Vitalino Canas
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07 Fev 2020 | 08:00

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Vitalino Canas

O Sporting Clube de Portugal não é respeitado por muitas estruturas vitais da gestão do fenómeno desportivo, designadamente do futebol.

Quando o jogador Luís Neto deixou o grito de revolta da equipa na flash interview após o jogo com o Sporting de Braga, no passado fim de semana, a Nação Sportinguista  reviu-se nas suas palavras, numa unanimidade rara nos dias que correm. Na verdade, o critério que presidiu à distribuição de cartões amarelos pelo árbitro Jorge Sousa, principalmente na primeira parte do jogo, causa revolta.


Sendo declarações quase indiscutíveis de um dos que sentem o jogo e o árbitro na pele – e, já agora, na minha opinião, provindas de um dos jogadores que menos mereceram perder o jogo –, elas suscitam debate por vários motivos.

Primeiro, porque causa alguma estranheza que tenha sido um atleta o primeiro a dar a cara, dizendo o que todos os sportinguistas sentiam.


Acontece, porém, que não é aos jogadores que cabe essa função. Deles espera-se que se concentrem nos treinos e nos jogos. Não têm de se preocupar com a comunicação do clube, nem com a preparação e divulgação das suas posições. Não têm de se expor à possibilidade de castigos disciplinares ou à eventualidade da animosidade de árbitros que, no futuro, naquela exata fração de segundo em que têm de decidir se lhe dão amarelo ou vermelho, talvez se lembrem do que esses jogadores disseram. Não se veja aqui qualquer crítica ao jogador Luís Neto. O quequero exprimir é antes o seguinte: será que o jogador disse aquilo porque não tinha a certeza de que quem tem a obrigação de o dizer – Direção, responsável pelo futebol, órgãos de comunicação do clube – o dissesse claro e bom som? Porque se essa incerteza existir, isso denota uma coisa grave: os jogadores, no balneário, não sentem a cobertura que deveriam sentir.

Mas, em segundo lugar, as frases de Luís Neto – muitocorretas, aliás, até por não alijarem responsabilidades desportivas próprias do grupo – tocam num ponto muito mais fundo e menos circunstancial: o Sporting Clube de Portugal não é respeitado por muitas estruturas vitais da gestão do fenómeno desportivo, designadamente do futebol. Não se trata de uma realidade de hoje ou de há meia dúzia de anos. Todos nos lembramos ainda das célebres palavras de António Dias da Cunha contra “o sistema”. O “sistema” constitui, na verdade, uma rede de procedimentos, posicionamentos, atuações, orientações, personalidades, cumplicidades, compadrios. Essa rede tem promovido, de forma sub-reptícia, uma gradual descredibilização e fragilização do Sporting como instituição. Essa trajetória de ruína da posição do Sporting não foi interrompida com Bruno de Carvalho, ao invés do que em algumas alturas pareceu. Pelo contrário, com os acontecimentos da Academia e com o circo montado na parte final do seu mandato, o Sporting transformou-se ainda mais no bombo da festa.


O que é preocupante é que os atuais corpos dirigentes do Sporting e as pessoas que escolheram para gerir o futebol não mostram capacidade nem parecem ter condições para inverter esse processo, o qual hoje desliza em plano ainda mais inclinado. Nas atuais circunstâncias seria necessário peso e credibilidade. Seria vital conseguir mobilizar todas as forças para que em alturas de manifesta injustiça e dificuldade quem está dentro do campo sinta que não está sozinho e que é verdadeiramente o executor da vontade de vencer e da força de milhões de Sportinguistas.

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