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Histórias do Leão
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Aurélio Pereira faleceu, nesta terça-feira, aos 77 anos. O Senhor Formação do Sporting foi o responsável pela descoberta de Cristiano Ronaldo, mas a importância do antigo responsável do Clube de Alvalade vai muito para lá do capitão Seleção Nacional, com outros vários talentos a serem descobertos por si, nomeadamente Luís Figo, Paulo Futre ou Nani.
“De Paulo Futre, a Luís Figo ou a Cristiano Ronaldo, mas também a talentos mais recentes, Aurélio Pereira é o grande responsável pela carreira de várias das figuras do futebol nacional nos últimos 40 anos. Será para sempre recordado como um dos maiores nomes da história do futebol nacional e, acima de tudo, da história do Sporting Clube de Portugal”, recordou o Clube de Alvalade, em comunicado sobre a partida de Aurélio Pereira.
No que aos grandes talentos descobertos por Aurélio Pereira diz respeito, Cristiano Ronaldo foi um dos primeiros a reagir: “Um dos grandes símbolos da formação mundial deixou-nos, mas o seu legado viverá para sempre. Nunca deixarei de estar grato por tudo o que fez por mim e por tantos outros jogadores. Até sempre, Senhor Aurélio, obrigado por tudo. Descanse em paz”.
Aurélio Pereira começou o seu percurso no desporto rei no Futebol Benfica, isto depois de ter feito formação enquanto jogador no Sporting. No regresso aos leões, o Senhor Formação montou uma verdadeira máquina de deteção de talentos, que permitiu ao Clube de Alvalade descobrir nomes como Cristiano Ronaldo, Paulo Futre, Luís Figo, Nani, entre muitos outros.
A chegada do capitão da Seleção Nacional ao Sporting é uma verdadeira telenovela e tudo teve origem numa dívida dos madeirenses ao Clube de Alvalade. Nesse seguimento, Aurélio Pereira foi avisado para um tremendo talento que estava a dar nas vistas na formação dos alvinegros.
“Confirmei tudo o que me tinham dito: desenvoltura fantástica, velocidade de execução, jogo aéreo, pé direito, pé esquerdo. Tive a sensação de que estavam todos rendidos ao miúdo, que chegou ao Sporting como um ovni. Era um fenómeno. Chamava-se Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro e tinha, todo ele, o futebol de rua nos seus movimentos”, lembrou o saudoso Aurélio Pereira sobre Cristiano Ronaldo.
Curiosamente, dado o talento do jovem, a dívida que o Nacional tinha ao Sporting acabou por render mais de 100 mil euros aos madeirenses, com Cristiano Ronaldo a rumar bastante jovem, sem os pais, para Lisboa, onde viria, uns anos depois, a mudar-se de armas e bagagens para Manchester.
Para se ter uma ideia da importância de Aurélio Pereira para o Sporting e para o desporto português, basta olhar para a Seleção Portuguesa que conquistou o Campeonato da Europa de 2016, onde estavam 10 talentos descobertos pelo Senhor Formação: William Carvalho, João Mário, Ricardo Quaresma, Cristiano Ronaldo, Rui Patrício, José Fonte, João Moutinho, Adrien Silva, Cédric Soares e Luís Nani.
Conheça toda a história de vida de um dos grandes impulsionadores da fundação do Clube de Alvalade, sendo familiar do primeiro Presidente dos verdes e brancos
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Alfredo Augusto das Neves Holtreman nasceu a 6 de abril de 1837, em Santarém. Em 1859, casou com D. Julieta Natalina Luiza Guerin, de quem teve apenas uma filha. No ano de 1859, casou com D. Julieta Natalina Luiza Guerin, de quem teve apenas uma filha, Josefina, a mãe de José Alfredo Holtreman Roquette, que morreu muito precocemente.
Alfredo Holtreman formou-se na Faculdade de Direito, em Coimbra, tornando-se num dos mais prestigiados advogados do país ao serviço da Casa Real, de tal forma que a 22 de Julho de 1898 foi agraciado pelo Rei D. Carlos I com o título de 1.º Visconde de Alvalade. Esta agraciação é prova de que o seu trabalho na área da advocacia merecia o respeito da alta sociedade.
Em 1859, casou-se com D. Julieta Natalina Luiza Guerin, de quem teve apenas uma filha, Josefina, a mãe de José Alfredo Holtreman Roquette (mais conhecido por José Alvalade) e que dá nome ao estádio do Sporting. O seu neto viria a ser o grande impulsionador da fundação do Sporting. Foi graças ao dinheiro que pediu emprestado a este avó que o Visconde de Alvalade consegiu formar a estrutura do emblema verde e branco.
Alfredo Holtreman não hesitou e adiantou 200 mil reis ao neto e ainda disponibilizou terrenos da sua quinta para a construção das instalações desportivas e sociais do Clube verde e branco, que ficaram para sempre conhecidas como o Sítio das Mouras.
