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Histórias do Leão
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No dia 26 de junho de 1910, José Alfredo Holtreman Roquette, conhecido como José Alvalade - que deu nome ao estádio já desde a antiga casa - foi eleito Presidente do Sporting. O homem, que já tinha sido o principal impulsionador para fundar o Clube leonino, quatro anos depois, consolidou-se como o terceiro grande pilar na história da direção dos verdes e brancos.
José Alvalade não só era o Sócio N.º 1, como também tinha sido vice-Presidente e gerente de desportos. O neto do Visconde de Alvalade, que foi o primeiro Presidente do Clube, tornou-se no terceiro a exercer esta função na história da direção do Sporting, depois do pequeno período liderado por Luís Caetano Pereira.
Luís Caetano Pereira acabou por assumir a presidência novamente depois de José Alvalade ter saído da direção no dia 2 de setembro de 2012. O grande fundador do conjunto verde e branco fica marcado pela frase: "Queremos que o Sporting seja um grande Clube, tão grande como os maiores da Europa"
Um legado histórico
José Alvalade fica marcado como o grande símbolo do Sporting, depois de ter organizado um piquenique a 12 de abril de 1906, na Quinta do Correio Mor, em Loures. Neste 'convívio' estiveram presentes: Visconde de Alvalade, José Gavazzo, Henrique Barbosa, Scarlett, Vasco Morgado, Félix da Costa, José Stromp, Geraldo Barba e senhoras da família.
A iniciativa serviu para, quase um mês depois, a 8 de maio de 1906, o grupo fundar o Clube. Em termos oficiais, a data de fundação do Sporting é dia 1 de julho do mesmo ano, por proposta de Soares Júnior, tendo em conta a redação dos estatutos.
Infelizmente, José Alvalade morreu ainda muito jovem, com 33 anos, a 19 de outubro de 1918. O terceiro Presidente do Sporting, solteiro e sem geração legítima, foi vítima de febre tifoide. Atualmente, o principal fundador do Clube dá nome à casa dos verdes e brancos, o Estádio José Alvalade.
Atleta português conseguiu resultado surpreendente em prova disputada em Oslo, no mítico Estádio Bislett, durante os prestigiados Bislett Games
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A 26 de junho de 1982, em Oslo, o impossível transformou-se em realidade. Contra todas as expectativas e desafiando o peso das lesões e da idade, Carlos Lopes, na altura com 35 anos, escreveu uma das páginas mais impressionantes do atletismo europeu. Foi no mítico Estádio Bislett, durante os prestigiados Bislett Games, que o atleta português assinou uma das melhores corridas da sua carreira e estabeleceu um novo recorde da Europa dos 10.000 metros.
O palco não podia ser mais simbólico: uma pista que já era lendária, uma assistência fervorosa e um alinhamento de luxo. O grande favorito era o norte-americano Alberto Salazar, que assumira publicamente a intenção de bater o recorde do mundo, então pertencente ao queniano Henry Rono (que também estava em prova).
A corrida desenrolou-se num ritmo alucinante desde o início. Aos 5.000 metros, o trio da frente, composto por Lopes, Salazar e o belga Alex Hagelsteens, registava uma marca mais de 10 segundos abaixo do que Rono fizera no dia do recorde. O próprio Rono, desgastado, cedeu aos 8.000 metros, deixando os três destacados na frente. Ainda assim, o queniano conseguiria reduzir uma desvantagem de quase 30 metros para se reaproximar nos últimos metros.
Mas seria Carlos Lopes a assinar o momento da noite. A 250 metros da meta, lançou um ataque inesperado, um sprint que apanhou os rivais desprevenidos. Num golpe de classe e inteligência, venceu a corrida com o tempo de 27m24,39s, novo Recorde da Europa, ficando a apenas 2,39 segundos do Recorde do Mundo de Henry Rono. Foi uma prova memorável, tanto pela qualidade do desempenho como pela forma como a vitória foi conquistada: com frieza, cálculo e coragem.
No final da corrida, Carlos Lopes admitiu com a humildade de sempre: "Não estava à espera de conseguir este resultado, mas desta vez tive a vantagem de ir no comboio até à última volta. Não me coube a responsabilidade de puxar. Depois foi simples: quem pode anda, quem não pode fica para trás".
Apesar do impacto do feito, Lopes não alimentava ambições imediatas de bater o recorde do mundo. Mas Moniz Pereira, o seu lendário treinador, era perentório. Na sua opinião, tanto Carlos Lopes como Fernando Mamede tinham capacidade para o conseguir, se a prova fosse devidamente planeada. Estava lançada a previsão e, como se sabe, viria a cumprir-se com ambos.
Médio português, craque dos encarnados, rescindiu com as águias e acabou por ser contratado para integrar o conjunto verde e branco
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No dia 24 de junho de 1993, Paulo Sousa, médio de enormíssima qualidade à época, foi confirmado por Sousa Cintra, presidente do Sporting que assumiu liderança depois de um período negro, como reforço do Clube de Alvalade. A contratação teve grande impacto no panorama nacional, já que o craque tinha acabado de rescindir com o eterno rival Benfica.
