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Histórias do Leão
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Foi na madrugada de 12 de agosto de 1984 que Portugal parou para ver Carlos Lopes fazer história. O atleta do Sporting, que representava o país nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, mostrava-se pronto para pôr em prática os dois anos e meio de preparação intensa e no final não podia ter saído mais sorridente: acabou com a medalha de ouro ao peito.
Em 2025, este inesquecível feito terá a oportunidade de ser divulgado junto dos mais novos através de um projeto que tem o antigo atleta dos leões como protagonista. Carlos Lopes vai deslocar-se até cinco escolas do país para espalhar a palavra sobre este triunfo e, também, para incentivar os mais novos a praticarem desporto.
"Quando mostramos as medalhas, os cações e os sapatos, transmitir confiança, segurança e conforto em fazer desporto torna-se fácil", fez notar o ex-maratonista, em declarações à RTP, estação que marcou presença na primeira destas palestras.
"As pessoas precisam de figuras e pessoas que transmitam valores. Quero que cheguem a casa e digam: 'estive com um campeão olímpico, foi muito engraçado e ele deu-nos algumas dicas do que é preciso fazer para se ser melhor'", acrescentou.
Agora, aos 78 anos, Carlos Lopes está focado em passar a sua experiência a quem está agora a dar os primeiros passos no mundo do desporto ou, até, a jovens que ainda não tinham sentido vontade de praticar uma modalidade e de se afastarem do sedentarismo.
A medalha de ouro ganha pelo próprio em 1984 continua a ser lembrada como um marco do desporto nacional, sendo que Carlos Lopes conseguiu, também, a proeza de ser dono do recorde mundial de maratona, com duas horas, nove minutos e 21 segundos.
A antiga glória do Clube de Alvalade - conhecida por inúmeros feitos e títulos - tem atravessado alguns problemas de saúde, nomeadamente em 2023, altura em que se soube, através de Luís Osório, que tinha dificuldades em deixar, até, a sua residência. "Sei que estás doente, que te é difícil sair de casa, que de quando em vez ficas triste pelo esquecimento do país, de alguns amigos que julgavas serem amigos, coisas que antes não te passavam pela cabeça", começou por dizer.
"Escrevo-te este postal para te dizer que não te esqueço. E como eu milhares de portugueses. Talvez até milhões que não se esquecem o que fizeste e o que és - sabes bem que uma coisa e a outra não estão necessariamente ligadas. O que fizeste é esmagador", completou, na altura, o jornalista.
Equipa verde e branca confirmou a superioridade e voltou a conquistar um título que também conseguiu nas últimas sete temporadas
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A equipa de ténis de mesa do Sporting sagrou-se campeã nacional pela oitava vez consecutiva, em 1992. Os leões vinham de um contexto de muitas vitórias, mas tiveram de ultrapassar várias adversidades e um dos campeonatos mais renhidos da história para confirmarem o seu oitavo triunfo seguido.
A equipa Leonina era dos conjuntos mais vitoriosos em Portugal. Na temporada anterior, tinham vencido tudo o que havia para vencer: Campeonato Nacional e a Taça de Portugal em masculinos e femininos; o Campeonato de Lisboa por equipas femininas; os campeonatos individuais nacionais e regionais de individuais masculinos e femininos, e de pares masculinos, femininos, e mistos; e os campeonatos individuais absolutos masculino e feminino. Fizeram-no com um pleno de vitórias.
Para além disto, a equipa masculina do Sporting não perdia qualquer encontro há sete anos, um número incrível. Neste sentido, a expetativa era alta quando, na época de 1992, os leões apresentavam a mesma equipa que vinha a triunfar tanto nos anos anteriores: Pedro Miguel, Nuno Dias, Chen Shi Chao, e Paulo Fernandes.
Em 1992, finalmente o Sporting tinha rival à altura em Portugal, devido ao investimento dos madeirenses do São Roque. O embate entre as duas equipas foi o encontro da primeira jornada desse campeonato e os leões venceram em casa por renhidos 5-4 (10-8 em sets), um resultado que se tinha tornado pouco habitual em Alvalade.
