
Receba, em primeira mão, as principais notícias do Leonino no seu WhatsApp!
Histórias do Leão
|
Enquanto Lisboa se recolhia num domingo de esperança contida, o grupo de trabalho do Sporting reunia-se para jantar em Alvalade. O ambiente era tranquilo, sem euforia antecipada. Se o Benfica ganhasse, a festa ficaria adiada para o fim de semana seguinte, para o jogo com o Estoril. Os rivais encarnados, ainda assim, facilitaram e a história começou a escrever-se no dia 5 do mesmo mês. O Famalicão bateu o conjunto orientado por Roger Schmidt por 2-0 e, de forma matemática, tínhamos novo campeão nacional.
As ruas vestiram-se de verde e branco num ápice. Em Lisboa, em todo o país, e nas comunidades Sportinguistas espalhadas pelo globo, iniciou-se uma celebração orgulhosa e emotiva e Alvalade transformou-se num ponto de partida. O autocarro levou o plantel para o epicentro simbólico da vitória: o Marquês de Pombal.
Mas, antes disso, no Hall VIP do reduto do leão, ouviram-se as primeiras palavras de um título suado, celebrado com alma. Ruben Amorim, visivelmente feliz, rejeitou qualquer tipo de relativização do feito: "É uma felicidade enorme vencer este título. É especial? Sim, porque no primeiro disseram que foi um campeonato atípico, sem público e competições europeias, mas desta vez houve tudo e conseguimos".
Sebastián Coates, capitão e símbolo de liderança, fez questão de dividir os louros: “Este título é mérito nosso. Dedico este título a toda a equipa, às nossas famílias e aos adeptos, que nos apoiaram sempre". Viktor Gyokeres, autor de uma época memorável e de momentos decisivos, revelou-se ainda em êxtase: “É o meu 1.º título, ainda não acredito. Estou com arrepios… Adoro estar no Sporting".
Na avenida da glória leonina, sob uma noite que parecia não ter fim, Ruben Amorim voltou a surgir, desta vez perante uma multidão em êxtase. A emoção do técnico foi evidente e a esta juntou-se a ironia afiada, ao recordar a recente viagem a Inglaterra, para ouvir a proposta de um outro clube: "Malta, vamos despachar isto que tenho um avião para amanhã bem cedo para apanhar. Se calhar é muito cedo para esta piada. Tinha-a preparada".
Mas o tom rapidamente se tornou de gratidão. Amorim fez questão de homenagear os “invisíveis” do clube: “Queria aproveitar para falar de pessoas que não têm tanta expressão mediática como nós... roupeiros, massagistas... palmas para o nosso staff". De seguida, o agora treinador do Machester United atirou uma mensagem que soou a desafio, mas também como promessa: "Diziam que só éramos campeões de 18 em 18 anos... vamos ver".
Ex jogador natural de Palmela representou o Clube de Alvalade em diversas funções, mas nunca reuniu as melhores opiniões dentro do seio Sportinguista
|
Nascido a 6 de maio de 1949, Octávio Machado representou o Sporting em diversos cargos, nomeadamente, treinador, treinador adjunto e diretor de equipa. Somando todo o seu percurso por Alvalade, o palmelense representou o Clube por cinco temporadas, tendo conquistado duas Supertaças Cândido de Oliveira.
Desde cedo que Octávio Machado fez parte do mundo do futebol. Como jogador, começou o seu percurso ao serviço da equipa de juniores da sua terra natal, o Palmelense, na temporada 1965/66. Nas camadas de formação fez duas épocas e, em 1967, estreou-se como sénior na equipa principal do clube e rapidamente chamou as atenções de um clube vizinho: o Vitória de Setúbal.
Octávio Machado representou os setubalenses por sete temporadas, entre 1968/69 e 1974/75, onde foi uma das principais figuras do plantel. As suas boas exibições motivaram, mais tarde, o interesse de um dos maiores emblemas do futebol nacional, o Porto. A experiência no Norte do país estava a dar frutos, mas nas últimas duas temporadas foi aposta menos frequente, apenas realizando sete partidas em dois anos. Machado regressou ao Vitória de Setúbal em 1980/81, onde jogou mais três anos, até acabar a sua carreira, em 1983.
Com o final da sua carreira de futebolista, Octávio Machado ingressou no Salgueiros, desta vez como treinador, e após uma época de moderado sucesso, o técnico abraçou um projeto no Porto, como treinador-adjunto, onde representou os azuis e brancos por oito temporadas, entre 1984/85 e 1991/92.
Depois de uma breve paragem na sua carreira, Octávio Machado foi contratado como treinador principal do Sporting, pelo então Presidente, Pedro Santana Lopes. Já na época seguinte, o natural de Palmela assumiu a função de adjunto da equipa técnica liderada por Robert Waseige, mas a meio da temporada 1996/97 foi de novo treinador principal, após a saída do técnico belga.
Na temporada seguinte, o projeto de Octávio Machado não correu de feição, visto que o treinador saiu no decorrer da temporada 1997/98, após um empate contra a equipa do Varzim, por 1-1. Em relação ao seu desempenho, o técnico comentou: “No Sporting não acabei aquilo que tinha iniciado (...) Quando estive no Sporting, eu devia ter assumido claramente que tinha de ficar.”, revelou em entrevista ao jornal Expresso. As suas declarações ao seminário, tiveram mesmo uma frase forte: “O maior erro da minha carreira foi sair do Sporting”
Octávio Machado realizou mais uma época como treinador, regressando ao emblema do Porto, em 2001/02 e após a temporada, fez uma longa pausa na carreira, que apenas terminou em 2015, na primeira época de Jorge Jesus ao comando da equipa do Sporting. Recém-chegado do Benfica, o técnico português fez um pedido especial a Bruno de Carvalho, para que o palmelense fizesse parte da sua equipa técnica, como diretor desportivo. Machado acabou por sair no final da temporada, em 2016 , após desentendimentos com o então Presidente e desde aí é uma figura presente nos painéis de comentadores em programas televisivos de futebol.
