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Com Cristiano Ronaldo ao barulho, Sporting perde com o Porto e fecha época de pesadelo
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No dia 20 de abril de 1947, o Sporting deslocou-se ao norte do país para vencer a equipa do Porto, por 4-2, em jogo a contar para o Campeonato Nacional. Nessa tarde, o embate foi disputado no Estádio do Lima, casa emprestada dos dragões.
O Sporting apresentou-se em campo com Azevedo, Octávio Barrosa, Álvaro Cardoso, Carlos Canário, Manecas, Veríssimo, Albano, Travassos, Vasques, Jesus Correia e Fernando Peyroteo. Já os visitados subiram ao relvado com Barrigana, Carvalho, Alfredo Pais, Guilhar, Romão, Joaquim Machado, Catolino, Sanfins, Lourenço, António Araújo e Diógenes.
O estádio do mítico filme, Leão da Estrela, não teve de esperar muito para ver o primeiro golo da partida. Diógenes fez o 1-0 favorável aos dragões aos 6 minutos de jogo. O Sporting começou o jogo em desvantagem e esta acabou mesmo por ser a ação de maior relevância da primeira parte, já que os restantes 5 tentos da partida estavam guardados para o segundo tempo.
Quando as equipas regressaram ao relvado, o Sporting foi à procura de reverter a desvantagem. Aos 59 minutos de jogo Albano, o “Violino do Seixal” abriu a contagem dos leões e empatou a partida: 1-1 no marcador. Com o resultado igualado, a turma de Alvalade partiu para o golo que lhes desse a vantagem: aos 75 minutos, Jesus Correia fez entrar a bola na baliza dos dragões e dá a primeira vantagem do jogo para os leões (2-1).
Os restantes golos da partida chegaram em rápida sequência. O próximo até chegou para o Porto, quando Diógenes, aos 77 minutos, marcou o segundo da sua conta e empatou o jogo a 2. Mas o bis do avançado dos dragões não foi suficiente para evitar a derrota dos azuis e brancos. No lance seguinte o Sporting voltava a abanar as redes portistas: Fernando Peyroteo faz o 3-2 e devolve a vantagem aos leões.
Antes do final, ainda houve tempo para o segundo de Jesus Correia, que aos 85 minutos da partida, bateu o guarda-redes Barrigana e punha o ponto final em mais um clássico, que o Sporting levou a melhor. Do famoso grupo dos “5 Violinos”, apenas Travassos ficou fora da lista dos marcadores.
A vitória no clássico permitiu ao Sporting seguir na primeira posição do Campeonato Nacional, posição em que se manteve até ao final da competição. Os leões terminaram a prova com 47 dos 54 pontos possíveis, 6 a mais que o segundo classificado, Benfica, que terminou com 41.
Apesar do esforço, conjunto verde e branco volta a sair derrotado de competição internacional que tinha desejo de vencer pela primeira vez
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No verão de 1953, Lisboa pintou-se de verde e branco para acolher a quinta edição da prestigiada Taça Latina. O Sporting, que vinha de uma campanha memorável coroada com o seu segundo tricampeonato nacional, decidira abdicar da Taça de Portugal para se focar por inteiro num troféu que, apesar das tentativas anteriores, insistia em escapar-lhe - o que voltaria a acontecer.
O primeiro encontro dos leões na prova teve lugar a 4 de junho. Os leões, orientados por Randolph Galloway, entraram em campo com Carlos Gomes na baliza, Caldeira, Manuel Passos e Joaquim Pacheco na linha defensiva, Armando Barros e Juca no meio-campo e um ataque de luxo com Vasques, Travassos - que conta com um percurso arrepiante no Sporting -, João Martins, Albano e Mendonça. Pela frente, um Milan temível, impulsionado pelo famoso trio sueco 'Gre-No-Li': Gren, Nordahl e Liedholm.
O jogo, no entanto, começou com um golpe duro para os portugueses: aos 20 minutos, Joaquim Pacheco sofreu uma lesão gravíssima e foi forçado a abandonar o relvado. Numa era em que ainda não eram permitidas substituições, o Sporting viu-se reduzido a 10 unidades por mais de 100 minutos. Travassos recuou para a defesa esquerda, redesenhando a estrutura da equipa.
