ouvimos sempre umas coisas, sou o maior confidente dos jogadores… Concretamente não ouvi nada mas havia um sentimento de angústia. Fui educado a respeitar os meus chefes, para mim o patrão tem sempre razão naquilo que disse. Ele vinha com um semblante triste. Disse-lhe que aquilo tinha sido uma vergonha e ele respondeu ‘Oh Mota, tu também achas que fui eu que encomendei isto?’ e disse que não, que achava só que era uma vergonha”, disse.

Mas o ponto alto deste interrogatório deu-se depois, já perto do fim: “É muito triste que alguém se tenha aproveitado destas situações para denegrir e continuar a dar cabo do Sporting [ao que se seguiu uma conversa com a juíza].

– Refere-se a Bruno de Carvalho?
– Não, ele era presidente na altura e respeitava-o por isso.
– Então quem se aproveitou disso?
– Quem ganhou…
– Pode precisar quem ganhou?
– Ganhou quem tinha de ganhar…”.

Cristian Piccini e Fábio Coentrão também falaram hoje. Pode ler o que disseram os jogadores AQUI.

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