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A 19 de março de 1944, o Estádio do Lumiar foi palco do Dérbi mais emblemático do futebol português, com o Sporting a defrontar o Benfica num jogo decisivo para a atribuição do título nacional. O 'palco' do encontro registou uma das maiores afluências de sempre, com relatos que apontam para uma assistência nunca antes vista.
À entrada para a 17.ª jornada do campeonato nacional da época 1943/44, o Sporting liderava a classificação com um ponto de vantagem sobre o Benfica. Uma vitória dos leões garantiria o título, enquanto que uma derrota, por outro lado, colocaria os encarnados à frente, o que tornou particularmente intenso este duelo.
Joseph Szabo levou o Sporting a apresentar-se em campo com Azevedo, Octávio Barrosa, Álvaro Cardoso, Manecas, Carlos Canário, Eliseu, Albano, António Marques, João Cruz, Adolfo Mourão e Fernando Peyroteo. Já János Biri, timoneiro do Benfica, optou por António Martins, Manuel da Costa, Francisco Ferreira, João Silva, António Carvalho, Francisco Albino, Rogério Pipi, César Ferreira, Julinho, Francisco Pires e Jaime Correia.
O Sporting optou por nunca adotar uma postura defensiva e foi assim que, logo no segundo minuto de jogo, António Marques levou a bola a embater na barra. Depois de mais algumas boas oportunidades, foi então que Carlos Canário, já em cima do intervalo, entregou para Peyroteo e o sujeito do costume, já na área, marcou na sequência de um remate colocado.
Na segunda metade do jogo, o Sporting podia ter aumentado a vantagem. Adolfo Mourão teve uma chance clara de golo e só o guarda-redes António Martins lhe negou o mesmo. Nos últimos 10 minutos, o Benfica foi com tudo em busca do empate, mas a defesa verde e branca não facilitou e o marcador não sofreu alterações até ao apito final.
Com esta vitória pela margem mínima, o Sporting assegurou matematicamente o seu segundo Campeonato Nacional de Futebol, que serviu como a 'cereja no topo' de uma época de excelência. Joseph Szabo, o treinador com mais vitórias pelo Sporting, reforçava também a sua importância no Clube.
Recorde o triunfo mais gordo dos leões frente à turma de Moreira de Cónegos, que contou com tentos de antigos jogadores de águias e dragões
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No dia 28 de novembro de 2004, o Sporting recebeu o Moreirense num jogo a contar para a então SuperLiga 2004/05. Os comandados de José Peseiro acabaram por vencer a partida por 4-1, com os golos leoninos a serem apontados por Mauricio Pinilla (9’), Carlos Martins (20') - que viria a representar o Benfica, Hugo Viana (65’) e Liedson (90’) - que mais jogou no Porto. Este é o triunfo caseiro mais gordo da história dos leões diante da turma de Moreira de Cónegos até aos dias de hoje. Recorde tudo o que disse Rui Borges na antevisão.
Ricardo, Anderson Polga, Beto, Paíto, Custódio, Hugo Viana, Carlos Martins, Fábio Rochemback, Rogério, Liedson e Mauricio Pinilla constituíram o 11 inicial do Sporting. Já o técnico da equipa visitante, Vítor Oliveira, apostou em João Ricardo, Ricardo Fernandes, Orlando, Sérgio Lomba, Tito, Jorge Duarte, Luís Vouzela, Filipe Anunciação, Afonso Martins, Fernando Moura e Lito
A primeira aproximação do Sporting à balização adversária resultou em golo: aos 9 minutos, Pinilla recebeu um passe de Paíto que domina no peito e com um belo drible livrou-se dos três adversários que tinha à sua volta antes de rematar à baliza, ainda fora da grande área. 1-0 para os comandados de Peseiro através de um belo golo do chileno.
O Sporting manteve a pressão e as tentativas de fora da área, agora foi o jovem Carlos Martins, num remate de efeito de fora para dentro, bateu o guarda-redes do Moreirense aos 20 minutos de jogo (2-0). Os restantes golos da partida estavam reservados para o segundo tempo.
Após o regresso dos balneários, o jogo esteve equilibrado e na sua segunda tentativa, o Moreirense chegou mesmo a marcar. Golo de Afonso Martins, o ex-Sporting, dá o melhor seguimento a um centro do seu colega de equipa e com uma cabeçada, deixou Ricardo preso ao chão. 2-1 aos 56 minutos da partida.
