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Augusto Inácio faz revelações sobre título de 2000: "Pessoas a vigiar hotel do Sporting"
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Histórias do Leão
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Após a demissão de José Eduardo Bettencourt da Presidência do Sporting, a 15 de janeiro de 2011, foi convocada uma Assembleia Geral eleitoral extraordinária para o dia 26 de março do mesmo ano. A mesma, agendada com mais de dois meses de antecedência, deu início a um processo eleitoral extenso, com uma significativa participação mediática e diversos debates públicos entre os candidatos, tendo terminado com a vitória de Godinho Lopes.
O empresário Brás da Silva foi o primeiro a manifestar intenção de se candidatar, dando conta de um fundo de 50 milhões de euros destinado ao futebol. A proposta levantou questões quanto à origem deste valor, que alguns associavam a Angola. Pouco tempo depois, Brás da Silva retirou-se da corrida, alegando motivos pessoais e pressão externa. João Rocha Jr. foi outro nome falado na fase inicial, embora nunca tenha confirmado ou comentado uma eventual candidatura.
Bruno de Carvalho apresentou-se como candidato com o igual apoio de um fundo de 50 milhões de euros, cuja origem foi atribuída a investidores russos. A candidatura incluía nomes como Eduardo Barroso para a Presidência da Mesa da Assembleia Geral, Augusto Inácio na vice-Presidência para o futebol e Marco van Basten como proposta para treinador.
Dias Ferreira também avançou, com uma candidatura que incluiu Paulo Futre como diretor desportivo e o nome do treinador Frank Rijkaard como possibilidade para comandar o plantel. Nesta altura, tornou-se inesquecível a conferência de imprensa de Futre, que apresentou vários nomes de jogadores a contratar e prometeu, ainda, a chegada de "charters de chineses" que ficariam interessados em ver os jogos do Clube de Alvalade.
Pedro Baltazar, antigo acionista da SAD, propôs-se como Presidente com um perfil semelhante ao de João Rocha, defendendo a permanência de José Couceiro na área do futebol e sugerindo Zico para treinador. Sérgio Abrantes Mendes foi outro candidato, com um discurso centrado na estabilidade e contenção. Contou com o apoio de Zeferino Boal, que retirou a sua candidatura para integrar esta lista.
Do lado da estrutura dirigente em funções, Rogério Alves chegou a ser apontado como potencial candidato, mas acabou por liderar a lista para a Presidência da Mesa da Assembleia Geral. Godinho Lopes assumiu, então, a candidatura, com uma lista composta por nomes como Carlos Barbosa, Nobre Guedes e Paulo Pereira Cristóvão. A nível desportivo, a aposta recaiu na dupla Luís Duque e Carlos Freitas, sendo Domingos Paciência o treinador mais referido durante a campanha.
Toda a campanha foi marcada pela elevada intensidade e o destaque acabaram por ser os projetos apresentados por Bruno de Carvalho e Godinho Lopes. As sondagens, a comprovar esta competitividade, até apontavam um empate técnico entre estes dois candidatos.
Ao final da noite eleitoral, Godinho Lopes viria a ser anunciado como Presidente eleito, com 36,5%, por uma diferença de 360 votos, num universo de mais de 14 mil Sócios votantes. A cerimónia de posse decorreu à porta fechada, na sequência de alguns protestos. Eduardo Barroso foi eleito para a Presidência da Mesa da Assembleia Geral, mas não esteve presente na cerimónia. Bruno de Carvalho anunciou a intenção de interpor uma providência cautelar para impugnar os resultados, apontando discrepâncias no processo eleitoral, mas o pedido acabou rejeitado.
A presidência de Godinho Lopes, a 41.ª da história do Sporting, durou apenas até 2013, altura em que os Órgãos Sociais renunciaram aos seus mandatos. Na origem desta decisão estiveram, principalmente, os maus resultados desportivos, bem como as várias trocas de treinador na equipa principal de futebol. Ainda recentemente, Ricardo Sá Pinto, um dos técnicos deste período, queixou-se de falta de apoio.
Aquele que é recordado como um dos episódios mais negros da história do futebol português aconteceu no final de competição nacional
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Durante um dérbi intenso entre Benfica e Sporting, no dia 18 de maio de 1996, Rui Mendes, Adepto Leonino morreu depois de ser atingido por um very-light, que foi lançado por Hugo Inácio, apoiante do clube da Luz. O episódio continua a ser lembrado com muito pesar.