O campeonato prosseguiu, e as duas equipas não perderam qualquer partida. O nível que os dois conjuntos demonstravam era de tal forma alto, que nenhuma outra equipa conseguiu sequer ameaçar alguma dificuldade para leões e madeirenses.
Por isso, o jogo da segunda volta do campeonato entre as duas equipas ganhava importância imperial. Há muitas histórias à volta da partida, inclusive relatos de que os madeirenses não tivessem disponibilizado condições suficientes para a equipa do Sporting treinar, e até alguns problemas com adeptos dos leões. O jogo demorou mais de cinco horas e foi uma grande batalha, renhida em cada set, numa partida que trouxe a primeira derrota verde e branca desde 1984 - 5-4 (10-9 em sets) para o São Roque foi o resultado final.
As duas equipas terminaram o campeonato com os mesmos pontos, visto que ganharam todos os jogos com as restantes equipas. O segundo critério de desempate também mostrava igualdade, uma vez que nos dois confrontos diretos se tinha verificado o mesmo resultado. No entanto, o terceiro critério de desempate dava vantagem ao Sporting - o número de sets ganhos no confronto direto. Os leões tinham vencido por 5-4, com 10-8 em sets; os madeirenses conseguiram o mesmo resultado, mas com 10-9 em sets. O Sporting conquistava, assim, o campeonato nacional de ténis de mesa de 1992... por um set.
Fez escola na Alemanha e voltou a Portugal com uma ideia definida de como devia ser jogado o futebol. Foi campeão por duas vezes nos primeiros anos do Clube
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Augusto Sabbo é uma das figuras míticas do Sporting e continuará a sê-lo durante muitos anos. O antigo treinador nasceu no dia 27 de março de 1887 e é dono de uma carreira que ficou marcada, para toda a eternidade, na história do Clube.
Augusto Sabbo nasceu em Lisboa, mas mudou-se para a Alemanha para estudar e lá ingressou no Mittweidaer Ballspiel Club da Saxónia, onde jogou futebol. Quando voltou a Portugal, jogou no CIF, onde brilhou como capitão de equipa e treinador.
Da Alemanha, Augusto Sabbo trouxe métodos de treino e de jogo que eram inovadores em Portugal. Introduziu a célebre "teoria da triangulação", que mais tarde viria a implementar, com muito sucesso, no Sporting. A ideia é que os jogadores não fizessem movimentos consoante as circunstâncias do jogo, mas sim com o objetivo de obrigar o adversário a mexer-se para onde não têm de estar. Também a exigência física que impunha nas equipas era superior ao que se tinha visto em solo nacional até esse momento.
Chegou ao Sporting durante a época 1921/1922. Antes disso, em 1921, foi escolhido como selecionador nacional, mas muitos jogadores ficaram desagradados com a componente física do treino de Augusto Sabbo e o técnico não chegou a orientar nenhum jogo da equipa das quinas.
No primeiro ano de leão ao peito, consegue sucesso imediato: o Clube vence o seu 3.º Campeonato de Lisboa, e chega à final do Campeonato de Portugal, que perde com o Porto. No ano seguinte, o Sporting vence esses dois trofeus, apesar de Sabbo só ter estado no Clube até fevereiro - saiu, alegadamente, devido à Direção não o ter deixado formar a equipa. Voltou no início da época 23/24, mas saiu de novo em fevereiro de 1924.
Em 1923, Augusto Sabbo, um estudioso do futebol, escreveu um livro, intitulado 'Football (Técnica e Didáctica de Jogo)', sobre os aspetos do jogo que considerava mais importante, marcando também o seu contributo para o crescimento da cultura futebolística em Portugal.
Viria a passar pelo Sporting mais uma vez, em 1926, tornando-se o primeiro treinador remunerado da história do Clube, mas a crise financeira ditou o seu despedimento em 1927. Ingressou, ainda, no Barreirense, onde criou outro projeto de sucesso, que levou a duas finais do Campeonato de Portugal. Chegou a ser árbitro e a fazer parte das primeiras equipas de râguebi dos leões. Viria a morrer com 84 anos, a 30 de outubro de 1971.
