André Cruz surpreendido por craque ainda estar no Sporting: "Não esperava que continuasse"

Viktor Gyokeres tem pé e meio fora do Sporting. Jaime Marta Soares não esquece a importância que o goleador do Clube de Alvalade teve nos últimos dois anos. O ex presidente da Mesa da Assembleia Geral do emblema leonino criticou também abertamente as celebrações que se seguiram ao empate frente ao Benfica (1-1).

"O Sporting foi o clube que acreditou em Gyokeres quando este ainda jogava no Championship"

“Se é um facto que lhe devemos muito, ele também nos deve muito”, afirmou, sublinhando que o Sporting foi o clube que acreditou em Gyokeres quando este ainda jogava no Championship, segunda divisão inglesa. Para o antigo dirigente, o camisola 9 tem tudo para sair em grande, mas deixa um alerta: “Só espero que saia em apogeu”, referiu, esperando que o sueco ainda contribua para o tão desejado bicampeonato.

Jaime Marta Soares lamentou ainda que o Sporting não tenha conseguido “reunir os valores para mexer na cláusula de rescisão” e tentar segurar o goleador por mais uma temporada. Contudo, aponta críticas à SAD pela condução do processo, acusando falta de autoridade e visão estratégica. “Costumo dizer que não é fadista quem quer. Refiro-me naturalmente à administração do Sporting”, atirou, num comentário que visa diretamente a estrutura diretiva.

Além disso, o ex-dirigente criticou abertamente os festejos que se seguiram ao empate no dérbi frente ao Benfica. “Houve um exagero desmedido nos festejos e celebrações antecipadas que em nada beneficiam o nosso objetivo principal: ganhar o campeonato”, lamentou, reforçando que a festa deve ser feita apenas depois do título estar garantido. 

Apesar das críticas, Marta Soares termina com com palavras de carinho para Viktor Gyokeres, desejando-lhe “muitas felicidades e grandes êxitos desportivos, profissionais e pessoais”. Ainda assim, o tom do seu discurso deixa claro que gostaria de ter visto outra abordagem por parte da direção leonina e do próprio jogador. O avançado de 26 anos do Sporting, tem recebido várias propostas dos tubarões europeus.

Morten Hjulmand foi duramente criticado por Nuno Magalhães, presidente da MAG do Benfica. O dirigente diz que a equipa encarnada o surpreendeu pela negativa e que os encarnados entraram "com receio" no dérbi, além de ter referido que o jogador do Sporting não teve a melhor das condutas para com João Pinheiro.

Para Nuno Magalhães, a não vitória do Benfica teve dois grandes culpados: as próprias águias, e o árbitro da partida, João Pinheiro. O dirigente explicou que "o golo do Sporting é a imagem do receio com que o Benfica entrou", começou por dizer o ex deputado do CDS à Antena 1.

Prosseguiu, com mais auto crítica: "O Benfica surpreendeu pela negativa, até pela receção extraordinária dos adeptos. Às tantas, parecia que o Benfica é que estava a jogar fora, retraído, não sabia muito bem se atacava ou vinha para trás, circulava a bola com muita lentidão, isso é que não percebi. Tinha de ter entrado como entrou na segunda parte".

Depois, partiu para o ataque. Começou por falar do suposto penálti contra os leões: "Debast empurrou o Otamendi. Lance claro, óbvio e inequívoco. VAR tem de ver e dizer. Tem clara interferência no jogo", explicou Nuno Magalhães, na sua perspetiva. Relembrar que não foi o único com queixas de João Pinheiro.

Acusou, mesmo, o capitão verde e branco de condicionar o juiz do encontro: "As faltas aconteciam quando Hjulmand entendia que devia dar sinal ao árbitro para assinalar ou não. Passou o jogo todo a discutir e a dirigir o árbitro, foi uma espécie de quarto árbitro dentro de campo", atirou o presidente da mesa assembleia geral da SAD do Benfica.

O Sporting só depende de si para conquistar o Campeonato Nacional. Ainda assim, Jorge Silvério, psicólogo especializado em desporto, alerta Rui Borges para a euforia desmesurada que o empate frente ao Benfica possa causar nos adeptos de jogadores dos leões.

"É certo que a euforia é mais externa que interna, mas este clima pode ter impacto no rendimento dos jogadores"

“Penso que Rui Borges terá mais trabalho que Bruno Lage pois o desafio do Sporting é superior uma vez que passa por controlar a onda de euforia”, começou por dizer Jorge Silvério ao jornal Record, destacando a necessidade de atenção individual com os jogadores. “Com o empate o Sporting só depende de si para ser campeão, é algo positivo, mas os jogadores podem desconcentrar-se com mais facilidade. É certo que a euforia é mais externa que interna, mas este clima pode ter impacto no rendimento dos jogadores e o técnico até deve falar individualmente com cada um para perceber o estado de cada um”.

O Sporting recebe este sábado, às 18h, o Vitória de Guimarães, num jogo decisivo em Alvalade. Se vencer, torna-se bicampeão nacional, um feito que escapa aos leões há mais de 70 anos. Apesar da festa que já se vive entre os adeptos, Silvério avisa que é precisamente esse clima que pode ser perigoso para o rendimento da equipa. Rui Borges terá baixa no meio campo para a última ronda da Liga Portugal.

“Há uns anos bastava pedir aos jogadores que não ligassem o rádio ou a televisão mas isso hoje em dia é impossível. Acima de tudo é evitar que a euforia dos adeptos passe para a equipa. Ninguém pode pensar 'está ganho' porque não está”, acrescentou Jorge Silvério, reforçando que o trabalho psicológico pode ser decisivo para o sucesso dentro de campo.

Com o Benfica a jogar à mesma hora frente ao Braga e a precisar de um deslize do Sporting, o ambiente está ao rubro nesta reta final. Mas em Alvalade, o foco está em manter os pés assentes na terra e o título à vista. Rui Borges terá de segurar emocionalmente a equipa num momento em que todos sonham mas ainda nada está garantido.