A equipa de Octávio Machado alinhava com Costinha, Luís Miguel, Naybet, Marco Aurélio, Nélson, Luís Vidigal, Pedro Martins, Emílio Peixe, Afonso Martins, Sá Pinto e Iordanov. Já o conjunto encarnado, liderado pelo técnico Mário Wilson, entrou em campo com Preud’homme, Ricardo Gomes, Hélder Cristóvão, Dimas, Kenedy, Calado, Paulo Bento, Bruno Caires, Valdo, Mauro Airez e João Vieira Pinto.
O primeiro e mais marcante momento do jogo foi aos nove minutos, quando Mauro Airez faz o primeiro para os encarnados, foi aí que tudo começou. Durante os festejos do remate certeiro, Hugo Inácio, adepto do Benfica, atirou um very-light para a bancada sul do estádio e atingiu mortalmente Rui Mendes, adepto de 36 anos do Sporting.
Com toda esta tragédia que contava com a inquietação nas bancadas, o jogo seguiu e João Vieira Pinto fez o 2-0 para as águias, jogador que viria a bisar aos 67’ da partida. O único golo dos leões surge aos 83’, através de uma grande penalidade efetuada com sucesso por Carlos Xavier.
A verdade é que o Benfica acaba o jogo a levantar o título mais negro da sua história, depois de ter visto um adepto do Sporting a morrer em pleno jogo. O resultado foi o que menos importou nesse dia e a prova disso é que este momento permanece nas memórias de todos até hoje. Na altura, os leões arrecadaram integralmente com os custos do funeral de Rui Mendes.
O homem responsável pela tragédia, Hugo Inácio, é um adepto do Benfica que, em 1998 foi condenado a quatro anos de prisão, mas conseguiu fugir em 2000, tendo sido capturado em 2011. Voltou a ser julgado em 2016, depois de desobedecer a uma pena do tribunal, recebendo mais três anos de cadeia e a proibição de entrar em recintos desportivos durante sete anos, por posse de material pirotécnico. No entanto, em 2018, voltou a ser detido em pleno Estádio da Luz.
Acontecimentos do dia 15 de maio de 2018 chocaram o mundo do futebol, num momento que marcou gravemente o passado recente dos leões
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A invasão à Academia de Alcochete foi, provavelmente, o episódio mais negro da longa história do Sporting, quando no dia 15 de maio de 2018, cerca de quarenta indivíduos entraram no centro de estágios do Clube e espalharam terror e violência dirigidos aos jogadores, treinadores e dirigentes do emblema ao qual são afetos.
O Sporting deslocou-se ao terreno do Marítimo em encontro da última jornada do campeonato, no dia 13 de maio, dependendo apenas de si para assegurar o segundo lugar e a Liga dos Campeões da próxima temporada. A partida foi extremamente negativa e não podia ter terminado da pior forma. Já em tempo de compensação, Rui Patrício deixou passar uma remate que não apresentava nenhum perigo para a sua baliza. Lentamente, a bola entrou e a equipa madeirense venceu o jogo por 2-1.
O desagrado das bancadas sentiu-se logo após o apito final no Estádio dos Barreiros. Os adeptos mostraram um alto tom de agressividade para com a equipa do Sporting e, conhecido por não virar a cara à luta, Marcos Acuña foi tirar justificações aos mesmos, o que apenas agravou o estado dos ‘ultras’. Mesmo fora do estádio, o clima manteve-se: os jogadores e técnicos leoninos foram insultados, de forma violenta, na sua viagem para o aeroporto e também na sua chegada ao Estádio José Alvalade.
O Sporting regressou aos trabalhos na terça-feira, dia 15 de maio, e enquanto decorriam os preparativos para iniciar uma sessão de treinos, um grupo de cerca de 40 adeptos insatisfeitos tomou a Academia de Alcochete de assalto, agredindo jogadores e treinadores com uma panóplia de objetos como cintos ou pirotecnia, deixando os balneários como um autêntico cenário de guerra.
Muitos foram os visados deste ataque, mas talvez um dos maiores casos de destaque tenha sido o de Bas Dost. O avançado holandês foi atirado ao chão e agredido com pontapés e cintos na cabeça, para além de ter ficado com ferimentos nas pernas. No final deste episódio, 23 dos atacantes foram detidos nas imediações da Academia, enquanto tentavam fugir.
