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Competições
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Numa noite que ficaria gravada na memória leonina, o Sporting escreveu um dos seus primeiros grandes capítulos internacionais ao conquistar pela primeira vez, no dia 29 de junho de 1961, o prestigiado Troféu Teresa Herrera, considerado à época o mais importante torneio particular do futebol europeu. A vitória foi alcançada frente ao poderoso Stade de Reims, uma equipa francesa de renome, que já contava no seu currículo com finais europeias e uma reputação sólida no continente.
O palco foi o Estádio Riazor, na Corunha, em Espanha, e a orquestra verde e branca foi conduzida pelo brasileiro Otto Glória, um dos treinadores mais influentes da história do futebol português. O onze titular leonino foi composto por Carvalho; Lino, Morato (Mendes), Hilário; Ferreira Pinto, Lúcio; Hugo, Fernando, Diego, Faustino (Géo) e Seminário.
Logo desde o apito inicial, o Sporting revelou intenções claras de assumir o jogo. A velocidade e intensidade dos primeiros minutos deixaram marca e, aos 7', surgiu o primeiro golo. Após um toque subtil de Faustino num livre à entrada da área, Lúcio disparou um remate rasteiro, colocado junto ao poste direito, batendo o guarda-redes francês Jacquet.
Mal o público se recompunha do primeiro golo, o segundo surgiu de forma ainda mais espetacular. Aos 10 minutos, Hugo ultrapassou o seu marcador direto, Hiegel, e, quase sem ângulo, rematou cruzado com força e efeito, vendo a bola embater na trave antes de entrar.
O domínio Sportinguista na primeira parte foi coroado com mais um golo aos 38 minutos. Em mais um livre junto à linha de fundo, Faustino cruzou com precisão e Seminário surgiu com enorme impulsão para cabecear com violência para o fundo das redes. O intervalo chegava com um expressivo 3-0 favorável aos leões, justo reflexo da sua eficácia e do engenho coletivo, mesmo que os franceses tenham tido alguma superioridade territorial.
Mas o Stade Reims não era adversário para ser subestimado. Na segunda parte, os franceses reagiram com determinação e, num curto espaço de tempo, reabriram o jogo. Piantoni, aos 59 minutos, aproveitou um ressalto dentro da área para reduzir. Três minutos depois, Moreau finalizou uma jogada bem construída pela direita e fez o 3-2, lançando incerteza sobre o desfecho do encontro.
A equipa portuguesa, que entrou algo relaxada no segundo tempo, sentiu o perigo e rapidamente ajustou a postura. A partir daí, o jogo tornou-se um combate de nervos. O Sporting teve de abandonar a exuberância da primeira parte e vestir o fato de macaco. Lutou com bravura, defendeu com garra e soube sofrer para segurar a vantagem. No final, o triunfo foi festejado com entusiasmo. A conquista da 16.ª edição do Troféu Teresa Herrera não só deu prestígio ao Sporting, como também reforçou a projeção internacional do futebol português, um ano antes de mais uma conquista do Campeonato Nacional.
Equipa verde e branca celebrou a enorme conquista numa final a duas mãos após percurso exímio que continuará a ser lembrado por muitos anos
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Depois de levantar a Taça dos Campeões Europeus em 1977, conquistar a Taça das Taças em 1981 e celebrar a Taça CERS em 1984, a equipa de Hóquei em Patins do Sporting regressava às competições europeias em 1984/85 com fome de mais e acabou a celebrar, uma vez mais, um título europeu.
À frente da equipa verde e branco encontrava-se o treinador Luiz Barata, liderando um grupo talentoso composto por Ramalhete José Rosado, José Carlos, Pedro Trindade, Campelo, Sérgio Nunes (Serginho), Camané, Vítor Oliveira e Carlos Serra.
A caminhada na Taça das Taças começou com uma eliminatória aparentemente fácil frente ao La Vendéenne, de França e o que parecia simples confirmou-se: uma autêntica avalanche ofensiva caiu sobre os franceses. Em solo gaulês, o Sporting aplicou uma vitória histórica por 21-6, que seria reforçada com um 19-3 em Alvalade. Com um agregado de 40-9, os leões carimbaram com autoridade a passagem às meias-finais.