O Sporting para não se deixar apanhar de surpresa, meteu o pé no acelerador e aos 65 minutos de jogo, Hugo Viana aproveitou uma bola na entrada deixada por um alívio incompleto do defesa central visitante, Ricardo Fernandes, e aumentou a vantagem para a formação de Alvalade (3-1).
Para fechar o resultado final, apenas ficava a faltar o golo do suspeito do costume, Liedson. Após uma bela arrancada pela esquerda de Paíto, o moçambicano tirou um cruzamento para o coração da pequena área, onde o “Levezinho” apareceu sozinho e apenas teve de cabecear e marcar o tento que fechava o marcador deste jogo. Quando o árbitro apitou para o final do encontro, o resultado foi uma goleada por 4-1, no Estádio José Alvalade.
Com o resultado deste embate frente à equipa de Moreira de Cónegos, o Sporting subiu duas posições na tabela classificativa, após aproveitar deslizes de Marítimo e Vitória de Setúbal. Os leões acabaram por terminar essa jornada em quinto lugar. Já a formação do Moreirense iniciou a jornada em último e viu o fosso para os restantes abrir, já que as restantes equipas abaixo da linha de água, Gil Vicente e Beira-Mar, conseguiram pontuar.
Equipa verde e branca era favorita, mas acabou por facilitar e viu-se surpreendida por conjunto que, para alguns, parecia derrota logo à partida
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Era uma tarde de abril que parecia destinada a mais uma jornada rotineira de domínio leonino, mas a 17 de abril de 1949 o futebol português assistiu a um dos seus momentos mais surpreendentes que, infelizmente, ditou a eliminação do Sporting da Taça de Portugal, às mãos do modesto Tirsense.
Em pleno Estádio Abel Alves de Figueiredo, em Santo Tirso, a equipa então alinhada na terceira divisão nacional escreveu uma das páginas mais improváveis da história da prova rainha, ao conseguir uma vitória sobre o poderoso Sporting, por 2-1, quando nada nem ninguém o faziam esperar.
O Sporting, nessa altura, era a equipa que todos os adversários tinham 'alvo a abater'. Detentor das últimas três edições da Taça de Portugal, o Clube de Alvalade contava com os lendários Cinco Violinos, uma linha ofensiva composta por Jesus Correia, Manuel Vasques, Albano, José Travassos e Fernando Peyroteo que diluía resistências com uma facilidade quase mecânica.
O treinador Cândido de Oliveira tomou uma decisão que, à época, pareceu sensata: preservar alguns dos seus principais jogadores. Veríssimo, Jesus Correia, José Travassos e Fernando Peyroteo, todos figuras fundamentais do Sporting, ficaram de fora, uns por lesão, outros por precaução. Afinal, o adversário era o Tirsense, uma equipa da 3.ª divisão, e o Sporting, tricampeão em título da Taça de Portugal, era amplamente favorito.
Como se esperava, os leões assumiram o controlo desde o apito inicial. Bastaram 12 minutos para que Armando Ferreira colocasse a equipa de Lisboa em vantagem, consolidando a sensação de que seria uma vitória tranquila. Mas essa ilusão desvaneceu-se rapidamente: aos 20 minutos, Catolino restabeleceu a igualdade e silenciou os visitantes. O Sporting ainda esteve perto de voltar a liderar antes do intervalo, numa sequência em que Sérgio Soares atirou à trave e Vasques, no ressalto, viu a bola embater no poste, duas oportunidades claras que deixaram o golo por milímetros.
Na segunda parte, o Sporting intensificou o seu domínio territorial e ofensivo. Sérgio Soares, chamado a substituir a lenda Peyroteo, foi um dos mais ativos. A pressão era imensa e o jovem avançado acusou a responsabilidade de substituir um dos maiores goleadores da história do clube. A cada falhanço, crescia a sensação de que o destino daquela partida se inclinava para algo extraordinário.
E foi mesmo isso que aconteceu. Já nos minutos finais, quando o jogo parecia destinado a prolongar-se ou pender finalmente para os leões, surgiu o momento que entrou para a história: um erro do guarda-redes João Azevedo, que jogava limitado fisicamente, abriu caminho para Mendes inscrever o nome na lenda do Tirsense, fazendo o 2-1. O golo virou o país do avesso e deixou incrédulos os adeptos do Sporting.