Mesmo em inferioridade, o conjunto leonino não desistiu. À beira do intervalo, Albano cruzou da esquerda e Vasques, em plena área, cabeceou com precisão para o fundo das redes milanesas. Estava feito o 1-0, e o Jamor explodia de entusiasmo.
O Milan regressou do intervalo com outra atitude, disposto a explorar a vantagem numérica. E entre os 66 e os 71 minutos, a sua persistência foi recompensada com dois golos de Nordahl, virando o marcador para 2-1. Quando parecia que o desfecho estava selado, um penálti contra o Sporting ameaçava desmoronar tudo. Mas Carlos Gomes brilhou, defendendo o remate de Liedholm e mantendo acesa a chama da esperança.
Foi esse momento que reacendeu os leões. A equipa portuguesa voltou a subir no terreno e, ao cair do pano, João Martins surgiu ao segundo poste para empatar com um cabeceamento certeiro, após jogada inspirada de Mendonça. O público delirava. A partida seguia para prolongamento.
Logo no início do tempo extra, João Martins voltou a marcar, colocando o Sporting na frente por 3-2. E foi então que um detalhe insólito captou a atenção das bancadas: um lagarto atravessou o relvado do Jamor, um sinal, acreditaram muitos, de que o destino estava com os leões. Mas o presságio não se confirmou.
Aos 116 minutos, numa jogada confusa após um canto mal resolvido, Liedholm aproveitou a desorganização para restabelecer a igualdade. Os protestos não faltaram: um jogador italiano cometera falta sobre um defesa português momentos antes, mas o árbitro nada assinalou.
Foram necessários mais 10 minutos de prolongamento suplementar e no último suspiro do jogo, já sem reservas físicas nem emocionais, o Sporting cedeu. Frigani, com um remate cruel, fez o 4-3 final. O Vale do Jamor tornou-se, naquele instante, um vale de lágrimas para os adeptos leoninos. Do outro lado, os milaneses celebravam com entusiasmo, não esquecendo, no entanto, a bravura do adversário. “Sporting, buona squadra”, disse um dirigente do Milan, num gesto de desportiva admiração.
Apesar da desilusão, o Sporting fechou a competição com uma nota positiva ao vencer o Valência por 4-1 no jogo de atribuição do terceiro lugar. Vasques e João Martins bisaram e a equipa apresentou algumas alterações: Galileu surgiu como extremo-direito e Vicente Camilo substituiu o lesionado Pacheco na defesa.
A final da Taça Latina viria a ser vencida pelo Stade de Reims, de Raymond Kopa, que derrotou o Milan, por 3-0. O Sporting, apesar de nunca ter conquistado a Taça Latina, deixou nesse torneio uma das exibições mais memoráveis da sua história europeia, marcada pela resistência heroica, pela paixão da sua massa adepta e por um episódio que perduraria na memória: o jogo do lagarto e da coragem até ao último minuto.
Leões aplicaram um triunfo que serviu, entre outras coisas, como desforra do que havia acontecido meses antes em terras espanholas
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A 2 de junho de 1918, o Sporting aproveitou da melhor forma uma oportunidade de redenção. Nesse domingo primaveril, os leões receberam e venceram o Sevilha (2-0), em Lisboa, no Campo Grande, com o orgulho em jogo e um ajuste de contas pendente desde março daquele mesmo ano. Os golos foram apontados por Francisco Stromp, fundador e o pirmeiro grande símbolo do Clube.
Três meses antes, a equipa lisboeta atravessara a fronteira rumo a terras andaluzas, para disputar dois desafios frente aos espanhóis. O primeiro encontro trouxe alegria, com uma vitória por 3-1. Contudo, o segundo embate foi um verdadeiro pesadelo. Os Sportinguistas saíram de Sevilha goleados por 5-0, um revés que teve grande impacto e que, nas palavras da época, "não se quis mais recordar".
Mas, a verdade, é que os leões não se esqueceram do que aconteceu e a ocasião para a desforra surgiu depressa. A comitiva espanhola aceitou o convite para um novo duelo em Lisboa e o ambiente que antecedeu o reencontro foi marcado por entusiasmo e grande curiosidade, reunindo público e imprensa em torno de um jogo carregado de simbolismo.