Processo eleitoral foi um dos mais concorridos da história do Clube e, até hoje, é lembrado por várias peripécias e pela atenção mediática que recebeu
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Após a demissão de José Eduardo Bettencourt da Presidência do Sporting, a 15 de janeiro de 2011, foi convocada uma Assembleia Geral eleitoral extraordinária para o dia 26 de março do mesmo ano. A mesma, agendada com mais de dois meses de antecedência, deu início a um processo eleitoral extenso, com uma significativa participação mediática e diversos debates públicos entre os candidatos, tendo terminado com a vitória de Godinho Lopes.
O empresário Brás da Silva foi o primeiro a manifestar intenção de se candidatar, dando conta de um fundo de 50 milhões de euros destinado ao futebol. A proposta levantou questões quanto à origem deste valor, que alguns associavam a Angola. Pouco tempo depois, Brás da Silva retirou-se da corrida, alegando motivos pessoais e pressão externa. João Rocha Jr. foi outro nome falado na fase inicial, embora nunca tenha confirmado ou comentado uma eventual candidatura.
Bruno de Carvalho apresentou-se como candidato com o igual apoio de um fundo de 50 milhões de euros, cuja origem foi atribuída a investidores russos. A candidatura incluía nomes como Eduardo Barroso para a Presidência da Mesa da Assembleia Geral, Augusto Inácio na vice-Presidência para o futebol e Marco van Basten como proposta para treinador.
Dias Ferreira também avançou, com uma candidatura que incluiu Paulo Futre como diretor desportivo e o nome do treinador Frank Rijkaard como possibilidade para comandar o plantel. Nesta altura, tornou-se inesquecível a conferência de imprensa de Futre, que apresentou vários nomes de jogadores a contratar e prometeu, ainda, a chegada de "charters de chineses" que ficariam interessados em ver os jogos do Clube de Alvalade.
Pedro Baltazar, antigo acionista da SAD, propôs-se como Presidente com um perfil semelhante ao de João Rocha, defendendo a permanência de José Couceiro na área do futebol e sugerindo Zico para treinador. Sérgio Abrantes Mendes foi outro candidato, com um discurso centrado na estabilidade e contenção. Contou com o apoio de Zeferino Boal, que retirou a sua candidatura para integrar esta lista.
Do lado da estrutura dirigente em funções, Rogério Alves chegou a ser apontado como potencial candidato, mas acabou por liderar a lista para a Presidência da Mesa da Assembleia Geral. Godinho Lopes assumiu, então, a candidatura, com uma lista composta por nomes como Carlos Barbosa, Nobre Guedes e Paulo Pereira Cristóvão. A nível desportivo, a aposta recaiu na dupla Luís Duque e Carlos Freitas, sendo Domingos Paciência o treinador mais referido durante a campanha.
Toda a campanha foi marcada pela elevada intensidade e o destaque acabaram por ser os projetos apresentados por Bruno de Carvalho e Godinho Lopes. As sondagens, a comprovar esta competitividade, até apontavam um empate técnico entre estes dois candidatos.
Ao final da noite eleitoral, Godinho Lopes viria a ser anunciado como Presidente eleito, com 36,5%, por uma diferença de 360 votos, num universo de mais de 14 mil Sócios votantes. A cerimónia de posse decorreu à porta fechada, na sequência de alguns protestos. Eduardo Barroso foi eleito para a Presidência da Mesa da Assembleia Geral, mas não esteve presente na cerimónia. Bruno de Carvalho anunciou a intenção de interpor uma providência cautelar para impugnar os resultados, apontando discrepâncias no processo eleitoral, mas o pedido acabou rejeitado.
A presidência de Godinho Lopes, a 41.ª da história do Sporting, durou apenas até 2013, altura em que os Órgãos Sociais renunciaram aos seus mandatos. Na origem desta decisão estiveram, principalmente, os maus resultados desportivos, bem como as várias trocas de treinador na equipa principal de futebol. Ainda recentemente, Ricardo Sá Pinto, um dos técnicos deste período, queixou-se de falta de apoio.