A derrota não foi só chocante, como foi também dolorosamente polémica. Os dirigentes do Sporting reagiram com incredulidade e apresentaram protesto formal. As razões invocadas incluíam o incumprimento do regulamento que obrigava à utilização de bolas fornecidas por cada um dos clubes em cada parte do jogo, bem como a precariedade das marcações no campo do Tirsense, que motivou, até, um golo anulado aos leões. Havia, ainda, a acusação de que o árbitro falhou na compensação de tempo, num jogo em que os tirsenses, segundo a versão Sportinguista, terão recorrido em demasia à gestão do cronómetro.
A contestação não foi aceite. O resultado manteve-se e a expressão "campo inclinado", cunhada com sarcasmo pelos adeptos leoninos, ganhou fama como símbolo da frustração com aquele dia fatídico em Santo Tirso que, ainda hoje, continua a ser recordado quando se fala da Taça de Portugal e do Sporting.
Clube de Alvalade foi derrotado em casa do rival nortenho na primeira partida de sempre entre os dois emblemas na prova rainha
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No dia 16 de abril de 1944, Porto e Sporting defrontaram-se, pela primeira vez, na Taça de Portugal (competição que os leões ainda podem vencer em 2024/25). Nessa data, jogou-se a primeira mão dos oitavos de final da prova rainha da época 1943/44. No Estádio do Lima, em Covelo, no Porto – à data, a “casa” dos azuis e brancos – os dragões venceram por 2-0, com golos de Correia Dias, aos 61 minutos, e de Pinga, aos 64, e colocaram-se em vantagem na eliminatória.
O treinador do Sporting, Joseph Szabo, fez alinhar de início os seguintes jogadores Azevedo (Guarda-redes), Octávio Barrosa, Álvaro Cardoso, Carlos Canário, Eliseu, Manecas, Fernando Peyroteo, Narciso João Cruz, Jesus Correia e Albano.
Por outro lado, o emblema azul e branco, que era treinado pelo técnico húngaro Lippo Hertzka, atuou com o seguinte onze titular: Barrigana (Guarda-redes), Guilhar, Alfredo Pais, Sarrea, Maiato, Álvaro, Faria, Lourenço, Araújo, Pinga e Correia Dias.
A primeira parte do encontro - arbitrado por José Lira, da Associação de Futebol de Braga - não teve golos. As redes só abanaram na segunda metade do desafio e, no período de três minutos, o Porto conseguiu dois remates certeiros. Aos 61 minutos, o avançado Correia Dias fez o primeiro tento e, aos 64, foi a vez do madeirense Pinga bater o guarda-redes dos leões Azevedo.
Uma semana depois, as duas equipas voltaram a defrontar-se, no jogo da segunda mão. No recinto dos verdes e brancos, no Lumiar, registou-se um empate 3-3 e o Porto apurou-se para os quartos de final da Taça de Portugal, com um resultado agregado de 5-3. Na fase seguinte da competição, os dragões viram a ser eliminados pelo Estoril, numa edição da prova conquistada pelo Benfica.
Apesar da precoce eliminação da Taça de Portugal, a temporada 1943/44 foi positiva para o Sporting. Nessa época, o Clube de Alvalade sagrou-se campeão nacional, com o registo de 14 vitórias, três empates e apenas uma derrota, que se traduziram num total de 31 pontos - na altura, os triunfos eram premiados com dois pontos. A equipa leonina teve também o segundo melhor ataque da competição, com 61 remates certeiros, e a melhor defesa, com 22 golos sofridos. Nessa edição do campeonato, os verdes e brancos venceram o Porto por duas vezes (2-0, em casa, e 3-1, fora) e ainda levaram a melhor no dérbi frente ao Benfica, triunfando por 1-0, no Lumiar.
Já no Campeonato de Lisboa, os leões terminaram no terceiro lugar da classificação, com 22 pontos - menos quatro do que o Benfica e menos seis do que o vencedor Belenenses. O Sporting venceu cinco partidas, empatou duas e perdeu três, tendo marcado 28 golos e sofrido 24.