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Histórias do Leão
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No dia 4 de julho de 1907, foram inauguradas, no Sítio das Mouras - a primeira casa do Sporting, que foi substituída pelo Stadium de Lisboa posteriormente - as melhores instalações desportivas já vistas até à época, em Portugal. Além do campo de futebol, o espaço fornecido pelo Visconde de Alvalade passou a ter um amplo pavilhão, vestiários e armários pessoais, chuveiros e banhos de imersão, salão de jogos e estar, cozinha, duas quadras de ténis e uma pista de atletismo.
Todas estas instalações localizavam-se no n.º 73 da velha Alameda do Lumiar, em terrenos que foram disponibilizados pelo Visconde de Alvalade e tinham começado a ser utilizados logo em maio de 1906. Para além disso, o antigo Presidente dos leões ofereceu também um edifício para funcionar como sede, e 300 mil réis dos 550 gastos na construção do espaço.
Anteriormente a entrada nas instalações acontecia pelo portão do Visconde ou mesmo pela porta da escada da sua própria casa, que antes servia de sede. Antes desta reformulação, o espaço contava apensas com um campo de futebol, dois cortes de ténis, um vestiário e uma sala de jogos.
José Alvalade, principal fundador do Sporting e neto do Visconde, sempre fez questão de fazer melhorias nas instalações, até que no dia 20 de outubro de 1912 foram inauguradas instalações remodeladas por obras significativas. Desde esse momento, o recinto passou a ter uma tribuna, a primeira que se viu nos campos de futebol portugueses, com capacidade para cerca de 600 pessoas.
José Alvalade afastou-se do Sporting, após a polémica decisão de demolir a tribuna do Campo do Sítio das Mouras, com o intuito de reutilizar alguns materiais na construção do Stadium de Lisboa, outro projeto que o próprio ambicionava. Nesta altura, o principal fundador continuava a integrar a direção, mas já não era Presidente.
Foi este episódio que obrigou o Clube a partir para uma nova casa, o Stadium de Lisboa. Posteriormente, o Sítio das Mouras passou a ser conhecido como Campo da CUF, por ser utilizado pelo conjunto dos Unidos, que também ganharam outros nomes - CUF de Lisboa e Lumiar-A.
Durante muitos anos, o campo continuava a ser utilizado pelo Sporting para os jogos de futebol das camadas mais jovens. Para além disso, os verdes e brancos aproveitaram o campo para disputar outras modalidades como o velho andebol de 11, que mais tarde passou a ser jogado noutras condições, e râguebi.
Uma das maiores figuras de sempre do Mundo do futebol representou o Clube de Alvalade, pese embora a sua estadia tenha sido de curta duração
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Alfredo Di Stéfano, um dos melhores futebolistas de sempre, 'treinou' o Sporting, mas nem chegou a assinar contrato. O antigo futebolista, que faria 99 anos nesta sexta-feira se ainda fosse vivo, chegou aos leões no início de julho de 1974, com o intuito de assumir o comando técnico, mas a verdade é que não durou mais que duas semanas no cargo.
Em 1974, ano em que conheceu João Rocha, por intermédio de Yazalde, Di Stéfano estava sem emprego. Foi nesse momento que o antigo Presidente dos leões convidou o argentino para treinar o Sporting, que tinha acabado de conquistar a dobradinha na época anterior, tendo tido Mário Lino e Osvaldo Silva como técnicos.
O antigo craque aceitou, mas a verdade é que a sua passagem no comando técnico do Sporting não correu nada bem. O treinador não durou mais do que umas semanas no cargo, acabando por partir antes sequer assinar contrato e de a temporada começar de forma oficial, com João Rocha a dar um murro na mesa.
A pré-época foi desastrosa para os leões. A equipa, com Di Stéfano a comandar, só venceu uma das sete partidas e o ambiente era pesado. Na altura, os jogadores do Sporting acusaram o treinador de ser pouco democrático. Esta era, de resto, uma das exigências do plantel que viu a Revolução de Abril acontecer poucos meses antes em Portugal.
Perante tudo isto, João Rocha acabou mesmo por despedir Alfredo Di Stéfano. Dado que a lenda do Real Madrid ainda não tinha assinado contrato com o Sporting, e depois de uma derrota desapontante na estreia do Campeonato Nacional, diante do Olhanense, por 1-0, o antigo líder dos verdes e brancos acabou mesmo por despedir o argentino.
Apesar de Yazalde ainda ter vindo em defesa de Alfredo Di Stéfano, João Rocha já tinha tomado a decisão de despedir a lenda do futebol mundial, apelidando o mesmo de "turista mal-educado". Quem assumiu a liderança técnica da equipa após a saída do antigo futebolista do Real Madrid foi o velho conhecido Osvaldo Silva.
Quando voltou a Espanha, Alfredo Di Stéfano fez questão de acusar João Rocha - que recentemente foi ultrapassado por Frederico Varandas - de ter devaneios com o treinador e de tentar intrometer-se no seu trabalho. O argentino ainda referiu que precisava de mais tempo para dar a volta à situação, mas a verdade é que os resultados não jogaram a favor da lenda do Real Madrid.
Desportista do Clube de Alvalade esteve ao mais alto nível e conseguiu um marco importante na prova mais prestigiada do ciclismo do Mundo
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A 3 de julho de 1984, Paulo Ferreira venceu a quinta etapa da Volta a França em bicicleta, um feito único na história do Sporting. Na hora de festejar, o atleta verde e branco dedicou o seu triunfo na prova mais importante do ciclismo mundial ao histórico Joaquim Agostinho, que também se destacou em solo francês.