Devido a este gesto nobre, ficou imediatamente declarado como sendo Sócio protetor e foi eleito o 1.º Presidente do Sporting, funções que viria a cessar a 4 de Janeiro de 1910, passando então a presidir à Assembleia Geral até ao dia de 28 de Julho de 1917.
Em 1907, entrou ainda mais para a história do emblema verde e branco, ao redigir os primeiros Estatutos do Sporting, tendo sido por isso declarado Sócio Benemérito do Clube, em 1910, e Sócio de Honra, em 1912. Todas estas menções devem-se ao papel fulcral que teve na fundação do emblema verde e branco.
Em 2017, durante a Presidência de Bruno de Carvalho, foi distinguido com o Prémio Honorius Sporting, com a categoria de Classe de honra, como manifesto de gratidão de toda a família Sportinguista, pelo serviço mostrado aquando da fundação do emblema verde e branco.
Alfredo Augusto das Neves Holtreman morreu no dia 7 de junho de 1920, quase 14 anos depois da fundação do Sporting, a 1 de julho de 1906, e pode assistir ainda em vida aos primeiros passos do Clube, podendo comprovar que os 200 mil reis que emprestou ao neto estão a ter um ótimo retorno.
Guardião titular do Clube de Alvalade conquistou o lugar na equipa das quinas e relegou o titular habitual para a condição de suplente
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A 6 de abril de 1969, Vítor Damas fez a sua estreia pela seleção nacional, num jogo frente ao México, no Estádio Nacional do Jamor. O encontro, de cariz amigável, terminou empatado sem golos, com o guardião luso que pertencia ao Sporting a manter intactas as redes da baliza.
Damas, para jogar de início, relegou para o banco de suplentes Américo, titular do Porto, e mais tarde foi alternando com José Henrique, atleta do Benfica. Foi, no entanto, a escolha do selecionador José Maria Antunes para a participação de Portugal para o Mundial, disputado nesse mesmo ano.
Nessa prova, a equipa das quinas fez apenas os seis jogos da fase de grupos, não tendo ido além de uma vitória (3-0 contra a Roménia), três derrotas (4-2 com a Grécia, 2-0 com a Suíça e 1-0 com a Roménia) e dois empates (2-2 com a Grécia e 1-1 com a Suíça).
Depois da participação no Mundial, Vítor Damas - que jogou pela primeira vez no Sporting em fevereiro de 1967 - só voltou a defender Portugal num único encontro, diante da Inglaterra, com vitória desta última equipa por 1-0, tendo o único golo do encontro sido apontado por Jack Charlton, ao minuto 24.
Pelo Sporting, Vítor Damas jogou, primeiro, durante 15 épocas seguidas, tendo regressado a Alvalade em 1984, para mais cinco épocas de leão ao peito. Ao todo, defendeu as redes do leão por 444 ocasiões, sendo recordado como um dos maiores guarda-redes que passou pelo Clube.
Antigo jogador e treinador do emblema verde e branco vestiu a camisola verde e branca pela primeira vez há meio século, frente à Académica de Coimbra
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No onze leonino alinharam: Vítor Damas, Tomé, Vitorino Bastos, Carlos Alhinho, Carlos Pereira, Fraguito, Vagner, Nelson Fernandes, Marinho, Yazalde, e Dinis, com Augusto Inácio a entrar ao minuto 87. Yazalde viria a ser a figura da partida.
Já do lado da Académica alinharam Hélder Catalão, Alexandre Alhinho, Armando Araújo, Brasfemes, José Freixo, Mário Campos, Vasco Gervásio, Gregório Freixo, Vítor Manuel, Fernando Freitas, Manuel António. A equipa da Briosa foi incapaz de deter o poderio leonino, que seguiu em frente na prova rainha.
O Sporting ganhou por 4-1, mas só na temporada seguinte é que Augusto Inácio conquistou um lugar na equipa como lateral-direito, função que desempenhou durante duas épocas. Já tinha atuado na temporada anterior, frente ao Benfica, em partida da Taça de Honra de Lisboa, embora os verdes e brancos tenham utilizado a sua equipa de reservas.
Na temporada de 1977/78, após a chegada de Artur, Inácio fixou-se no lado esquerdo da defesa, roubando o lugar ao brasileiro Da Costa, numa altura em que os Sportinguistas ainda não tinham esquecido Hilário, o jogador com mais encontros realizados pela Listada verde e branca. Augusto Inácio tinha finalmente conseguido a sua afirmação.
Após a conquista da "dobradinha" da temporada de 1981/82 e num momento de tensão entre o Sporting e o Porto, transferiu-se para os azuis e brancos, juntamente com Eurico, e foi ao serviço dos dragões que viveu um bom período como jogador, fazendo parte duma equipa que ganhou vários títulos nacionais, para além da Taça dos Campeões Europeus e da Taça Intercontinental de 1987 e da Supertaça Europeia de 1988.
Augusto Inácio deixou ainda maior impacto no Sporting como treinador, tendo recolocado os verdes e brancos na rota dos títulos, decorria o ano 2000. Os leões já não faziam a festa precisamente desde o ano que o antigo jogador do Porto abandonou Alvalade rumo ao Norte do país.