A equipa do Sporting ainda jogou a final da Taça de Portugal, com muitos atletas a serem o rosto da violência: Bas Dost jogou com um penso na cabeça e Jorge Jesus estava maquilhado, visto ainda ter marcas no rosto, depois de ter sido agredido à cabeçada. Quando o árbitro apitou, os leões saíram derrotados do Estádio do Jamor por 2-1, iniciando-se assim, um período de rescisões com justa causa.
Algum tempo passou desde a final perdida e, no dia 1 de junho, Rui Patrício foi o primeiro jogador a rescindir com o Sporting alegando justa causa, juntando-se a ele nomes como Daniel Podence, Gelson Martins, William Carvalho, Rafael Leão e Rúben Ribeiro. Outros jogadores como Rodrigo Battaglia, Bruno Fernandes e Bas Dost também rescindiram, mas acabaram por acertar, mais tarde, a permanência no Clube de Alvalade.
Já no campo da justiça, o então presidente Bruno de Carvalho foi detido e investigado por ser, alegadamente, o autor moral do ataque, sendo indicado por 56 crimes e constituído arguido. O julgamento apenas começou em novembro do mesmo ano e, no final do mesmo, o dirigente máximo do Sporting foi ilibado das suas acusações, Dos outros 44 indivíduos julgados, apenas nove foram condenados a prisão, com três a serem punidos com multa. Os restantes 29 ficaram com pena suspensa.
Após vencer o Salgueiros por 4-0, o Clube de Alvalade venceu o seu 21.º Campeonato Nacional após um jejum de 18 anos, o que tornou as celebrações mais efusivas
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A festa do 21.º Campeonato Nacional do palmarés do Sporting foi inesquecível. Após a deslocação dos leões à cidade do Porto para derrotar o Salgueiros por 4-0, no dia 14 de maio de 2000, o clima em Lisboa era de euforia, com os Sportinguistas a tomarem as ruas.
Os Adeptos não esquecem o ambiente de festa que se viveu na cidade lisboeta, após o apito final do árbitro no Estádio Vidal Pinheiro e, ao que parece, os antigos jogadores do Sporting também não, em declarações feitas por alguns dos campeões ao jornal Record.
“A viagem parecia que eram só pessoas a apitar e adeptos eufóricos. Foi uma festa até chegar ao Estádio José Alvalade. Foi uma coisa que até hoje me lembro e fico arrepiado. Sinto-me como se tivesse sido ontem”, revelou o antigo capitão de equipa. Para terminar, Iordanov declarou o seu amor ao Clube: “Posso sair do Sporting, mas o Sporting nunca sai do meu coração”.
O central brasileiro apenas chegou no decorrer da temporada, mas isso não manchou de nenhuma forma o sentimento do defesa: "A festa foi marcante, mas só tive a real noção do que atingimos no dia seguinte, quando estava em casa a beber café e liguei a televisão. Em todos os canais passavam reportagens de todos os cantos de Portugal e do estrangeiro foi nesse momento que interiorizei a importância do título que alcançámos... aquelas festas dos adeptos foram momentos que marcaram e recordo até hoje”.
Com a chegada de Peter Schmeichel, o guardião luso ficou em segundo na corrida à baliza do Sporting e recordou a felicidade do seu companheiro dinamarquês: “Memórias? Guardo sempre a imagem de ver um Peter Schmeichel que tinha sido campeão europeu e ver a alegria dele. E o que significou para ele ser campeão no Sporting! Parecia um menino. Isso marcou-me. Sempre fui próximo dele e sabia da vontade que tinha em ser campeão”.
O espanhol foi suplente na partida contra o Salgueiros, mas isso não impediu o jogador de sentir o sabor da vitória tanto quanto os seus companheiros de equipa e recordou ainda a receção da equipa no estádio: “Alvalade estava a rebentar. Chamavam um por um aos jogadores e estávamos tão ansiosos que não deixámos que o speaker chamasse todos e estávamos impacientes. Entrámos todos de uma só vez. O pessoal todo a entrar no relvado. E quando colocámos o cachecol na estátua”.
O antigo jogador argentino do Sporting revelou que esteve até bastante calmo no Estádio Vidal Pinheiro, mas quando a equipa regressou ao balneário para celebrar, a história foi diferente: “O que me marcou? Foi tudo! O festejo no balneário com o presidente Roquette a celebrar muito e a equipa técnica. A partir daí, já sabia que o caminho ia ser longo e estava completo. Íamos muito devagar, porque era muita gente no caminho. Estava uma loucura enorme. Nunca tinha visto algo assim”.