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Histórias do Leão
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Corria o início de 1985 quando um grupo de Sportinguistas apaixonados lançou a semente de uma nova modalidade em Alvalade. A ideia passava por fundar uma secção de futebol de salão no seio do Sporting, numa altura em que a prática ainda não era reconhecida oficialmente pelas entidades federativas. A proposta foi apresentada a 14 de janeiro desse mesmo ano, por quatro nomes que ficariam ligados, indelevelmente, à génese da secção: Melo Bandeira, Cícero Campos, João Pardal e Carlos Vaz. Em tempo recorde, a direção do Clube deu luz verde à criação, aprovando o projeto em 4 de março e revelando-o ao universo leonino a 13 do mesmo mês.
A formalização da secção foi apenas o primeiro capítulo. Seguiu-se a montagem da estrutura técnica e diretiva, com Melo Bandeira a assumir o papel de líder da secção, secundado por Vicente como seccionista. A equipa técnica ficou a cargo de Alfredo Ratão e Cícero Campos, enquanto nomes como João Pardal e Carlos Vaz garantiam a ligação ao espírito fundador. Nos primeiros treinos e convocações, começaram a surgir os jogadores que ficariam para a história como os primeiros a vestir a camisola verde e branca no futsal: Carlos Manuel, João José, Néné, Manelito, Vítor Morais, entre outros.
A 16 de março, os leões realizaram o primeiro treino de captação no Pavilhão de Alvalade. Era necessário construir uma equipa competitiva do zero, e o objetivo era claro: identificar talentos e formar um coletivo coeso. Sem competições oficiais ainda em curso, restava ao Sporting encontrar alternativas para testar o seu potencial. Foi assim que surgiu a oportunidade de participar no Torneio da Primavera, uma prova informal que se revelaria o primeiro palco competitivo da nova secção.
Foi precisamente nesse torneio que o Sporting se estreou em campo, a 13 de abril de 1985, frente ao Académico Clube de Sacavém. Na quadra do Campo de Ourique, os leões venceram por 3-1, dando o pontapé de saída numa caminhada repleta de conquistas. Este encontro não só marcou o nascimento competitivo da equipa, como também deu um sinal claro do que estaria para vir: um Sporting ambicioso, organizado e com um modelo de jogo já bem delineado.
Enquanto os regulamentos da modalidade ainda estavam por definir, o clube assumia um papel de pioneirismo. A primeira competição oficial organizada pela Associação de Futebol de Lisboa, o Campeonato Distrital de Seniores, só começaria na época seguinte, e o Sporting já partia em vantagem, com uma base montada e uma cultura desportiva em formação. Esse impulso inicial foi essencial para o desenvolvimento da modalidade em Portugal, e o contributo dos leões para a sua institucionalização é inegável.
A segunda versão da equipa, apresentada também em março de 1985, mostrava já alguma maturação e profundidade. Figuras como Jorge Correia (guarda-redes), Palma, Morgado ou Valdemar reforçaram um plantel em crescimento, mantendo-se a mesma base diretiva e técnica. O Sporting tornava-se não só numa equipa pronta a competir, mas também num polo estruturado de desenvolvimento da modalidade, com processos de treino, captação e gestão já bastante definidos para a época.
Hoje, com dezenas de troféus conquistados e uma das melhores equipas da Europa, o futsal do Sporting é símbolo de excelência. A recente conquista da Taça de Portugal pelos comandados de Nuno Dias, diante do Benfica, por 4-3, é só mais um exemplo do domínio interno que é, também, reflexo direto do espírito de 1985.
Antigo guarda-redes defendeu as balizas da formação leonina e regressou ao seu Clube de coração, já com estatuto de internacional
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Beto Pimparel não esconde que gostaria de ter feito mais com a camisola do Sporting. Em entrevista exclusiva ao Leonino - e já depois de André Martins ter feito o mesmo -, o antigo guardião lembrou o seu percurso no Clube de Alvalade, primeiro na formação e, posteriormente, aquando do seu regresso, em 2016/17.
