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O SISTEMA TARDA, MAS NÃO FALHA!
Durante este ano, só uma equipa foi capaz de "roubar" pontos ao Sporting: a equipa de arbitragem liderada por Luís Godinho!
Imagem de destaque10 Dez 2020, 10:00

Durante este ano, só uma equipa foi capaz de “roubar” pontos ao Sporting: a equipa de arbitragem liderada por Luís Godinho!

E não, não estou a dizer isto por conta dos lances mais óbvios, em que o VAR ajudou a reverter a decisão tomada pelo árbitro, em jogo corrido. Quer na partida com o Porto, quer nesta última, em Famalicão, outros lances existiram que, por serem objetivos e não carecerem de exercícios de interpretação, deveriam fundamentar o nosso lamento e o nosso protesto.

Com o Porto, estando o resultado em 1-0 a nosso favor, o atleta que cruzou para o golo do empate deveria ter sido expulso. A sua entrada é para cartão vermelho, mas o atleta apenas foi admoestado com cartão amarelo. Neste caso, de vermelho objectivo, o VAR não interveio, como era a sua obrigação. E a jogar com 10, quero crer que nem o próprio Sérgio Conceição apostava 1€, quanto mais 1M€, na possibilidade de virar o resultado antes do intervalo.

Também em Famalicão, no lance da falta que origina o nosso segundo golo (num soberbo remate de Porro), o lance é objectivamente para vermelho. Não há qualquer margem para discussão, sendo o lance até mais violento do que o de Zaidu, no nosso estádio. Mas o VAR, mais uma vez, não interveio, como era suposto.

Estes 2 lances são de importância significativa, pelo seguinte: nos últimos 30 anos, a FIFA e o International Board fizeram um esforço para adaptar as leis do jogo ao desígnio de proteger a integridade física dos atletas. Van Basten foi o primeiro caso mediático de um atleta que teve que pendurar as chuteiras precocemente, por conta das sucessivas e repetidas pancadas que sofria nos seus tornozelos e calcanhares.

A ideia de mostrar um vermelho, numa entrada do género das 2 que mencionei, tem na sua base a dissuasão dos prevaricadores, antes que males maiores se produzam. A ideia não é mostrar um vermelho em função do resultado directo desse tipo de acção, como seja uma fractura ou uma lesão ligamentar.

Vejo, com frequência e na generalidade, os árbitros serem complacentes com entradas deste género. Depois, lá vêm uns comentadores “especialistas” com a ideia de não se estragar o espetáculo, como se proteger o espectáculo não fosse compatível com a aplicação da lei e com a protecção da integridade física dos atletas. Ou seja, uma equipa de “sarrafeiros” pode muito bem safar-se sob o princípio de defesa do espectáculo, mesmo em violação das leis do jogo. Isto é tão contraditório, que é difícil aceitar que se justifique o que não tem justificação. Mas acontece, infelizmente, e nas TV’s à vista de toda a gente.

Nesta última partida, para além deste lance sobre Porro, o árbitro pecou por não ter vislumbrado um ostensivo empurrão a João Mário, na área do Famalicão. Nem o árbitro viu, o que é aceitável em função das circunstâncias, nem o VAR, e aqui já não há qualquer justificação razoável para a não intervenção. Ainda que a acuidade visual de Artur Soares Dias seja historicamente selectiva, nos nossos jogos, essa é uma justificação que não é aceitável, nem deveria gozar de impunidade.

Não deixa de ser curioso que o Conselho de Arbitragem tenha sido tão célere a a servir de fontepara anunciar a sua apreciação sobre “o” lance. No entanto, depois de desafiados por Miguel Braga e com muito mais tempo para análise, ainda não tivemos conhecimento de nenhuma posição sobre os lances mencionados (nomeadamente, o lance de penalty sobre João Mário). Ora, o Conselho de Arbitragem procurou defender o árbitro mais do que a verdade desportiva. Mas, por não serem rigorosos, deixaram um rol de lances (que o jogo foi pródigo em exemplos de má arbitragem) por apreciar e, ao fazê-lo, a única coisa que fizeram foi regar a fogueira com gasolina.

Na segunda feira, o líder da APAF veio, numa atitude de “defesa” do futebol, declarar que os clubes só se queixam quando são prejudicados, optando pelo silêncio quando há decisões em seu benefício. Ora, isso é um princípio transversal a todos os clubes, mesmo aqueles cujos dirigentes têm relações privilegiadas com a classe dos árbitros, mas a intenção da APAF ficou clara: referiram-se ao Sporting e aos seus dirigentes. É caso para perguntar, onde estava a APAF quando o presidente do Benfica exigiu que Fábio Veríssimo não apitasse jogos do seu clube, em 2019? E o Conselho de Arbitragem, fez o quê? Afastou o sr. Fábio Veríssimo dos jogos benfiquistas. Entre uma “cena” e outra, conseguem ver as diferenças?

Pela parte que me toca, não tenho qualquer problema em reconhecer benefícios e a desejar que os mesmos não se verifiquem. Em todo o caso, o Sporting trocava, de boa vontade, os resultados com o Porto e com o Moreirense, corrigidos com as más intervenções do VAR. E, já agora, também o resultado de Famalicão. Portanto, é fazerem-se as contas e ver se, no final, o Sporting está realmente a ser beneficiado, como o próprio líder da APAF quer implicitamente dizer.

Apesar da trapalhada que foi a arbitragem de Luís Godinho, a responsabilidade não é apenas sua. Há um VAR que existe para auxiliar o árbitro a tomar melhores decisões e não para ser selectivo quanto aos momentos em que intervém, ao arrepio do protocolo.

Também não podemos esconder os erros próprios, cometidos nesta partida. Falhar um penalti, conceder um golo como o primeiro e ver um atleta expulso, da maneira que foi, faz-me pensar que só ficámos à mercê de más decisões do árbitro por culpa própria. Por isso, é primordial corrigir os erros próprios dentro de casa.

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