O Prof Luís Martins concedeu, há uns dias, uma entrevista (LER AQUI) onde teceu algumas considerações sobre a formação do Sporting.

Foi por ele afirmado que a formação continua a trabalhar bem, mesmo reconhecendo que houve um maior investimento por parte dos rivais e que houve alguma contenção de custos, por força da situação económica vivida no Sporting.

Pelo Prof. Luís Martins foi realçado que a maledicência sobre a qualidade do trabalho desenvolvido na formação é levada a cabo pelos sportinguistas.

Não me surpreende o conteúdo das suas declarações, que considero muito positivas no sentido de realçar que o “know-how” continua actualizado e que os profissionais que servem a Instituição continuam a desempenhar as suas funções com zelo e competência. Assim como as suas declarações confirmam o que há algum tempo penso sobre o que se vai passando na formação, que anda entre a competência do corpo técnico e a constante crítica sobre o trabalho que aí é desenvolvido, sempre que não se ganha um título, não se dando relevo aos atletas que aí são acompanhados, no percurso até ao futebol profissional.

Os títulos continuam a ser importantes, seja em que escalão for, pelo reconhecimento e validação que trazem ao trabalho aí desenvolvido. Mas não deve ser o principal barómetro da qualidade do trabalho efectuado. Isso deve resultar de um processo normal de trabalho, que desagúe na conquista de títulos. Porém, se os rivais gastam mais, também é natural que isso se traduza numa acrescida dificuldade, por força da qualidade respectiva. Só que isso, ao invés de ser visto como negativo, deve ser encaradao como uma necessidade de elevação da qualidade da nossa oposição, como factor de incremento da competitividade das competições nesses escalões. E se os adversário são fortes, isso obriga-nos a trabalhar para os superar.

O nosso treinador, Ruben Amorim, referiu esta semana que os “miúdos” jogam porque são os melhores e não por estar a preparar a próxima época. Devo reconhecer um sinal positivo no discurso, que valoriza as suas escolhas em atletas mais jovens. Nas suas palavras, não se trata de uma estratégia mas tão só de uma normalidade, na sua vida de treinador. Reforçou essa ideia ao expressar que Jovane não é uma aposta sua mas sim uma escolha natural, dentro do quadro de atletas disponíveis.

Portanto, nas palavras do treinador, os atletas jovens não jogam porque sim, mas por serem os melhores disponíveis. Tiro-lhe o meu chapéu, pois a sua abordagem revela estratégia e parimónia na avaliação da sua equipa. E escusa-se de cometer o erro que, no passado, se cometeu demasiadas vezes: os miúdos não são um “handicap”, pelo que não faz sentido dizer-se que não se ganha porque se joga com… miúdos.

Ao valorizar as suas opções está a defender os seus atletas, sem escudar em qualquer desculpa que vise menorizar as suas prestações.

Todos temos noção que muito trabalho vai ser necessário para fazer uma equipa competitiva, pelo que alguma paciência terá de haver para avaliar este treinador.

Para já, o discurso é positivo e nada medroso. No campo, ainda que não se possa dizer muito (nem de bom, nem de mal), percebe-se que existe uma ideia que Ruben Amorim pretende implementar.

Espero que tudo lhe corra bem e que nunca se esconda atrás de recursos financeiros para justificar resultados. Para já, parece-me trazar um discurso desassombrado e motivador. Que a sorte o acompanhe e que possa formar uma equipa forte para, nas próximas jornadas, poder ultrapassar o Sporting de Braga. E que, na próxima época, o Sporting tenha uma equipa capaz de se constituir como uma unidade com expectativas de disputar a Liga e, com muito trabalho, qualidade e alguma fortuna, o possa vencer. Mas não será justo pedir-lhe mais do que formar uma equipa competente e competitiva, o que sempre significará uma equipa que jogue para disputar todos os jogos com o objectivo de os ganhar.