Sousa Cintra: "Paulo Sousa é um dos grandes reforços do Sporting"
Em declarações à imprensa nacional, após os rumores que ligavam Paulo Sousa a uma saída do Benfica para o Sporting, o presidente do Clube de Alvalade, sem receios, afirmou que o médio ia reforçar os verdes e brancos: "Sem dúvida esse [Paulo Sousa] vai ser um dos grandes reforços do Sporting".
O verão de 1993 ficou marcado não apenas pela contratação de Paulo Sousa, como também pela de Pacheco, jogador que fez exatamente o mesmo percurso. As noticias relativas ao médio no Sporting surgiram depois de uma reunião entre os corpos sociais dos encarnados para resolver a crise financeira que atravessavam na altura.
Alberto Silveira: "Recebemos uma carta"
A reunião entre os dirigentes encarnados só foi dada como terminada às duas da manhã. Apesar de muitos desmentirem a informação relativa à transferência de Paulo Sousa, Alberto Silveira, chefe do departamento de futebol, confirmou tudo: "Recebemos uma carta, aliás, um fax, nesse sentido".
Jorge de Brito, presidente do Benfica que enfrentava uma grande crise financeira na altura, mesmo estando por dentro de toda a situação do médio, ainda tinha alguma esperança na sua permanência: “Eu não acredito que realmente Paulo Sousa vá sair do Benfica".
Sousa Cintra: "Contratação de Paulo Sousa? Eu estou tranquilo"
Sousa Cintra, conhecido pelo seu estilo popular e confiante, afirmou que não tinha problemas em dar Paulo Sousa como certo no Sporting: "Estou tranquilo, estou calmo. Se alguém está preocupado, eu não estou. Portanto isso quer dizer tudo.
O presidente dos leões tinha razão, porque um dia depois, a 25 de junho de 1933, o Sporting apresentou Paulo Sousa e Pacheco, ambos provenientes do Benfica. Na altura, também se falava da possibilidade de trazer João Vieira Pinto, mas os encarnados impediram que acontecesse tal cenário.
Defesa francês deixou uma forte marca no coração dos apoiantes do Clube verde e branco e a despedida é, ainda hoje, recordada com emoção
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O futebol, tantas vezes guiado por planos e sonhos, também fica marcado despedidas que não seguem o roteiro idealizado. Foi isso mesmo que aconteceu com Jérémy Mathieu, que aos 36 anos se viu forçado a encerrar a carreira de forma abrupta, na sequência de uma lesão grave no joelho esquerdo, sofrida durante um treino ao serviço do Sporting.
O central francês, que terminava contrato no final da temporada, decidiu a 24 de junho de 2020 não regressar mais aos relvados, fechando assim um capítulo de quase duas décadas dedicadas ao futebol profissional, com parte delas a vestir a Listada verde e branca.
Jérémy Mathieu: "Queria tanto terminar a carreira dentro do relvado"
A confirmação, na altura, foi feita através do próprio Clube leonino, tendo sido reforçada pelas palavras emocionadas do jogador, tanto em contexto interno, como através de uma mensagem partilhada numa conta pessoal de Facebook. "Pensava terminar a minha carreira de outra forma, mas faz parte do futebol. Lesionei-me esta manhã num duelo. Queria tanto terminar dentro do relvado, mas o destino decidiu de outra maneira”, fez notar o defesa, deixando transparecer o peso de uma saída inesperada.
Na mensagem, Mathieu ainda agradeceu pelos anos dedicados ao futebol e olhou para o futuro com serenidade: "Diverti-me muito a fazer o que amo e sempre amarei. Uma nova vida vai começar para os quatro daqui a um mês. Mal posso esperar por estar lá e poder aproveitar um pouco mais da vida sem restrições. Mil obrigados, até breve e viva a reforma".
Já no balneário, perante os companheiros de equipa, o tom manteve-se sincero e emocionado. "É difícil despedir-me assim. Queria jogar em casa um último jogo. Mas, bom, a vida continua. Foi um prazer vestir esta camisola, um prazer jogar com vocês e desfrutar cada momento", confessou, segundo partilhou o Sporting no seu site oficial.
Mathieu, recorde-se, chegou a Alvalade em 2017, vindo do Barcelona, e rapidamente conquistou o respeito dos adeptos, dos colegas e da estrutura do Clube. Em Portugal, vestiu a camisola leonina 106 vezes, apontou nove golos e conquistou uma Taça de Portugal e duas Taças da Liga, tornando-se numa das figuras de referência do balneário e numa voz experiente num plantel em constante renovação.
A sua carreira, no entanto, já vinha marcada por conquistas de relevo antes de chegar a Lisboa. No Barcelona, onde jogou entre 2014 e 2017, fez parte de uma geração vencedora, conquistando duas Ligas espanholas, três Taças do Rei, uma Supertaça de Espanha, bem como a Liga dos Campeões, a Supertaça Europeia e o Mundial de Clubes, todos em 2015. Antes disso, passou cinco épocas no Valência, quatro no Toulouse e iniciou o seu percurso no Sochaux, clube onde venceu a Taça da Liga francesa.
Vale notar, ainda, que Jérémy Mathieu quis, no entanto, colocar um ponto final em definitivo dentro de campo e, nesse sentido, decidiu voltar a jogar nos regionais de França, no modesto Luynes Sports, terminando assim, pela segunda vez, a carreira de jogador, em 2023. Atualmente, o antigo jogador desempenha funções num novo emprego bem inesperado.