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A ETERNA RAZÃO DE SER

Continuo a acreditar que o Jornal Sporting é muito mais do que um simples projecto editorial. É uma marca dentro da própria marca que é o Clube

Leonino - Onde o Sporting é notícia
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O nascimento do Jornal Sporting, faz hoje 98 anos, e a sua resistência ao longo dos tempos é a prova maior de que a visão então materializada por José Serrano, primeiro director do Boletim Sporting, ainda se mantém tão actual como no dia em que pela primeira vez surgiu ao dispor dos Sportinguistas.



Escrevia-se então no n.º 1 que, por falta de notória cobertura digna, por parte da restante comunicação social, da vida do Sporting Clube de Portugal, a missão do projecto só poderia ser uma: informar os Sócios da vida do Clube, nas suas mais variadas vertentes, que ao longo do tempo se foram multiplicando, extravasando até a mera componente desportiva.


Hoje, o universo Sporting é um desafio estonteante para a contínua e árdua tarefa de informar a família leonina. A título de exemplo, recorde-se a distinção atribuída pela empresa norte-americana HP ao Sporting, em Março de 2018, com o Prémio Inovação em Processos Internos, pela utilização de equipamentos HP com tecnologia de toque no processo eleitoral que elegeu a última direção.


Referiu-se a expressão resistência logo na primeira linha deste texto laudatório porque foi sempre esse o caminho do Jornal ao longo dos tempos. Resistência não apenas à fraca cobertura da concorrência, mas também à evolução dos tempos na comunicação. A Emissora Nacional, mais tarde Antena 1, só apareceu em 1935 e um ano mais tarde a Rádio Renascença. Sobreviveu, como os grandes títulos, à rádio, à televisão, à internet e por impossibilidade humana e logística de ter os restantes órgãos de comunicação social a prestar o mesmo serviço que o Jornal Sporting presta aos Sportinguistas, a razão de ser da sua existência prolongar-se-á pela eternidade.

Escrevi, na altura devida, tecendo os devidos agradecimentos a quem tinham de ser feitos, que o dia 1 de Julho de 2016 foi um dia especial para mim. Não apenas como Sportinguista, mas também como jornalista. Ter a possibilidade de dirigir o Jornal do meu Clube foi a minha cadeira de sonho.

Desde logo, assumi o compromisso comigo mesmo que não sairia sem ter percorrido todas as modalidades abertas no Clube, isto é, fazer pelo menos uma reportagem por cada uma delas. Foi por isso mesmo que se escreveu sobre xadrez, pesca desportiva, tiro com arco e até paintball, que chegou mesmo a ter honras de 1.ª página, por estarem tão perto do título de campeões nacionais, o que viria a acontecer.

Gostaria de acreditar que também constituiu motivo de orgulho para a família leonina o facto de não só o futebol receber manchetes. Atletismo – óbvio! –; judo; andebol; natação; futsal; hóquei em patins; voleibol – a primeira secção a sagrar-se campeã no novo Pavilhão João Rocha –; goalball e o seu título europeu, matematicamente alcançado em Malmo, na Suécia, mas confirmado na nova casa das modalidades de Alvalade; assembleias gerais, eleições, a triste e irreparável perda de Moniz Pereira fizeram parte do caminho então percorrido.

Outra das mudanças operadas durante a minha direcção, provavelmente já não tanto do conhecimento do público, mas que me deixa particularmente feliz, foi o facto de, numa redacção de 12 pessoas, ter entrado com uma proporção de duas mulheres para 10 homens e ter saído com um equilibro perfeito de seis para seis. Não por qualquer obrigatoriedade de quotas paritárias, mas por acreditar que o valor não tem género e contribuir para acabar de vez com o estigma de que o desporto feminino não deve ser igualmente valorizado. Assim como o desporto adaptado, aliás umas das grandes bandeiras do anterior Conselho Directivo, nomeadamente por Luís Gestas, o maior obreiro do grande trabalho desenvolvido na área.

Quis, também, que à semelhança do que já acontece na área desportiva, o Jornal Sporting fosse uma academia de formação também no jornalismo. Felizmente, também aí tivemos a nossa quota de sucesso.

Continuo a acreditar que o Jornal Sporting é muito mais do que um simples projecto editorial. É uma marca dentro da própria marca que é o Clube. Assim como é a Fundação Sporting, a Sporting TV, embora todos eles tenham ainda muito caminho a percorrer para chegar ao quase centenário jornal. É pena que muitos só se lembrem do Jornal no seu aniversário e aqui deixo críticas à actual direcção bem como à anterior. Para os actuais, desde que tomaram posse, quantos jogadores da equipa profissional de futebol deram entrevistas ao Jornal Sporting, em comparação, por exemplo com o Record? Para o anterior presidente eleito, quantas entrevistas deu ao Jornal desde que foi eleito? Já para não referir o triste episódio na Assembleia Geral em que pediu aos Sócios para não lerem jornais, ouvirem rádios e verem tv’s e apenas se focarem na Sporting TV. Nessa noite, o Jornal não foi recordado. E ainda bem.

 

*O autor escreve de acordo com a ortografia antiga


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