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TÍTULO (?)
Será que vamos perdoar mais um ano sem títulos desportivos? No nosso Clube já estamos habituados a perdoar tudo, ou melhor, quase tudo… E a título de quê?...
Imagem de destaque31 Ago 2023, 18:07

O título? Bem, vamos ver se vai ser possível. Com algum talento, alguma imaginação e algum trabalho, de quem anda com gosto nestes meios e tem estes compromissos, talvez se consiga. Com esforço e empenhamento, talvez.

Desde há pouco mais de quinze dias temos uma nova época em marcha. Esperanças renovadas, expectativas criadas, entusiasmos e dedicação, todos nós aqui nos apresentamos para ajudar e acreditar. A equipa principal do nosso futebol profissional perdeu “mais-valias”, é sabido, mas tentámos ganhar, nos reforços entretanto contratados, outros valores em quem acreditamos e que queremos preparar, com devoção, para um campeonato que, quer-me parecer, será bem mais difícil e duro do que o anterior. E os nossos objetivos, os de sempre, resumem-se a somar vitórias, TODAS, se possível, para conquistarmos os troféus e a glória a que o nosso historial nos habituou desde 1906. Resumindo, hoje e sempre Sporting com esforço, dedicação, devoção e glória.

As pré-épocas começam a ser quase tão interessantes como o próprio campeonato, passe o exagero. A comunicação social ajuda à festa. Logo após o fecho da época, e porque têm de continuar a vender e a garantir os shares das televisões, somos bombardeados com notícias, movimento das transferências, interesses dos clubes por este ou aquele jogador, dispensas, empréstimos, etc, etc. Umas verdadeiras, outras nem por isso, e passamos o tempo nisto até que começam, findas as férias dos atletas, os primeiros jogos de preparação do campeonato que se segue. E a tudo isto se chama a “pré-época”. Os clubes, uns mais do que os outros, conforme as suas disponibilidades financeiras ou os seus créditos entre eles e os inevitáveis e disfarçados Fundos, lá vão arrumando a casa e os seus cofres.

No que nos diz respeito, e até ao momento em que escrevo este artigo, dia 29 do mês em curso, já com o campeonato a decorrer há três jornadas, faltando ainda 48 horas para o fecho do mercado de transferências, o que constitui, na minha opinião e na opinião de tantos, uma aberração no futebol profissional, ocorre-me comentar o seguinte:

– fizemos oito jogos e contabilizámos 5 vitórias, 2 empates e 1 derrota. De salientar que vencemos o 4º (Real Sociedade) e o 5º (Villareal) classificados da Liga espanhola, mas perdemos, num jogo pouco conseguido, com o 17º clube (em 20) da 1ª Liga Inglesa, o Everton, no seu estádio, o Goodison Park. Jogos diferentes, naturalmente, com equipas diferentes, ensaiando novas táticas e novos intérpretes. Neste aspeto a pré-época foi positiva;

– de destacar as novas contratações, Gÿokeres e Hjulmand; o caso do sueco, a sua presença e a sua determinante influência na equipa já demonstradas, além de ter trazido uma perigosa euforia aos sócios, só veio dar razão aos que, como eu, e muitos mais foram, logo no início do campeonato da época finda, reclamavam, contra a teimosia de Rúben Amorim, a contratação de um verdadeiro ponta de lança. Quero crer que se tivéssemos adquirido no mercado de janeiro, um ponta de lança, este ou outro com as mesmas características, estaríamos, neste momento, a disputar os jogos de acesso à Liga dos Campeões. Foi uma pena e, por vezes, as oportunidades quando mal geridas e se perdem pagam-se a um preço muito alto. Foi o caso na época finda. Não quero mais chover no molhado; está feito, está feito. Quanto ao dinamarquês, cuja contratação demorou igualmente eternidades fazendo-nos sofrer a todos angustiosas expectativas (vem? não vem?), parece ser igualmente uma aquisição feliz e necessária. O tempo dirá o que na realidade valem e que mais valias terão aportado à nossa equipa. Espero que ambos justifiquem os valores envolvidos, 38 milhões de euros, não contabilizando aqui os valores extras por objetivos nem os montantes salariais de cada um; nos últimos dias da janela de transferências ainda conseguimos trazer o lateral direito do Vallodolid, Iván Fresneda de seu nome, por 9+2 M€ e por 5 anos de verde e branco. Com as referências que ouvi dos “experts” da nossa praça, quero crer que foi outra excelente contratação. Mais uma vez dou a palavra ao “tempo”;