Paulo Ferreira, jovem ciclista da equipa do Sporting, protagonizou uma fuga improvável na etapa entre Béthune e Cergy-Pontoise. Aos 7 quilómetros de prova, o atleta lançou-se sozinho numa aventura complicada, mas sempre confiante das suas capacidades. Pouco depois, juntaram-se ao português os franceses Maurice Le Guilloux e Vincent Barteau, formando um trio surpreendentemente eficaz.
Os três homens colaboraram durante a prova de mais de 200 quilómetros. Sempre mantiveram um ritmo muito alto, conscientes de que o pelotão podia apanhá-los a qualquer momento. A meta aproximava-se e o grupo resistia, pedalando com esperança numa vitória que parecia algo impossível antes de tudo começar.
Já com a meta à vista, foi Paulo Ferreira quem fez valer o seu conhecido talento para os sprints. Com uma aceleração impressionante, o ciclista do Sporting deixou para trás os dois companheiros de fuga e cruzou a meta em primeiro lugar. A média da etapa aproximou-se dos impressionantes 43 quilómetros por hora.
Paulo Ferreira dedicou o triunfo ao seu companheiro Joaquim Agostinho, histórico atleta leonino falecido no ano anterior, dizendo tratar-se da melhor homenagem possível. A vitória foi também celebrada com emoção por muitos emigrantes portugueses que esperavam ansiosamente na linha de chegada. O ciclista do Sporting subiu ao terceiro lugar da classificação geral.
Contudo, a alegria durou pouco. Na décima etapa, Paulo Ferreira perdeu a posição para Laurent Fignon e, à décima oitava, já nos Alpes, foi eliminado ao chegar fora de controlo. Exausto, confessou que estava em esforço há dias, tendo feito tudo ao seu alcance para evitar desistir. O atleta leonino erminou a etapa completamente isolado, após longos quilómetros em sofrimento.
Mais tarde, quando regressou a Portugal, Paulo Ferreira dedicou-se à mecânica, sempre com saudade daquele dia em que fez história na Volta à França. A prova francesa também não esqueceu Joaquim Agostinho, homenageado em Crans-Montana com uma medalha entregue por Fignon ao dirigente Sportinguista Fiel Farinha. O Clube de Alvalade terminou a prova no último lugar coletivo, mas com dois homens entre os 100 primeiros.
Trio familiar que se transferiu para os verdes e brancos foi apresentado ao mesmo tempo e, desde esse momento, a história tem sido escrita
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No dia 2 de julho de 2021, o Sporting apresentou um trio que viria a tornar a equipa de andebol - que recebeu importante reforço - vitoriosa. Ricardo Costa, treinador português, foi anunciado ao lado dos seus filhos Francisco Costa e Martim Costa, como os grandes reforços do plantel da modalidade leonina, que rapidamente se tornaram fundamentais.
Ricardo Costa: "Estou convicto de que temos tudo para alcançar o sucesso"
Na ocasião, Ricardo Costa, proveniente do Avanca e com passagem pelo Porto, mostrou-se grato pela oportunidade de comandar os leões: “É uma honra ser treinador do Sporting. Quero agradecer aos diretores e ao Presidente Frederico Varandas a oportunidade, treinar este emblema é um momento alto na minha carreira. Estou convicto de que temos tudo para alcançar o sucesso e construir uma grande equipa”.
Para além disso, o técnico português ainda reforçou a ligação que queria ter com os Sportinguistas: "Todos os treinadores querem ter um andebol vistoso, mas acima de tudo gosto de ter uma relação forte com os adeptos. Depois de terem visto a equipa jogar, o objetivo é que saiam de coração cheio".
Kiko Costa: "É um sentimento de orgulho"
Francisco Costa, conhecido como 'Kiko', foi apresentado reforço dos leões com apenas 16 anos, numa altura que era considerado a grande promessa do andebol nacional e nas primeiras palavras com a camisola do Sporting não escondeu a emoção: "É um sentimento de orgulho, tenho trabalhado ao longo dos anos para jogar ao mais alto nível e sinto que o momento chegou. Juntamente com grandes jogadores, vou continuar a trabalhar para ser um dos melhores".
Martim Costa: "Foi uma boa oportunidade que surgiu e não podia desperdiçá-la"
O filho mais velho de Ricardo Costa, Martim Costa, que na altura tinha 18 anos e vinha de uma lesão grave, também foi apresentado pelos leões e não poupou nos elogios aos verdes e brancos: "É um sentimento muito bom. [O Sporting] Foi uma boa oportunidade que surgiu e não podia desperdiçá-la. É um grande Clube, uma referência no andebol português e europeu".
Importa lembrar que as contratações de Ricardo, Francisco e Martim Costa aconteceram depois do Porto ter vindo a Alvalade buscar Pedro Valdés, pagando a cláusula de rescisão do internacional colombiano. Na resposta, o Sporting, pela mão de Carlos Carneiro, contratou os manos Costa e juntou-lhes o pai. Os resultados falam por sim.
Desde que a família Costa chegou ao Sporting, o impacto tem sido notório. Em quatro anos, o trio já ajudou a equipa de andebol dos verdes e brancos a vencer dois campeonatos nacionais (2024 e 2025), quatro Taças de Portugal (2022, 2023, 2024 e 2025) e duas Supertaças (2023 e 2024).