summary_large_image
QUERO QUE O SPORTING GANHE MESMO QUANDO NÃO TEM RAZÃO
O Sporting é o grande vencedor de ontem quando ecoou a leitura da sentença. Não existir qualquer dirigente nem qualquer funcionário condenado iliba o Clube de qualquer relação com o ataque a Alcochete
Imagem de destaque29 Mai 2020, 09:00

Findou o processo de Alcochete. A Juíza decretou culpados e absolvidos num julgamento supersónico na lenta justiça portuguesa. Teses enterradas; acusações pífias de terrorismo e de autores morais abandonadas. A leitura da sentença já era comida requentada, desde que o Leonino deu em primeira mão o despacho de alteração não substancial dos factos (LER AQUI).

Este processo é sobre invasões, é sobre agressões, é sobre caras tapadas de desavergonhados que irromperam pela Academia do Sporting para bater em jogadores e treinadores dos nossos. Corámos nós de vergonha pelo ato em si e pela falta dela quando os nossos jogadores rescindiram no preciso momento em que o leão se encontrava cabisbaixo. Quando mais precisávamos deles.

Esse processo não é sobre Bruno de Carvalho, que nem lidera o ranking dos mais prejudicados e já lá vamos. É sobre o Sporting Clube de Portugal. O centro do universo é o nosso verde e branco. Nada nem ninguém se sobrepõe ao ideal leonino, ao que representa a nossa instituição e à história que nos orgulha. E à relação emocional, tensa, de amor que temos com o nosso Clube. Não começou com Bruno de Carvalho, nem acaba com Frederico Varandas.

Eu quero que o Sporting ganhe em campo, em primeiro lugar. Mas quero que ganhe em tudo o que entre. Eu quero que ganhe contra a Doyen, e quero que ganhe quando nos opomos ao Sinisa Mihajlovic, como foi na vez que o fizemos com o Bruma. E agora quero muito que chegue o dinheiro que é nosso, e que está nas mãos do Rafael Leão, e, se não está nas dele, está nas do Lille ou do pai ou do empresário. Eu quero que o Sporting ganhe mesmo quando não tem razão.

Mas agora teve toda a razão. E o Sporting é o grande, não o único, mas o grande vencedor de ontem quando ecoou a leitura da sentença. Não existir qualquer dirigente nem qualquer funcionário condenado iliba o Clube de qualquer relação com o ato hediondo vivido naquele dia na Academia. E seja por via da responsabilidade factual, daquela que nos traz implicações dissaborosas mais à frente, seja por via da responsabilidade moral, estamos limpos. O leão está de pé, de coluna direita e ergue ainda mais a cabeça no nosso emblema.

Depois do Sporting, e sempre atrás dele, os outros três vencedores que, pelo que agora o acórdão lavra, estão inocentes: Bruno de Carvalho, Nuno Mendes e Bruno Jacinto. Os três foram absolvidos de uma acusação que provavelmente – digo provavelmente porque desconheço a intervenção do Ministério Público em sentido lato, e, no concreto, que indícios o terá levado a pronunciar estes três homens – nunca deveria ter existido.

Não se menospreze o quão prejudicados os três foram. Cada um reagirá à adversidade da maneira que conseguir e considerar mais conveniente. Nesta luta, o ex-Presidente e ex-Sócio Bruno de Carvalho e mesmo Nuno Mendes terão melhores armas, terão melhores meios (advogados, acesso ao espaço mediático, estrutura, preparação, companheiros de estrada). Mas não podemos esquecer o soldado desconhecido. Bruno Jacinto, de todos o mais prejudicado. Ele também foi sovado na comunicação social, embora com menos veemência que o ex-Presidente e Nuno Mendes. Além de ter sido despedido, arruinado na reputação, esteve meses a fio preso e outros tantos em cárcere domiciliário por um crime que não cometeu. Espero que na hora de se levantar a voz sobre as injustiças da Justiça não se esqueçam de Bruno Jacinto.

Decreta-se vencedor o Sporting Clube de Portugal e três absolvições. Dos vencidos não reza esta crónica.

João Duarte, Publisher Leonino

  Comentários