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0O mais recente empréstimo obrigacionista do Sporting, que colocou 50 milhões de euros em dívida a três anos, é a prova de que os clubes portugueses continuam a depender cada vez mais do mercado de dívida para obter fundos a curto prazo, um modelo que, segundo Camilo Lourenço, pode trazer "problemas" no futuro. Em conversa com o jornal 'Record', o economista considera que chegará o dia em que alguém "não vai pagar".
"O que está a acontecer é que, em primeiro lugar, os clubes tinham muita dívida nos bancos; em segundo lugar, os bancos já não financiam os clubes como costumavam fazer. Quando o BCE [Banco Central Europeu] chegou, descobriu que havia uma série de bancos com empréstimos a clubes e que estavam a realizar maus negócios. O BES perdeu uma fortuna com o Sporting, basta ver o perdão que aconteceu recentemente. Portanto, os clubes já não conseguem obter financiamento dos bancos e têm de procurar dinheiro em outros lugares", explicou.
"As receitas normais já não são suficientes. Os clubes precisam de dinheiro e têm emitido obrigações. Se observarmos, as obrigações seguintes são sempre maiores do que as anteriores. Isso acontece porque continuam a acumular dívidas. E depois ainda há os juros...", acrescentou.
Os montantes elevados envolvidos nestes empréstimos podem representar um "caminho sem retorno" e, na opinião de Camilo Lourenço, podem levar os clubes portugueses a um abismo, uma vez que eventualmente não conseguirão "pagar completamente a dívida" acumulada.
"Não tenho dúvidas de que a situação pode tornar-se ainda mais complicada. Um dia vão surgir problemas e é por isso que muitas pessoas não investem em obrigações de SADs. Todos dizem que vão pagar, mas chegará o dia em que alguém não o fará e aí surgirão os problemas.", atirou Camilo Lourenço, prosseguindo:
"No mercado de capitais, eventualmente alguém falha. Não vejo um modelo de negócio em que os clubes consigam gerar receitas suficientes para pagar completamente a dívida e financiarem-se sem recorrerem a empréstimos. Se um dia alguém não pagar, será um grande problema", enfatizou, por fim.