Campeão pelo Sporting aborda tema Amorim: "Ainda tem obrigações a cumprir"

A saída de Rúben Amorim do Sporting rumo ao Manchester United parece quase confirmada, e o assunto está a gerar grande agitação entre os adeptos leoninos. Muitos expressam tristeza e até revolta nas redes sociais, destacando a importância de Amorim no recente sucesso do Clube. Com contrato até 2026 e uma cláusula de rescisão elevada, o treinador deixa um legado marcado por cinco títulos, incluindo dois Campeonatos Nacionais.

O impacto da saída de Amorim levanta preocupações sobre o futuro do Sporting e a continuidade do seu crescimento desportivo. A decisão do técnico de abraçar um novo desafio no estrangeiro também reflete o prestígio crescente do seu trabalho, que atraiu a atenção internacional. A comunidade leonina, no entanto, encara esta mudança com desilusão e apreensão, sentindo que o treinador estava ligado a um projeto ainda em evolução no clube de Alvalade.

Para o jornalista do Expresso, Daniel Oliveira, a saída do treinador de 39 anos vai prejudicar muito os leões: “Era evidentemente preferível que Rúben Amorim tivesse ido embora no fim da época passada. Assim, impediu que o Sporting e os jogadores tomassem decisões sobre o seu futuro, um, e as suas carreiras, outros, quando as podiam tomar.”

Isto tudo aconteceu porque Erik ten Hag foi despedido do Manchester United. O neerlandês não resistiu à derrota neste domingo com o West Ham (2-1), em Londres, que empurrou o histórico clube de Manchester para o 14.º lugar da Premier League. Desde então venceu dois troféus - a Taça da Liga em 2023 e a Taça de Inglaterra na época passada.

Ao comando do Sporting, Rúben Amorim conquistou cinco títulos: dois Campeonatos Nacionais (2020/21 e 2023/24), duas Taças da Liga (2020/21 e 2021/22) e uma Supertaça Cândido de Oliveira (2021). O treinador tem contrato com o Clube de Alvalade até junho de 2026.

Rúben Amorim está cada vez mais perto de ser o próximo treinador do Manchester United, apesar de ainda não ter confirmado que vai deixar de ser o técnico do emblema verde e branco. O sucessor deverá ser João Pereira, que orienta a equipa B do Sporting.

A verdade é que o próprio Rúben Amorim já tinha avisado sobre esta possibilidade, quando conquistou o primeiro título de leão ao peito, em 2020/21. Na altura, o ainda treinador da equipa principal disse que João Pereira “seria treinador, mas para não o ver roubar-me o lugar, treinaria os sub-14".

O antigo lateral-direito assumiu os sub-23 verdes e brancos, onde esteve por três temporadas, antes de ter assumido a equipa B no início deste ano – agora pode estar a preparar-se para dar outro salto na carreira, talvez até mais rápido do que estaria à espera.

As palavras do ainda treinador verde e branco não são a única coisa que liga os dois técnicos portugueses: tal como Amorim, João Pereira fez a formação no Benfica e também deixou o Braga a meio da época para se juntar ao Sporting – na altura, em 2009/10, ainda como jogador. Três anos volvidos iria deixar os leões, para se voltar a juntar à equipa na temporada 2015/16.

Voltou a sair para a Turquia pouco mais de um ano depois, mas o percurso em Alvalade não terminou aí. Em 20/21, já perto de se retirar, aceitou o convite e terminou a carreira no Sporting. Não foi muito utilizado, mas tornou-se campeão pelos leões. João Pereira retirou-se no futebol no fim dessa época e passou logo para o banco, com os sub-23. À semelhança de Amorim, pode tornar-se treinador da equipa principal dos leões sem ainda ter concluído o curso de treinador, cujo diploma deverá receber em dezembro. 

A iminente saída de Rúben Amorim do Sporting tem dominado por completo o ciclo mediático, e são já inúmeras as opiniões e tomadas de posição sobre as várias partes implicadas na complexa equação da aparente transferência do treinador para o Manchester United.

Luís Miguel Henrique, advogado de Jorge Jesus, foi uma das vozes que se pronunciou sobre o tema, num artigo do jornal Record. O advogado começou por confessar que “um convite do Manchester United é algo difícil de recusar e nestas coisas não se escolhe o timing, é o timing que nos escolhe a nós”, pondo em perspetiva a difícil tarefa de Rúben Amorim quando surgiu o convite dos ‘Red Devils’.

Admitindo um “tremendo orgulho” pelo facto de dois portugueses poderem vir a ocupar cargos tão altos no futebol mundial – Hugo Viana como diretor desportivo do Manchester City e Rúben Amorim como treinador do Manchester United - Luís Miguel Henrique pede calma e ponderação aos adeptos: “Claro que os adeptos tenderão, no imediato, a pensar com o coração, mas tempo, distanciamento e frieza, tenderão a compreender e aceitar, até porque nenhum treinador deu tanto ao Sporting em tão pouco tempo nas últimas décadas”.

O discurso do advogado também foi muito direcionado a Frederico Varandas. Apontou que “se Rúben e Hugo têm muito a ganhar com este passo, Varandas e Zenha poderão ter tudo a perder” devido ao facto de muitos adeptos atribuírem os sucessos do Sporting às duas figuras que estão de partida. Destacou, então, que esta “será também uma clara oportunidade de afirmação plena e corrigir essa eventual injustiça para os dois dirigentes”.

Para o futuro, o advogado - que presume que Varandas esteja “numa encruzilhada emocional brutal” - afirma que para o Presidente do Sporting “a melhor abordagem estratégica (...) passará por estabelecer prioridades e definir o que é mais importante para o clube no curto-prazo, por forma a manter o equilíbrio entre a saúde financeira e sucesso desportivo. Só assim permanecerá a estabilidade política e a possibilidade de poder continuar a pensar o clube 10 anos à frente”.