
Um pedaço de ouro no caminho das pedras do Sporting
Se há coisa que a vida nos ensina é que o que parece certo, adquirido, rapidamente se transforma num cenário diametralmente oposto.
16 Mar 2020 | 09:23
Para qualquer Sportinguista, independentemente de gostar ou não de Bruno de Carvalho, uma sua absolvição representa boas notícias.
(Ao contrário do que se noticiou, não existiu qualquer decisão no processo de Alcochete, tendo o Ministério Público pedido, em sede de alegações, a absolvição de alguns dos arguidos, entre os quais Bruno de Carvalho. Note-se que uma decisão como a requerida é a que mais defende os interesses do Sporting Clube de Portugal, quanto mais não seja pelos dois processos ainda pendentes. Muito se tem falado sobre as resoluções mas o que raramente se explica é que, se resultasse provada a intervenção directa da Direcção, dúvidas não restariam sobre a existência de justa causa. Na verdade, sendo a obrigação de manter condições de segurança para todos os trabalhadores, incluindo jogadores de futebol, imperativa para qualquer empregador, a demonstração judicial de que alegadas agressões teriam ocorrido pela mão de quem estava mais acima na hierarquia não podia ter outra resposta por parte de um tribunal do que a condenação do Clube. Seja ele o Sporting, seja qualquer outro. Daí que, para qualquer Sportinguista, independentemente de gostar ou não de Bruno de Carvalho, uma sua absolvição representa boas notícias. Permanece, contudo, por explicar como tudo aquilo foi possível. A fazer fé no que algumas testemunhas disseram, alguém terá facilitado o acesso e o pior que poderia acontecer era essa pessoa ainda se encontrar ao serviço do Clube. Repito o que já disse noutro sítio a este título: a fazer fé no que foi sendo publicitado nos órgãos de comunicação social, os ditos “indícios” não justificavam posição diversa. Dito isto, embora seja provável que a sentença seja proferida no mesmo sentido, não é obrigatório que assim suceda. Por outro lado, diga-se o que se disser, em momento algum os processos disciplinares incidiram sobre tais factos e, como tal, não é a absolvição nestes autos, ainda não decidida mas quase certa, que tem qualquer implicação na expulsão do mesmo. Ambas as decisões disciplinares foram assentes em factos que, em momento algum, tiveram que ver com a invasão mas, ao invés, com sucessivos e reiterados incumprimentos estatutários, em que avulta a criação de órgãos inexistentes, a obstacularização da Assembleia Geral de dia 23 de Junho, já após a decisão judicial e, em especial, a tentativa de bloquear o acesso às contas do Clube aos então órgãos. Bem sei que, em parte, tais iniciativas surgiram suportadas em alegados pareceres jurídicos, cujo sentido e alcance, aliás, fora já objecto de decisão judicial em sentido oposto. No que concerne ao último dos comportamentos, não posso deixar de realçar que, se tivesse sido bem-sucedido, teria impedido o pagamento dos salários dos atletas que, à data, não tendo resolvido, mantinham o vínculo com o Sporting. Ambas as sanções foram, por mais que também não se queira relembrar, votadas pelos sócios em Assembleia Geral e, já agora, foi previamente decidida pelo actual Conselho Fiscal, embora o respectivo processo tivesse sido iniciado pela Comissão que integrei. Goste-se ou não, a verdade é esta e, também aqui, uma mentira, ainda que repetida muitas vezes, não perde a sua natureza.) Aconteceu-nos o que nunca se supôs ser possível (e, não, não me refiro à contratação de Rúben Amorim, pese embora essa também tenha assumido contornos de surrealismo). Mundo tão suspenso quanto incrédulo perante algo com que ainda estamos a aprender a lidar e, para o que aqui interessa, competições paradas, todos à espera que o vírus não seja mais forte que cada um de nós. Um imenso vazio nas ruas, um frio na espinha, o país à espera, enquanto alguns se acumulam nas filas para o papel higiénico (vá-se lá perceber porquê...). Estando – ou devendo estar - grande parte confinada às quatro paredes de casa e os demais arriscando-se perante um inimigo que é invisível, não nos resta muito mais do que centramo-nos no essencial. Nos momentos de crise, perante a adversidade, frequentemente percebemos da pior forma que perdemos tempos infinitos com coisas inúteis e não usufruímos do que importa. Reduzidos a uma escala de socialização mínima, o que nos resta é a capacidade de não perdemos a capacidade de sermos humanos. Que os dias de recolhimento imposto (ainda que, eufemisticamente, alguns o anunciem como voluntário) sirvam para fomentar tais valores e, já agora, para a nossa Direcção conseguir ganhar a tranquilidade suficiente para tomar as decisões mais acertadas, onde, obviamente, se não inclui uma brutal antecipação das receitas televisivas. Se houve dinheiro para Amorim e para outros jogadores, apresentados há meses como o supra sumo mas dos quais agora, aparentemente, nos queremos ver livres, seguramente haverá para nos mantermos neste período.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.
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