Frederico Varandas deve estar finalmente a ver o muro contra o qual se está a dirigir a aproximar-se rapidamente e colocou um travão nas suas famosas investidas ao mercado.

Fechado que está o mercado já se pode fazer um balanço de como é que correu para os nossos lados e de que forma se vai refletir na sustentabilidade desportiva e financeira.

As transações dos passes de Matheus Pereira, Acuña e Wendel renderam qualquer coisa como 40 Milhões de euros, que como é prática habitual deste Conselho Diretivo, serão imediatamente descontados/antecipados para fazer face aos desequilíbrios financeiros que o Sporting tem, e que têm sido cavados por esta direção.

Já tinha escrito no fecho das contas da SAD que pode ver AQUI, que a 30 de junho de 2020 e para fazer face às necessidades da época de 2020/21 seriam necessários cerca de 75 Milhões de euros de transações de jogadores, a somar à transferência de Matheus que já estava prevista nas contas.

Ora, aqui chegados constatamos que apenas mais 30 Milhões foram realizados e que muito provavelmente de objetivos da venda de Bruno Fernandes poderão estar a chegar mais 5 Milhões. Por outro lado, a não qualificação para a Liga Europa e a consequente não realização de cerca de 10 Milhões de euros, faz com que todas as parcelas somadas e subtraídas, coloquem atualmente o défice de tesouraria para esta época em cerca de 50 Milhões de euros.

50 Milhões. Este é o valor que a SAD precisa de encaixar até final de janeiro de 2021 para conseguir satisfazer os compromissos assumidos. Dado o cenário desportivo, fora de Liga Europa, e com os custos operacionais elevadíssimos, com uma massa salarial prevista nos 60 Milhões – que será de certeza superada dada a incapacidade de colocar excedentários – e serviços externos nos 25 milhões, parece evidente, e não foi desmentido na AG da SAD, que o caminho que este Conselho Diretivo seguirá será um de dois possíveis:

1. Vender jogadores no mercado de inverno, ou
2. Antecipar pelo menos mais uma época de direitos televisivos

Frederico Varandas deve estar finalmente a ver o muro contra o qual se está a dirigir a aproximar-se rapidamente e colocou um travão nas suas famosas investidas ao mercado. Travou, mas não a fundo e ainda conseguiu acrescentar alguns jogadores, em posições que não estávamos assim tão carenciados, a um já de si demasiado longo plantel, tendo-se esquecido, no entanto, da posição de ponta de lança em que estamos mais necessitados, mantendo aqui, também, um desequilíbrio desportivo que nos irá custar caro contra equipas fechadas.

Desequilibradas têm sido algumas reações, muito emocionais, ao chumbo das Contas e do Orçamento do Clube em que, de repente uma série de pessoas acordaram para o facto de, imagine-se, serem os Sócios a votarem. O mais engraçado é que este chumbo foi no mesmo sistema e com os mesmos estatutos que no ano passado foram aprovados. Mas aí estava tudo bem.

A única diferença é que este ano não gostaram do resultado e logo aparece Henrique Monteiro com a populista proposta de “um senado como forma de aumentar a democracia” quando sabemos que o que ele pretende é precisamente o contrário, sacando de velhas fórmulas já utilizadas, como é esta espécie de Conselho Leonino com poderes alargados, que é de tão má memória. Lembremo-nos todos como foi feita a venda ao desbarato do património, num negócio de adjudicação direta, caucionado pelo Conselho Leonino com delegação de poderes da AG, em que muitos ganharam, mas nesta como noutras situações quando as coisas ficam desequilibradas, quem sai a perder é sempre o Sporting.