Beto Pimparel: "Tive a sensação de que podia ter feito mais no Sporting"
Beto Pimparel, que nunca escondeu ser um adepto confesso do Sporting, recordou a sua passagem nos verdes e brancos: "Carinho não. Amor! Tive a sensação de que podia ter feito mais, não na minha segunda passagem pelo Sporting, mas na primeira. Obviamente, já lá vão muitos anos, quase 20 anos".
Beto Pimparel confessou que gostaria de ter tido mais sucesso no Sporting e respondeu a alguns dos que lhe apontam o dedo: “Obviamente que gostaria de ter tido a oportunidade que não tive, mas foi o que foi. Acabei por fazer o caminho por outro lado. O Sporting, na altura, prescindiu de mim e tive que fazer o meu caminho por outros clubes. As pessoas não entendem. Tive que fazer o meu caminho por outro lado e fui parar a um dos rivais, que é o Porto, clube pelo qual eu tenho carinho".
Beto Pimparel: "Era o meu sonho envergar a camisola do Sporting"
Beto Pimparel revelou ainda uma promessa que fez ao seu falecido pai, um Sportinguista ferrenho: “Era o meu sonho envergar a camisola do Sporting num jogo oficial. O meu pai tinha falecido há muitos anos, e eu prometi-lhe que no dia em que eu saísse do Sporting, eu ia voltar a esta casa, ia voltar para vestir a camisola do meu Clube, do Clube do meu coração, e acho que esse dia foi o dia em que eu realizei o sonho de pequena, de criança”.
"Vesti a camisola do Sporting muitas vezes no banco, na equipa sénior, em 2001/2002, quando fomos campeões, mas não tive a oportunidade de jogar, e nesse dia joguei um jogo [Famalicão] pelo Sporting. Realizei o sonho. Esse é o momento mais marcante para mim, tirando obviamente o dia em que eu entrei pela Porta 10A pela primeira vez", finalizou Beto Pimparel.
Beto Pimparel fez grande parte da sua formação no Sporting, tendo abandonado Alvalade, a título definitivo, em 2005, rumo ao Marco. Na temporada seguinte (2006/07), o antigo guardião rumou ao Leixões, onde esteve durante várias épocas, rumando, posteriormente ao Porto (2009 a 2011). Em 2016/17, oriundo do Sevilha, o guarda-redes assinou pelo Clube de Alvalade (nove jogos).
Um dos marcadores revelou detalhes inéditos do encontro no Estádio do Jamor que vitimou Rui Mendes, adepto Sportinguista
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A festa da final da Taça de Portugal será feita no próximo domingo, no dia 25 de maio, quando Sporting e Benfica subirem ao relvado do Estádio Nacional do Jamor para decidirem o vencedor da competição. A última vez que os dois rivais de Lisboa se encontraram no jogo decisivo da prova rainha, em 1996, deu-se um episódio que envergonha o desporto nacional e Mauro Airez, uma das principais figuras do jogo, recordou alguns momentos desse triste dia.
Em revelações inéditas ao portal desportivo Zerozero, o autor do primeiro golo do Benfica nessa final da Taça de Portugal desvendou alguns detalhes do dia que manchou a história do futebol português. No final da partida, os encarnados venceram o Sporting por 3-1, mas o resultado foi o menos importante naquele dia, quando o Adepto leonino, Rui Mendes foi assassinado por um engenho pirotécnico lançado pela bancada afeta às águias.
Depois do Benfica se colocar a vencer através do golo de Mauro Airez, aos 9 minutos, os adeptos encarnados lançaram o very-light que matou Rui Mendes. Sobre o trágico momento, o argentino recordou: “Inicialmente nem nos apercebemos do que aconteceu com o adepto do Sporting. Por isso é que continuámos com o jogo. Fizemos a 1.ª parte sem nos apercebermos do que aconteceu. Era um dia de muito calor e, quando fomos para intervalo, o primeiro a ir para o túnel fui eu, porque estava cheio de sede. Fui a correr para o balneário e quase fui atropelado pela ambulância que o levava”.
“Apercebemo-nos que tinha acontecido algo, mas não sabíamos o quê. Quando regressámos é que vimos o clarão na bancada. Mais tarde fiquei a pensar: 'se eu não tivesse comemorado com um mortal, se calhar a pessoa estava viva'”, revelou o jogador, mostrando o sentimento de culpa e arrependimento.
