Mariana Cordeiro Ferreira
Biografiado Autor

11 Out 2020 | 10:20

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Mariana Cordeiro Ferreira

Foi isso que a pandemia nos  tirou, o amor ao futebol. O amor a estar presente, o amor a poder bater palmas, cantar e gritar por todos aqueles que estão em campo.

Esta semana a seleção nacional voltou aos campos e os adeptos regressaram às bancadas, tive a honra de ser uma das 2500 pessoas que estiveram sentadas no Estádio de Alvalade a assistir ao jogo e é tudo tão estranho .


Tenho Gamebox há dois anos e, no dia 8 de março, no jogo de estreia de Rúben Amorim para o Campeonato em Alvalade, estive lá . Levei a minha mãe comigo nesse dia, inclusivé, nessa altura já se falava de Covid, já se falava do receio, mas a verdade é que o Estádio estava composto. Não existiam três cadeiras de intervalo entre as pessoas, não existia gel desinfetante em cada entrada, nem a obrigatoriedade de uma máscara posta a tempo inteiro. Falando assim parece que foi há uma vida atrás, há muitos, muitos anos, mas não, tudo isto do Estádio cheio, aconteceu há precisamente sete meses .

É incrível como dizem que o tempo passa bastante depressa e eu não sinto nada disso em relação a esta pandemia e no que ao futebol em particular diz respeito. Aqui, só sinto que nunca mais chega a altura de voltarmos a encher o Estádio como era antes, como foi durante tanto tempo, como foi ainda há sete meses atrás .


Voltando ao jogo desta quarta-feira, tudo começou a ser muito estranho quando até as filas para a entrada faltaram (eu que tanto as criticava), depois, mediram-me a temperatura, a senhora que o fez, fez também questão de dizer alto e bom som “36,3 graus" . Pude entrar,  pois era menos que os 38 decretados pela DGS em conjunto com a FPF para poder estar presente.

Depois de uma revista feita por um controlador de metais , de ter aberto a minha mala para mostrar o que tinha, estava finalmente de volta a Alvalade! De volta à minha casa! Estava de regresso ao sítio onde passei tantas horas sentada numa bancada a ver bom e mau futebol, e finalmente estava de volta.


Ainda que sempre com a máscara posta, pude voltar a sentir que aquele organismo vivo que reside dentro do Estádio, ainda ali estava, adormecido, mas ainda ali estava. Segui o corredor até à bancada onde fiquei atribuída e aí levei o primeiro choque: um gel desinfetante de carácter de colocação obrigatória antes de me sentar. Não fiquei chocada com o próprio desinfetante, mas com a realidade que esta pandemia trouxe ao futebol . (Imaginem que o Estádio estava cheio , as filas que seriam para colocar o gel seriam maiores que as da entrada)

Subi, sentei-me no meu lugar e não senti aquele bichinho que costuma estar presente em dia de jogo. Aquela ansiedade que nos deixa a fumegar pelo apito inicial, aquela ansiedade que nos faz sentir o futebol tal como é: a única religião que não tem ateus. A distância entre as pessoas, o facto de as máscaras abafarem os cânticos que normalmente estariam presentes, o facto de não podermos ter ao nosso lado as pessoas que queremos, mas ali, não senti o amor que costumava sentir ao desporto Rei .

Foi isso que a pandemia nos  tirou, o amor ao futebol. O amor a estar presente, o amor a poder bater palmas, cantar e gritar por todos aqueles que estão em campo. Neste momento tudo isso se perdeu, e enquanto não for encontrada uma vacina que nos permita a todos estarmos no nosso lugar, sem máscara e sem medos, esse amor vai continuar adormecido .

No dia em que tudo isto terminar, no dia em que esta pandemia tiver uma solução, há muita gente que quer voltar a ir ao cinema, quer voltar a viajar, quer voltar a poder estar numa esplanada sem medos, no meu caso, só quero voltar ao estádio e voltar a acordar o amor.

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