Um episódio peculiar marcou a preparação da equipa visitante. O Sevilha solicitou, de forma extraordinária, a inclusão de um reforço improvável: o avançado-centro Conde de Gomar, atleta do Atlético de Madrid. Estando em Lisboa por outras razões, dado que participava no Concurso Internacional de Ténis promovido pelo Club Internacional de Foot-ball (CIF). Conde acabara de conquistar o torneio, batendo na final ninguém menos do que D. João de Vila Franca, figura carismática do ténis nacional e autor do primeiro golo da história do Sporting.
O torneio em causa serviu para aumentar, ainda mais, o prestígio do Sporting. A imprensa elogiou o Clube pela organização de um torneio de pares masculinos nos seus próprios courts, realizado a 11 e 12 de maio, com o nobre objetivo de “concorrer para a preparação dos nossos homens”, uma alusão ao esforço de formação física dos portugueses num contexto ainda marcado pelos ecos da Primeira Guerra Mundial.
Voltando ao futebol: a tão aguardada partida decorreu com grande intensidade e o Sporting, como prometido, respondeu com qualidade. O herói da tarde foi Francisco Stromp, capitão leonino e alma da equipa. Logo na primeira parte, o craque marcou os dois golos da vitória, um deles descrito como “de levantar o estádio” pela imprensa da época.
Do lado andaluz, ninguém conseguiu brilhar. O Conde de Gomar revelou bons toques de bola, mas a evidente falta de entrosamento com os colegas acabou por limitar o seu contributo. A arbitragem, entregue ao rigoroso senhor Koolberg, foi alvo de críticas: assinalou várias irregularidades sem justificação clara, travando jogadas promissoras e prejudicando o ritmo do encontro.
Apesar do conjunto verde e branco ter saído com a derrota frente à equipa portista num jogo da prova rainha, a equipa ainda pode recuperar da desvantagem
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O Sporting saiu derrotado do clássico com o Porto na primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, no dia 1 de junho de 1952. Este confronto acabou com a vitória por 2-0 para os dragões nas Antas. A verdade é que os leões, ainda assim, chegaram à final depois de empatarem o agregado na segunda mão (4-4) e de terem vencido o terceiro jogo, por 5-2.
Randolph Galloway, treinador britânico do Sporting, alinhou com Carlos Gomes, Amaro Silva, Joaquim Pacheco - antigo craque da formação dos leões -, Manuel Passos, Manuel Vasques, Veríssimo Alves, Juca, Albano, José Travassos, Rola e João Martins. Luís Pasarín, técnico espanhol do Porto, avançou com Barrigana, Virgílio, Ângelo Carvalho, Bibelino, Correia, Monteiro da Costa, Pinto Vieira, Diamantino, José Maria, Vieira e Hernâni.
O encontro foi apitado por Fausto Santos e o primeiro golo foi festejado pelos adeptos portistas logo na primeira parte. O responsável pelo momento de festa foi Diamantino, que aos 32 minutos da partida empurrou a bola para o fundo das redes de Carlos Gomes, o guardião dos leões.
Na segunda metade, a história não foi diferente e os leões voltaram a sofrer um golo do craque que vestia azul e branco. Diamantino chegou ao bis e fechou o resultado com o seu último remate certeiro nesta 1.ª mão, aos 73 minutos desta partida: 2-0 para o Porto no marcador.
Na 2.ª mão, o Sporting esmerou-se em casa e conseguiu empatar o agregado. O confronto acabou 4-2 para os leões, com o golo de José Travassos (1’), o bis de Albano (71’ e 90’) e o autogolo de Bibelino (23’). Os golos dos dragões vieram logo no início da partida, por intermédio de Diamantino aos 2’ e de Vieira aos 4’.
O terceiro jogo resolveu as contas com uma autêntica goleada para os Sporting, que conseguiu chegar ao 5-2 no marcador. Pacheco Nobre (38’), Rola (65’ e 81’), Amaro (70’) e João Martins (85’) foram os goleadores para os verde e brancos. Já no lado portista, Diamantino (12’) e Vital (15’) marcaram, mas não conseguiram fazer melhor para evitar a eliminação.
A final da prova rainha aconteceu no Estádio Nacional do Jamor e foi protagonizada pelo dérbi eterno. O Benfica acabou por levar a melhor, vencendo a partida por 5-4. Apesar do Sporting ter deixado escapar o troféu da Taça de Portugal, o Clube verde e branco já tinha conquistado o título de campeão nacional, com um ponto de vantagem sobre o conjunto da Luz.