Sobre a possibilidade de interrupção da partida, após a morte de Rui Mendes, Mauro Airez deu conta de que o cenário chegou a ser uma possibilidade: “Foi falado ao intervalo e estava na iminência de se interromper o jogo. É um pau de dois bicos. Podia haver mais confrontos porque seria um jogo interrompido, com 45 minutos por jogar, quando estávamos em vantagem. Jogando noutro dia, a dinâmica não seria a mesma. Por outro lado, ainda bem que continuámos”
No entanto, mesmo depois de conquistar a Taça de Portugal pelo Benfica, Mauro Airez partilhou um sentimento de tristeza em relação ao trágico dia: “Foi uma final triste porque não houve festa e não levantámos a taça no estádio. Podia ter corrido bem ou mal, se interrompessem”.
Apesar do momento que manchou a história do futebol português, o dia iniciou-se em clima de festa, tanto para Benfica como para Sporting, tal como recordou Airez: “O Jamor estava cheio, parecia uma bandeira portuguesa. Estava uma loucura. Quando colocámos a bola no meio-campo e eu olhei para a equipa do Sporting, eu senti uma confiança enorme”.
Em revelações exclusivas ao Leonino, o antigo médio formado na Academia de Alcochete falou dos momentos que mais o marcaram em Alvalade
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André Martins falou de alguns dos temas que marcaram mais vincadamente o seu percurso no Sporting numa entrevista exclusiva concedida ao Leonino. Atuando como médio-centro, o antigo jogador foi formado na Academia de Alcochete, estreando-se no futebol sénior, por empréstimo, no Real Massamá na temporada 2009/10. Depois de novas cedências a Belenenses e Pinhalnovense, fez a sua primeira temporada ao serviço da equipa principal dos leões em 2011/12, onde ficou até 2015/16.
Certamente, a conquista da Taça de Portugal de 2015 perdura na memória dos Sportinguistas e com André Martins, a história não é diferente. Ao Leonino, partilhou as lembranças do dia em que o Clube conquistou a sua 16.ª prova rainha: “Foi um dia muito intenso e inesquecível para mim. Tínhamos dois golos de desvantagem, com um jogador a menos, ainda na primeira parte, e conseguimos dar a volta, vencendo nos penáltis. A forma como vencemos demonstrou a alma e a crença dessa equipa”.
Depois de três cedências nos seus primeiros anos enquanto jogador sénior, André Martins estreou-se, finalmente, na equipa principal do Sporting, numa partida contra o Vaslui a contar para a Liga Europa 2011/12, pelas mãos do treinador Domingos Paciência, sendo suplente utilizado e lançado no jogo aos 78 minutos.
Sobre esse dia e o que representava, André Martins partilha: “Foi um sonho tornado realidade. Quando saí de casa dos meus pais, com 12 anos, com o objetivo de representar o Sporting ao mais alto nível e tive a sorte de a minha estreia ter sido num jogo europeu”.
Mesmo sendo internacional ao serviço da seleção portuguesa e de representar o Comité Olímpico Português, a estreia na equipa principal do Sporting foi o momento de maior recompensa para André Martins: “Naquele momento, percebi que todos os sacrifícios que fiz e tudo aquilo por que lutei fizeram sentido".
Em relação ao que ficou por concretizar, o antigo atleta não conseguiu esconder o título que, por tantos anos, fugiu ao Sporting: Conquistar o campeonato pelo Clube do meu coração foi uma das coisas que me faltou”. Mas ainda assim, não é por isso que gosta menos da formação que o viu nascer para o mundo do futebol: “Guardo um carinho muito grande pelo Sporting e claro que estarei disposto a ajudar naquilo que precisarem”.
Depois de quatro anos ao serviço da equipa principal do Sporting, fora os anos que passou pela equipa de Alcochete, André Martins não consegue esconder o seu amor pelos leões e mostra-se grato pelos valores desportivos e pessoais que o Clube lhe transmitiu: “Tenho uma dívida de gratidão enorme por tudo aquilo que o Sporting me deu como atleta, porque foi onde me formei, e como pessoa, porque me incutiram os princípios e valores que levo para a vida”.