Como normalmente, nas semanas quentes de julho, avança a pré-epoca dos clubes. Assim, o Sporting cumpriu os dois primeiros compromissos televisionados, no Algarve, frente a Portimonense e BSAD. Sendo o saldo uma vitória e um empate, verificou-se a agradável surpresa de Tabata estar a jogar pelo meio e a afirmação de Daniel Bragança (1). Algo bastante positivo, tendo em conta que João Mário deixou definitivamente de ser hipótese para esta época.
Com efeito, não obstante, a crise diretiva em que se encontra mergulhado, o clube lisboeta rival contratou João Mário após este ter rescindido contrato com o Inter de Milão (2). Sobre este tema, para além de tudo o que se possa dizer, parece-me claro que o Sporting não tinha vontade contar com o campeão europeu, quiçá por causa do vencimento que iria ficar no teto salarial, sem correspondência total com rendimento em campo. O motivo que levou ao incómodo gerado nos Sportinguistas por o ver cruzar para o rival, prende-se, sobretudo, pela falta de clareza e frontalidade do Sporting em não assumir que não contava com o jogador para esta época. É sempre mais fácil para os dirigentes leoninos, desde há décadas, deixar que a imagem dos jogadores seja “queimada”, para não terem de assumir as suas opções de gestão perante os Sócios. As “maçãs podres” e os “traidores” é um filme em loop, em Alvalade, que impede a criação de referencias e de boas relações. É uma forma de estar que, infelizmente, mesmo numa era de total profissionalismo, joga bem com os paradigmas inculcados na mente dos adeptos leoninos, onde muitos ainda vivem, décadas atrás no tempo, do amor à camisola. No entanto, há um pormenor para irmos seguindo: existia uma cláusula anti–rivais que, por via desta rescisão, Joao Mário e os encarnados tentaram tornear. Recordo que, ironicamente, o Sporting alegou o mesmo, perante a Sampdoria, para não a indemnizar da transferência de Bruno Fernandes para o Manchester United, dado o jogador ter rescindido contrato em 2018 (3). Veremos, pois, se o Sporting efetivamente avançará para os tribunais, dado que, há um ano, o Benfica não exerceu clausula idêntica que possuía sobre Nuno Santos, vindo a ala esquerda para Alvalade (4).
Esta semana, veio a publico o inquérito do IGAI, Inspeção Geral da Administração Interna, sobre os festejos da conquista do título. Na sua apresentação, o Ministro Eduardo Cabrita acusou o Sporting de não ter respondido a qualquer pedido de esclarecimento, bem como de ter recusado ter as celebrações no Estádio José Alvalade (5). Em resposta pronta, o Sporting reagiu, num comunicado arrasador de onze pontos, em que lamentava o profundo desconhecimento do ministro sobre os factos ocorridos, indicando que, atempadamente, tinha proactivamente contactado o ministério da Saúde e o da Administração Interna, de forma a sensibilizar o governo para a eventualidade da conquista e mais que provável comemoração espontânea popular (6). Depois de verificar que um ministro deste governo não tem qualquer problema em sacudir a água do capote, tentando “entalar” o Sporting pelos desacatos ocorridos, interrogo-me pela passividade e falta de dinâmica dos dirigentes leoninos acerca da não presença de publico nos estádios. Será que esta estranha apatia, ao contrário da postura do presidente azul e branco, na defesa dos seus sócios e adeptos, irá finalmente terminar, após a desfaçatez de Cabrita?
Diretor Leonino
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