– a renovação dos contratos de Pedro Gonçalves e Nuno Santos, realizadas no passado dia 16 de agosto, e de Gonçalo Inácio no dia seguinte, funcionam, sem dúvida, como três excelentes aquisições para o nosso plantel e que temos de aplaudir;

– entre as últimas vendas merecem-me destaque a de Chermiti que foi para o Everton por 12,5 M€ mais 3 por objetivos o que, se nos lembrarmos da sua cláusula de 80M€, da sua idade e da sua reconhecida margem de progressão, não me parece ter sido um bom negócio. A menos que esse valor se tenha tornado imprescindível para a aquisição de um “6” e de um lateral direito, peças fundamentais e indispensáveis para equilibrar o plantel e a equipa, precavendo outro desastre desportivo semelhante ao da época passada.  Outras vendas, empréstimos e dispensas parecem-me ter sido justificadas para dar jogos aos mais jovens e para aliviar a enorme carga de salários que representavam; já a transferência de Ugarte era inevitável e, na minha opinião, foi bem concluída; temo, no entanto, os casos de Edwards e de Inácio, cuja venda traria algum desequilíbrio à equipa;

– na 1ª Liga já jogámos, na jornada inaugural, com o Vizela em casa, num jogo que vencemos por 3/2 com o golo de desempate marcado aos 99 minutos por Paulinho. A 1ª parte parecia-nos a todos que estávamos perante uma equipa que podia vir a ser campeã ou, pelo menos, lutar por isso, taco a taco, até ao fim; já a 2ª parte revelou-se uma equipa destinada, mais uma vez, ao fatídico 4º lugar da tabela. O tal Sporting bipolar que já se vai tornando uma sina. Na 2ª jornada, conseguimos os 3 pontos (felizmente), frente ao Casa Pia, mas à custa de um tremendo erro do VAR que validou o nosso primeiro golo em fora de jogo, o 1º dos 2 que Paulinho marcou. Jogo de confirmação de Gyökeres e de estreia de Hjulmand. Na jornada seguinte, a 3ª, frente ao Famalicão em Alvalade, mais um jogo muito complicado e Paulinho (grande início do campeonato), mais uma vez a resolver o sufoco dos 40.000 presentes (aplausos) em Alvalade e de todos os outros que, em frente ao seu televisor, roem as unhas que têm de roer e sofrem o que têm de sofrer. Espero bem que em Braga somemos mais uma vitória, num jogo que não será difícil, será dificílimo. Mas, penso que temos equipa para vencer.

A talho de foice, e analisando o calendário, atrevo-me a dizer que, se o Sporting aspira a ser campeão não pode, nas 11 primeiras jornadas, isto é, no 1º terço do campeonato, perder mais do que 2 a 5 pontos. Isto é, tem de fazer, pelo menos, 28 pontos. Tudo o que for algo diferente disto, compromete desde cedo as suas aspirações. Sabemos que os inícios das épocas são determinantes para todo o resto do campeonato. Se conseguirmos isso, e espero bem que sim, acredito numa boa campanha para o nosso clube.

Todas estas considerações, nunca é demais repetir, são da minha inteira e única responsabilidade e, não tendo eu, neste momento, informação privilegiada, direta ou por interpostas pessoas, são fruto do que vejo nas transmissões dos jogos, do que ouço de alguns (poucos) programas de informação futebolística e do que vou lendo nas capas dos jornais desportivos. Alguns poderão não estar de acordo com as minhas opiniões; é um direito que lhes assiste. O que me parecer bem decidido colherá o meu aplauso; o que me parecer menos bem resolvido terá a minha crítica sempre com a educação que me semearam no berço, já lá vão mais de 8 décadas.    Os títulos decidem-se ou no início, ou a meio ou no fim. Neste caso, e chegados ao fim deste artigo, não consegui imaginar um título capaz para encabeçar este texto. Assim sendo, e nesta evidente e infeliz incapacidade, lá terei de me decidir pelo que, a título meramente provisório, utilizei no início do mesmo. Que me perdoem os meus eventuais leitores. A falta de título não impede nem prejudica a vossa leitura.

PS – A propósito. Será que vamos perdoar mais um ano sem títulos desportivos? No nosso Clube já estamos habituados a perdoar tudo, ou melhor, quase tudo… E a título de quê?…

Saudações Leoninas,

João Trindade – Sócio n.º 232 do Sporting Clube de Portugal

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