Esta é a hora de acreditar com força redobrada. De mostrar de que raça é feito um leão. De entrar em campo e ganhar.
Depois de três empates em quatro jogos, que se traduzem em seis pontos perdidos e um reduzir da vantagem pontual para o segundo classificado de 10 para quatro pontos, a nação leonina está menos sorridente, avolumam-se os medos e receios de “morrer na praia”, como tantas vezes já vimos acontecer.
Apesar de algumas exibições menos conseguidas, de alguns jogos em que o melhor que obtivemos foi o resultado, com algumas vitórias tangenciais alcançadas nos últimos minutos, íamos ganhando, andávamos alegres, porque de vitórias morais estão os sportinguistas fartos, nós queremos é ganhar.
Os jogadores, os técnicos, os dirigentes, todo o staff da equipa, também querem ganhar. Querem muito. Tanto quanto nós. Não mais do que a maioria de nós. Mas o mesmo que nós, aqueles de nós que querem mesmo muito, que sonham com o Sporting campeão. Eu sonho.
Este ano está próximo, mas já pareceu mais perto. Agora, o título de campeão ainda está aqui, mais ao nosso alcance do que de qualquer outro. Só depende de nós.
Desde o início do campeonato, enquanto as exigências não eram as mais elevadas, esta equipa tinha um enorme trunfo: jogava com alegria. Sim, o Sporting jogava de forma alegre, despreocupada, um futebol positivo, de busca da vitória, assente na posse e circulação de bola, na pressão imediata para recuperar a posse quando a equipa a perdia, numa enorme segurança defensiva e também numa elevadíssima eficácia atacante.
Mas, à medida que fomos jogando e somando pontos, à medida que fomos ganhando distância dos nossos principais adversários, o cheiro a campeão foi aumentando, a “miragem” foi ganhando contornos, o sonho começou a querer materializar-se.
O treinador, por muito que insista no discurso do “jogo a jogo”, não ficou imune a essa vertigem. Os jogadores também não. Os adeptos, menos ainda, tal é a nossa sede. É normal, é natural que assim seja.
Mas esse adensar da possibilidade de sermos campeões tornou também tudo muito mais difícil. A alegria deu lugar à responsabilidade que existe, e vai existir até ao final do campeonato, do medo de falhar. Do medo de não ter para oferecer a todos os sportinguistas senão uma enorme desilusão.
Eles sentem, eles veem, eles sabem: não ganhar será uma brutal desilusão para todos.
E isso tem retirado a muitos dos jogadores e ao próprio treinador a alegria com que jogaram a maioria dos jogos.
Não vou referir nomes, mas alguns jogadores têm sido, nos últimos jogos, uma sombra do que já mostraram saber fazer. E não é por terem desaprendido. É por serem vulneráveis à pressão. Por sentirem o peso da responsabilidade. Por transportarem com eles toda a nossa ansiedade.
Sejamos sinceros. Por um lado, no início da época, nenhum de nós apostaria que, a seis jornadas do fim, o Sporting seguisse líder isolado, com mais quatro pontos que o segundo. Por outro lado, à jornada 24, faltando apenas 10 jornadas para o final do campeonato, com 10 pontos de avanço, quase todos começámos a acreditar que só uma tragédia nos tiraria este campeonato.
Não houve tragédia nenhuma. A equipa continua a depender de si própria. Mas, se quer ganhar, os jogadores têm de recuperar a alegria de jogar, a alegria de estar em campo, com a honra de poder representar este enorme e estupendo clube.
Esta não é a hora dos fatalismos, de encolher os ombros ao fado, de aceitar que é mesmo assim.
Esta é a hora de acreditar com força redobrada. De mostrar de que raça é feito um leão. De entrar em campo e ganhar.
Esta é a hora do Sporting campeão.
Esta é a hora de trazer de volta a alegria de sermos Sporting.