Na penúltima etapa do caminho europeu, o Sporting esperava o Corunha, uma equipa espanhola aguerrida e tecnicamente apurada. Os leões sabiam que jogar fora seria complicado, pelo que trataram de garantir em casa a vantagem necessária. Numa exibição vibrante em Alvalade, a equipa verde e branca venceu por 8-5, graças a uma exibição coletiva de grande intensidade.
Na Galiza, sob um ambiente hostil e perante um adversário que procurava a reviravolta, o Sporting mostrou maturidade e gestão emocional. Apesar da derrota por 4-3, a vantagem da primeira mão foi suficiente para colocar os leões na grande final da Taça das Taças.
Do outro lado da final surgia um nome inesperado: o Walsum, da Alemanha, que tinha eliminado o histórico Réus Deportiu, uma das maiores potências espanholas. A final seria disputada a duas mãos, com a primeira partida a decorrer em território alemão.
O empate a uma bola (1-1) na primeira mão deixou tudo em aberto para a decisão em Lisboa, marcada para o dia 29 de junho de 1985, no lendário Pavilhão de Alvalade. Na segunda mão, o ambiente era eletrizante. O pavilhão estava a transbordar e um mar de Sportinguismo empurrava a equipa, apesar do calor sufocante. O Walsum surpreendeu ao inaugurar o marcador, mas a reação leonina foi demolidora. Sob o comando de um inspirado Pedro Trindade e com a veia goleadora de Serginho a emergir, o Sporting virou o resultado ainda na primeira parte para 3-1.
Na etapa complementar, com Ramalhete a brilhar entre os postes e a solidez coletiva a imperar, o Sporting aguentou a pressão e impôs o seu jogo. O Walsum nunca desistiu, mas não teve forças para contrariar o talento leonino. O resultado final (8-4) coroou uma vitória justa e o Sporting conquistava assim, pela segunda vez, a Taça das Taças, somando mais uma página dourada ao seu vasto palmarés europeu.
Prova rainha segue direitinha para o museu verde e branco, isto depois de uma meia-final disputada com o Benfica e de mais uma final de grande nível
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Após ter conquistado o Campeonato Nacional sob a liderança de Juca, o Sporting iniciou a temporada 1962/63 com ambições renovadas. No entanto, depressa ficou claro que os ventos tinham mudado. Como previra o lendário técnico Bella Guttmann, a famosa “maldição das cadeiras” instalou-se em Alvalade: a instabilidade e a falta de continuidade no sucesso cedo afastaram os leões das principais frentes e a esperança restava na Taça de Portugal, troféu que os leões viriam mesmo a vencer, diante do Vitória de Guimarães (4-0).
O sorteio das meias-finais da Taça ditou um duelo escaldante entre Sporting e Benfica, disputado a duas mãos. O primeiro embate, realizado em Alvalade, terminou com nova vitória encarnada, a terceira da temporada sobre o eterno rival, deixando a eliminatória inclinada a favor das águias.
Poucos acreditavam na reviravolta, mas no Estádio da Luz, o Sporting calou os descrentes com uma exibição firme e determinada. Um 2-0 impôs-se no marcador, com dois golos de Figueiredo, que nessa tarde ganharia um novo cognome entre os adeptos: o 'Altafini de Cernache', numa analogia ao avançado italiano que tinha acabado de decidir a final europeia contra o próprio Benfica, ao serviço do Milan.
No dia 30 de junho de 1963, o Estádio Nacional foi palco da final entre o Sporting e o Vitória de Guimarães. Os leões apresentaram um onze competitivo: Carvalho na baliza; Pedro Gomes, Lúcio e Hilário na defesa; Pérides e David Júlio no meio-campo; e uma linha ofensiva composta por Osvaldo Silva, Figueiredo, Mascarenhas, Géo e João Morais. Duas ausências de peso marcaram o jogo: Fernando Mendes e Mário Lino, ambos suspensos pela Direção do Clube, na sequência de atuações menos conseguidas no campeonato.
O Sporting, para este derradeiro duelo, soube impor-se. O primeiro golo surgiu na sequência de um remate à barra de Osvaldo Silva, que ele próprio emendou na recarga. A esperança vimaranense ainda se aguentou até aos 70 minutos, momento em que Figueiredo assinou o 2-0, após mais um passe decisivo de Osvaldo.
