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INTERVENÇÃO SOCIAL EM 3D
Ao Sporting Clube de Portugal compete, como instituição de referência que é, praticar a solidariedade, seja directamente, seja por via da Fundação e até mesmo da SAD.
Imagem de destaque09 Abr 2020, 15:00

Ao Sporting Clube de Portugal compete, como instituição de referência que é, praticar a solidariedade, seja directamente, seja por via da Fundação e até mesmo da SAD, consoante o nível de actuação que se pretende ou que é necessário ter.

A Fundação, em si, é um instrumento de actuação de acção social com um espectro de intervenção abrangente. É, independentemente da ideia da sua criação, um importante meio de afirmação do Sporting Clube de Portugal como uma instituição de intervenção social, para além da notória importância para o panorama desportivo português.

O Sporting Clube de Portugal tem sido, ao longo de décadas, um dos responsáveis pela formação desportiva no país, nas diversas modalidades. Recordo uma pequena história, que vivenciei directamente, ocorrida num conhecido restaurante do bairro de Alvalade. Estava eu com uns amigos numa mesa e todos nos apercebemos que, noutra mesa, um adepto das cores erradas (o vermelho, pois claro) se dedicava ao “escárnio e ao mal dizer” para com um dos “nossos”. Era, no entanto, uma picardia saudável (daquelas que já vão sendo raras) e com alguma piada, por parte de qualquer dos intervenientes. A certa altura, uma das pessoas que me acompanhava (também ele das cores erradas) intrometeu-se na conversa, tendo levado ao propagar daquela “discussão” à nossa mesa e com interactividade entre ambas. Já um pouco mais a sério, o senhor das cores erradas, que se sentava na outra mesa, apercebendo-se da minha cor clubística, diz-me, de forma surpreendente: “Olhe, eu sou benfiquista mas gosto muito do Sporting”. Confesso que fiquei alguns segundos a tentar imaginar o cenário em que um benfiquista pode, de alguma forma, gostar do Sporting. Julgando eu tratar-se de mais um exercício de gozo, rapidamente fui desarmado da minha desconfiança por aquilo que, logo de seguida, o mesmo senhor me disse: “Quando era miúdo, gostava muito de jogar futebol. E quis jogar no meu clube, como é normal. Só que o meu clube não tinha escolinhas de formação, isto nos anos 50. Só tinham dos juvenis para cima. Então, acabei por jogar algum tempo no Sporting, até ter idade para ir para o meu clube, por já poder fazer parte das equipas de formação de lá”. E, nisto, puxa da carteira e mostra-me o cartão comprovativo do seu estatuto de jogador do Sporting Clube de Portugal, que ainda guardava consigo.

Em suma, aquele benfiquista, para além do bom gosto que é gostar do Sporting, era a prova provada de que o Sporting é um clube formador desde tempos idos. Portanto, o Sporting, já na década de 50, ajudava a formar atletas e homens de boa índole, como aquele senhor demonstrou ser. Socialmente, o Sporting Clube de Portugal é uma referência, eu diria, desde sempre.

As notícias que vão sendo publicadas, sobre a situação financeira dos clubes, por essa Europa fora e também em Portugal, são preocupantes. Na semana passada, falei sobre esse assunto e, de lá para cá, houve evolução no estado de coisas. O Sporting, aparentemente, iniciou uma ronda de conversações para reduzir a massa salarial do plantel de futebol. O Campeonato de Portugal foi dado como encerrado e há notícia de alguns clubes em dificuldades, assim como de atletas deixados à sua sorte. Também neste domínio, a administração da SAD deveria fazer tudo o que pode para garantir a sobrevivência das competições nacionais, em condições de dignidade desportiva e humana. Seria um bom passo tomar a iniciativa de agregar todos os clubes nesta discussão.

No fundo, o mal de outras instituições de menor dimensão não pode ser olhado com indiferença. O Sporting, bem como os seus principais rivais, precisam de quem alimente a competição. E para haver uma I Liga é necessário ter clubes com solvência financeira. Por sua vez, é primordial para a I Liga, que exista uma II Liga com clubes financeiramente equilibrados. E pela mesma ordem de razão, os campeonatos profissionais carecem de competições não profissionais que possam decorrer nas melhores condições que seja possível proporcionar.

Este é um problema de todos os clubes portugueses!

Boa Páscoa para todos!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

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