Antigo alvo do treinador Jorge Jesus disse em entrevista que o antigo presidente foi culpado de não se realizar a sua transferência para Alvalade
|
Muitas figuras do mundo do desporto já falaram do antigo presidente do Sporting, Bruno Carvalho e, nem dentro do seio do Clube de Alvalade, este é uma figura consensual. Mais recentemente, surgiu um novo nome a falar do antigo dirigente dos leões - e com acusações à mistura.
Trata-se de Sandro, que concedeu uma nova entrevista publicada no dia 30 de abril ao podcast '90+3'. O médio-defensivo já tinha sido alvo do treinador Jorge Jesus quando este estava ao serviço do Benfica, mas já como técnico do Sporting pretendia levar o brasileiro para o plantel de Alvalade, no início da temporada 2016/17.
Sandro revelou no episódio do podcast que esteve em Lisboa para realizar exames médicos com o agora presidente do Sporting, Frederico Varandas, e logo aí achou algo estranho o processo: "Achei que eles fizeram exames só num joelho e eu achei estranho, foi super rápido o exame médico e o agora presidente (Frederico Varandas) falou 'não Sandro, estás despachado, podes ir lá para assinar o contrato'”, revelou o antigo jogador.
Em seguida, Sandro revelou o telefonema que teve com o seu agente após o seu exame médico em Alvalade: "Ele disse-me: 'eles querem dar metade do salário porque o seu joelho está bichado (magoado)... eles (Bruno de Carvalho) tão querendo fazer um joguinho que não é legal", afirmou o médio-defensivo.
Ainda na entrevista para o podcast '90+3', o antigo jogador mostrou o seu desagrado com Bruno de Carvalho e a respetiva Direção, em relação à transferência falhada: "Tinha tomado a decisão, que era o Sporting, bem cedo e eles mandaram-me embora. Fiquei louco", acrescentou ainda Sandro.
Em vez de ingressar no plantel do Sporting, Sandro praticou o seu futebol na temporada 2016/17, no Antalyaspor, do campeonato turco, e mais tarde na sua carreira veio mesmo parar a Lisboa, mas ao serviço do plantel da B-SAD, na época 2021/22, naquele que foi o último ano do emblema na divisão cimeira do futebol português.
Sandro representou a seleção brasileira em 18 ocasiões diferentes e jogou por equipas das melhores ligas do futebol mundial, como o Tottenham e o Queen's Park Rangers, em Inglaterra, e o Benevento, Genoa e Udinese, na Serie A do futebol italiano. O seu último clube foi o Harborough Town, do sétimo escalão do futebol inglês, onde apenas fez um jogo antes de pendurar as suas chuteiras.
Nascida no Congo, a atleta do Sporting é especialista em provas de velocidade e é dos nomes mais sonantes do atletismo português
|
Lòrene Dorcas Bazolo nasceu a 4 de maio de 1984, na República Democrática do Congo e faz parte do atletismo do Sporting, participando nas provas de velocidade e chegou aos leões em 2015. Em Alvalade, integrou a equipa que venceu o Campeonato da Europa de Equipas em 2019.
A difícil infância e a chegada a Portugal
O seu percurso não foi fácil, ao perder a sua mãe aos 15 anos de idade, precisou de se mudar para o Benim. Quando muitos começam as suas atividades no atletismo na infância, Lòrene Bazolo iniciou a sua carreira apenas aos 24, representando o seu país de origem. Rapidamente se fez notar através do seu talento e sagrou-se recordista nacional do Congo nos 100 metros.
Bazolo tornou-se num símbolo nacional e foi porta-estandarte da comitiva olímpica da República Democrática do Congo, nos Jogos de 2012 em Londres. Não teve muito tempo a representar os congoleses: em 2013, chega a Portugal sob asilo político e ingressa no emblema do JOMA, mas ainda no mesmo ano foi chamada para se mudar para o atletismo do Sporting. A representar os leões, Lòrene Bazolo naturalizou-se portuguesa em 2016 e, já com a cidadania, lusitana, bateu o recorde português dos 100 metros que já perdurava desde 1997.
Nesse mesmo ano sagrou-se também campeã nacional dos 100 e dos 200 metros. Em 2019, fez parte da conquista leonina do Campeonato Europeu de Clubes, onde contribuiu com dois excelentes segundos lugares na competição, trazendo mais uma conquista europeia para o palmarés do Sporting.
Em 2021, teve um ano ocupado: Bazolo vai aos seus primeiros Jogos Olímpicos como atleta portuguesa, em Tóquio e, no meeting de La-Cheux-de-Fonds na Suíça, bateu novamente o seu recorde dos 100 e de 200 metros. Em 2023, foi campeã nacional nestas mesmas mesmas provas.
Mais recentemente, desde 2022 que Lòrene Bazolo se tem dedicado com maior afinco às provas de pista coberta. No ano seguinte, chegou às meias finais do Europeu, na prova dos 60 metros, e tornou-se também a recordista nacional, na mesma distância. Esta nova aposta numa corrida mais curta não impediu que a atleta cumprisse novamente os mínimos olímpicos para os Jogos de 2024, em Paris, onde ficou na quarta posição da primeira série de repescagens dos 200 metros.
Mas a vida de Lòrene Bazolo não se resume ao desporto. Mesmo com a vida atarefada de uma profissional de atletismo, a atleta tem no seu currículo uma licenciatura em administração de empresas e um mestrado em finanças, mostrando ser um grande exemplo para todos os atletas-estudantes.