A partir daí, o domínio leonino foi total. Aos 73 minutos, Lúcio, com um potente remate de livre direto, fez o terceiro. E já perto do final, aos 87', Mascarenhas encerrou as contas com um golo que coroou uma bela jogada individual. 4-0, o resultado mais desnivelado numa final da Taça em várias épocas, que não deixou margem para dúvidas.
Mascarenhas, o autor do último golo, terminou a edição da Taça de Portugal como melhor marcador, com impressionantes 17 remates certeiros. No final do jogo, protagonizou um episódio curioso: envolveu-se numa pequena disputa com Daniel, jogador do Vitória, que reivindicava a posse da bola do jogo. O árbitro Clemente Rodrigues, da AF Porto, interveio e resolveu o impasse, atribuindo a bola ao Sporting. “A bola é do vencedor”, decidiu.
Plantel verde e branco desiludiu os adeptos ao dar como garantido jogo contra adversário tendencialmente mais fraco que, ainda assim, surpreendeu em campo
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A 30 de junho de 1928, o Campo da Palhavã, em Lisboa, recebeu a final do Campeonato de Portugal, aquela que era, à época, a mais prestigiada prova do futebol nacional, correspondente à atual Taça de Portugal. O embate pôs frente a frente Sporting - que na época seguinte saiu por cima num Clássico importante diante do Porto - favorito indiscutível à conquista do título, ao modesto, mas ambicioso , Carcavelinhos Futebol Clube, equipa oriunda do bairro lisboeta de Alcântara que acabaria por vencer por 3-1.
A partida foi antecipada para sábado, pois o Sporting partia no dia seguinte rumo ao Brasil para uma digressão. Este detalhe logístico, aparentemente trivial, acabou por influenciar profundamente o desfecho do encontro. O ambiente no seio leonino transpirava confiança - ou, talvez, excesso dela - e o jogo era visto como mera formalidade antes da viagem internacional. Afinal, a época Sportinguista tinha sido brilhante e poucos levavam a sério a ameaça do Carcavelinhos, mesmo após este ter eliminado o Benfica com um contundente 3-0 nas meias-finais.
O Sporting até entrou melhor no encontro, impulsionado pelo vento favorável. José Manuel Martins quase inaugurou o marcador num dos seus típicos lances velozes, enquanto Abrantes Mendes, isolado perante o guarda-redes Gabriel, desperdiçou uma ocasião clara. Mas contra todas as expectativas, foi o Carcavelinhos a abrir o ativo. José Domingos, escapando à marcação, bateu Cipriano Santos, que ficou lesionado no choque com o avançado e saiu combalido do lance. O golo abalou os leões, que até ao intervalo apenas assustaram numa investida de Agostinho Cervantes, travado por Gabriel.
A segunda parte começou com um Sporting mais concentrado. Aos sete minutos, Abrantes Mendes redimiu-se e empatou a partida com um cabeceamento certeiro após um cruzamento milimétrico de José Manuel Martins. Contudo, o próprio Martins viria a tornar-se figura central de um momento decisivo: foi expulso por uma entrada considerada violenta sobre o guarda-redes Gabriel, num lance que gerou tumulto em campo e obrigou a uma interrupção de mais de cinco minutos.
No reatar do jogo, o Carcavelinhos capitalizou o desnorte leonino. José Domingos, em recarga após uma bola ao ferro, assinou o segundo golo dos alcantarenses com um remate de primeira. O Sporting, reduzido a 10 unidades e emocionalmente abalado, não conseguiu reagir. Foi Manuel Rodrigues quem fechou o marcador em 3-1 e ainda desperdiçou um penálti assinalado após um toque com o braço de Penafiel, o que poderia ter ampliado ainda mais a vantagem surpreendente.
Enquanto Alcântara vibrava com uma vitória memorável e absolutamente inesperada, nas hostes leoninas reinava o silêncio e a frustração. A derrota não só estragava uma época até então quase perfeita, como comprometia o moral para a digressão ao Brasil.
A conquista do Campeonato de Portugal de 1928 foi a maior glória da história dos Carcavelinhos, que anos depois viriam a fundir-se com o União Foot-Ball Lisboa, dando origem ao atual Atlético Clube de Portugal. Para o Sporting, a derrota serviu de aviso quanto aos perigos da complacência e da má gestão emocional antes de compromissos cruciais.