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O CLUBE É DOS SÓCIOS
É curioso que, em décadas, nunca o Clube foi tanto dos Sócios, como o foi nos mandatos do Conselho Directivo destituído.
27 Jan 2020, 08:00

Vivemos tempos em que a frustração, decorrente do anedótico percurso da equipa de futebol, é crescente, não se sabendo bem se já atingimos o pico negativo de rendimento. E o futebol, goste-se ou não, é o principal barómetro sobre a satisfação perceptível do associado e do adepto Sportinguista.

Para já, sabe-se que não teremos as taças do nosso contentamento, que tão oportunas foram para mascarar aquilo que já era apreciável para muitas pessoas, no final da época passada.

Ciclicamente, o Sportinguista comum é assolado por um momento de desnorte, em que o que é bom deixa de o ser (e vice-versa).

Se recuarmos no tempo, tivemos um panorama em que a situação do futebol era muito melhor, assim como era melhor o nível competitivo em todas as demais modalidades. E bastou um momento de menor discernimento de algumas figuras com responsabilidade nos órgãos sociais do Clube, associada a uma situação de crise na SAD, para tudo mudar.

Como todos nos lembramos, um problema do foro associativo tornou-se numa guerra aberta entre titulares de órgãos sociais. Tal advento levou, até, ao anúncio público sobre a concertação de um conjunto de personalidades no sentido de “devolver o Clube aos Sócios”, com equipas de juristas constituídas para colaborarem com a MAG, no sentido de repôr a legalidade (leia-se, destituir o Conselho Directivo). Foi a este ponto que as coisas chegaram, com a destituição do Conselho Directivo a efectivar-se semanas depois.

Sabemos, hoje, de que forma (não) foi defendido o superior interesse do Sporting Clube de Portugal e da SAD. É curioso que, em décadas, nunca o Clube foi tanto dos Sócios, como o foi nos mandatos do Conselho Directivo destituído. Quero eu dizer que nunca, desde que me lembro de ser sportinguista, os sócios tiveram acesso a tanta informação, como naquele período de tempo. E, no fim de contas, o Clube foi tanto dos Sócios que o CD acabou destituído.

Se calhar, por tanto ser transparente, desconfiámos; se calhar, por falta de hábito, desconfiámos de uma equipa que geriu, obtendo resultados desportivos e financeiros.

É assim, no Sporting. Qualquer crise atinge, com facilidade, um nível extremo de dramatismo, que acaba por conduzir os associados a um profundo estado depressivo.

Já li, recentemente, a chamada de atenção para o facto do pedido de marcação de uma Assembleia Geral Extraordinária (com vista à destituição do Conselho Directivo) não dever confundir o que são assuntos da SAD com assuntos do Clube.

Também li que o pedido de marcação da Assembleia Geral Extraordinária, por iniciativa de um grupo de Sócios, tem sido alvo de diversas opiniões sobre a oportunidade do pedido.

De Bruno de Carvalho, que foi expulso, está o Sporting a “salvo”. Porém, continua o Clube a precisar de ser salvo de outras figuras que continuam a influenciar o Universo leonino.

Por muito inoportuno que possa parecer, o Clube é dos Sócios e ainda são estes que decidem sobre a vida da Instituição, para o bem e para o mal.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

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