Grandes, mas inevitáveis novidades…
Troca no comando técnico nesta fase iria seguramente desfocar a equipa e também aqui, no meu entender, os interesses do Clube estão a ser salvaguardados
12 Set 2020 | 09:24
0Uma análise do relatório e contas 2019/2020 da SAD
A reestruturação financeira concluída em 2014, em que a Sporting SAD comprometeu-se a:
Pergunta: por que é que foi “rasgada” a reestruturação financeira negociada pela antiga direção? Foi porque arranjaram uma alternativa melhor? Não.
Na página 143, na Nota 21. Financiamentos Obtidos temos o quadro que revela a antecipação de receitas dos direitos televisivos, por recurso ao Factoring/Titularização de Créditos, com o detalhe que está na imagem seguinte.
https://twitter.com/leoninopt/status/1304697869857890305
Embora sem grande enfase e quase parecendo uma nota de rodapé, fica evidente que a Administração já antecipou tudo o que havia a receber do “recorde de vendas de jogadores”, o que será visível na análise aos Fluxos de Tesouraria, e ainda mais importante para a análise das necessidades para a próxima época de 20/21.
Estas operações de financiamento com antecipação de receitas têm um reflexo nos juros e nos custos financeiros que a Sporting SAD está a suportar, conforme podemos ver no quadro da página 124, na Nota 10. Resultados Financeiros.
https://twitter.com/leoninopt/status/1304697899696222208
Verificou-se um acréscimo de 50% nesta rúbrica face a 2018/19 e se olharmos para os Juros, no valor de quase 13 M€/ano, valor este para uma dívida financeira de 126 M€, eleva a taxa média a mais de 10%/ano. Uma enormidade.
Como sabemos o Empréstimo Obrigacionista tem uma taxa fixa de 6,25%, logo para em média estarmos nos 10%, então o custo das operações mais recentes, contraídas e negociada por esta direção, terão de ser acima da média dos 10%.
Assim temos que:
1 - O ciclo operacional está francamente negativo, tendo inclusive piorado face ao ano anterior, este que é o ciclo que nos indica se uma atividade, seja ela qual for, está saudável economicamente. Pagaram-se mais 53.3 M€ do que se recebeu e mais haveria para pagar. A operação está claramente a ser financiada pelo ciclo de investimento, ou seja, pelas vendas de ativo/plantel.
2 - O ciclo de investimento está a gerar dinheiro, pelo desinvestimento que está a ser feito através da venda dos melhores ativos. Receberam-se mais 98.6 M€ do que se pagou. Aqui entram os tais 81.4 M€ de créditos sobre vendas de jogadores que foram antecipados em operações de Factoring.
3 - O ciclo de financiamento está a aplicar o dinheiro gerado pelo ciclo de investimento, reduzindo o stock de dívida. Pagaram-se 23.3 M€ em redução de dívida bancária, num total de 33.2 M€ de aplicações de fundos.
No final do exercício de 2019/20 e dadas estas origens e aplicações ainda se ficou com cerca de 15.4 M€ na conta bancária como se pode ver no quadro seguinte, o que dá para pagar, grosso modo, cerca de 4 meses de salários.
https://twitter.com/leoninopt/status/1304697938476781568
2 - No ciclo de investimento e com a conta de Fornecedores a atingir os 56 M€, exigíveis pelos nossos credores a menos de 1 ano, com a seguinte distribuição: 1) Clubes com 26.5 M€, 2) Agentes com 21.5 M€ e 3) outros credores com 7.9 M€; e por outro lado, com a conta de Clientes com 17,2 M€ a receber, a maior parte dos quais referentes à venda dos direitos desportivos do Mateus Pereira, então, o ciclo de investimento pode-se considerar bastante desequilibrado, parecendo que a perda sucessiva de qualidade do plantel secou a fonte de financiamento da atividade operacional, pelo menos para já, pois não houve nenhuma transação relevante no mercado de Verão que pudesse vir a equilibrar a balança.
3 - No ciclo de financiamento vemos que a Dívida Financeira corrente tem o valor de 17.6 M€ da titularização de créditos que tem de ser amortizada.
Da análise do R&C e fazendo um exercício previsional da atividade da Sporting SAD temos no quadro seguinte, numa simplificação, o cenário que se extrai das peças financeiras, e que faz transparecer uma necessidade de quase 75 M€ para que a Sporting SAD mantenha a sua atividade equilibrada e a fazer fce aos compromissos assumidos. Vejamos:
https://twitter.com/leoninopt/status/1304698311014744066
Concluindo
Parece evidente que partindo das receitas que estarão disponíveis para a próxima época, no total de cerca de 56 M€, e com os gastos operacionais de cerca de 80M€/ano, alguma coisa terá de ser feita em termos de atos de gestão para equilibrar esta sangria de dinheiro constante. Se nada for feito por volta de janeiro de 2021 a Sporting SAD estará perto da rotura de tesouraria, mesmo não pagando nada do que deve aos Clubes e aos Agentes.
As perguntas que ficam no ar são: será que a Administração da SAD estará a contar com o mercado de Inverno para fazer duas vendas salvadoras, pois uma só não chegará, dos jovens jogadores do plantel? Ou será que ainda vai vender ao desbarato neste mercado de Verão? Ou pura e simplesmente não pagará o que deve a Fornecedores? Ou será um misto disto tudo?
Depois de se analisar o R&C fica-se com a clara noção que:
Esta é a análise que deve de ser feita, olhando para o futuro, mas retirando as lições aprendidas do passado, com racionalidade, não com chavões propagandísticos de recordes de vendas que não passam de vitórias de Pirro, pois as vendas são consequência da má gestão e da asfixia financeira, e não dos bons resultados desportivos.
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Nem está tudo bem quando se ganha, nem tudo mal quando se perde! Chega de lutas de egos, chega de falar do passado e casos mal resolvidos, chega do eu em vez do nós.
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02 Nov 2024 | 17:40
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30 Out 2024 | 14:26
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19 Jul 2024 | 15:49
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