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Era uma tarde de abril que parecia destinada a mais uma jornada rotineira de domínio leonino, mas a 17 de abril de 1949 o futebol português assistiu a um dos seus momentos mais surpreendentes que, infelizmente, ditou a eliminação do Sporting da Taça de Portugal, às mãos do modesto Tirsense.
Em pleno Estádio Abel Alves de Figueiredo, em Santo Tirso, a equipa então alinhada na terceira divisão nacional escreveu uma das páginas mais improváveis da história da prova rainha, ao conseguir uma vitória sobre o poderoso Sporting, por 2-1, quando nada nem ninguém o faziam esperar.
O Sporting, nessa altura, era a equipa que todos os adversários tinham 'alvo a abater'. Detentor das últimas três edições da Taça de Portugal, o Clube de Alvalade contava com os lendários Cinco Violinos, uma linha ofensiva composta por Jesus Correia, Manuel Vasques, Albano, José Travassos e Fernando Peyroteo que diluía resistências com uma facilidade quase mecânica.
O treinador Cândido de Oliveira tomou uma decisão que, à época, pareceu sensata: preservar alguns dos seus principais jogadores. Veríssimo, Jesus Correia, José Travassos e Fernando Peyroteo, todos figuras fundamentais do Sporting, ficaram de fora, uns por lesão, outros por precaução. Afinal, o adversário era o Tirsense, uma equipa da 3.ª divisão, e o Sporting, tricampeão em título da Taça de Portugal, era amplamente favorito.
Como se esperava, os leões assumiram o controlo desde o apito inicial. Bastaram 12 minutos para que Armando Ferreira colocasse a equipa de Lisboa em vantagem, consolidando a sensação de que seria uma vitória tranquila. Mas essa ilusão desvaneceu-se rapidamente: aos 20 minutos, Catolino restabeleceu a igualdade e silenciou os visitantes. O Sporting ainda esteve perto de voltar a liderar antes do intervalo, numa sequência em que Sérgio Soares atirou à trave e Vasques, no ressalto, viu a bola embater no poste, duas oportunidades claras que deixaram o golo por milímetros.
Na segunda parte, o Sporting intensificou o seu domínio territorial e ofensivo. Sérgio Soares, chamado a substituir a lenda Peyroteo, foi um dos mais ativos. A pressão era imensa e o jovem avançado acusou a responsabilidade de substituir um dos maiores goleadores da história do clube. A cada falhanço, crescia a sensação de que o destino daquela partida se inclinava para algo extraordinário.
E foi mesmo isso que aconteceu. Já nos minutos finais, quando o jogo parecia destinado a prolongar-se ou pender finalmente para os leões, surgiu o momento que entrou para a história: um erro do guarda-redes João Azevedo, que jogava limitado fisicamente, abriu caminho para Mendes inscrever o nome na lenda do Tirsense, fazendo o 2-1. O golo virou o país do avesso e deixou incrédulos os adeptos do Sporting.
A derrota não foi só chocante, como foi também dolorosamente polémica. Os dirigentes do Sporting reagiram com incredulidade e apresentaram protesto formal. As razões invocadas incluíam o incumprimento do regulamento que obrigava à utilização de bolas fornecidas por cada um dos clubes em cada parte do jogo, bem como a precariedade das marcações no campo do Tirsense, que motivou, até, um golo anulado aos leões. Havia, ainda, a acusação de que o árbitro falhou na compensação de tempo, num jogo em que os tirsenses, segundo a versão Sportinguista, terão recorrido em demasia à gestão do cronómetro.
A contestação não foi aceite. O resultado manteve-se e a expressão "campo inclinado", cunhada com sarcasmo pelos adeptos leoninos, ganhou fama como símbolo da frustração com aquele dia fatídico em Santo Tirso que, ainda hoje, continua a ser recordado quando se fala da Taça de Portugal e do Sporting.
Clube de Alvalade foi derrotado em casa do rival nortenho na primeira partida de sempre entre os dois emblemas na prova rainha
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No dia 16 de abril de 1944, Porto e Sporting defrontaram-se, pela primeira vez, na Taça de Portugal (competição que os leões ainda podem vencer em 2024/25). Nessa data, jogou-se a primeira mão dos oitavos de final da prova rainha da época 1943/44. No Estádio do Lima, em Covelo, no Porto – à data, a “casa” dos azuis e brancos – os dragões venceram por 2-0, com golos de Correia Dias, aos 61 minutos, e de Pinga, aos 64, e colocaram-se em vantagem na eliminatória.
O treinador do Sporting, Joseph Szabo, fez alinhar de início os seguintes jogadores Azevedo (Guarda-redes), Octávio Barrosa, Álvaro Cardoso, Carlos Canário, Eliseu, Manecas, Fernando Peyroteo, Narciso João Cruz, Jesus Correia e Albano.
Por outro lado, o emblema azul e branco, que era treinado pelo técnico húngaro Lippo Hertzka, atuou com o seguinte onze titular: Barrigana (Guarda-redes), Guilhar, Alfredo Pais, Sarrea, Maiato, Álvaro, Faria, Lourenço, Araújo, Pinga e Correia Dias.
A primeira parte do encontro - arbitrado por José Lira, da Associação de Futebol de Braga - não teve golos. As redes só abanaram na segunda metade do desafio e, no período de três minutos, o Porto conseguiu dois remates certeiros. Aos 61 minutos, o avançado Correia Dias fez o primeiro tento e, aos 64, foi a vez do madeirense Pinga bater o guarda-redes dos leões Azevedo.
Uma semana depois, as duas equipas voltaram a defrontar-se, no jogo da segunda mão. No recinto dos verdes e brancos, no Lumiar, registou-se um empate 3-3 e o Porto apurou-se para os quartos de final da Taça de Portugal, com um resultado agregado de 5-3. Na fase seguinte da competição, os dragões viram a ser eliminados pelo Estoril, numa edição da prova conquistada pelo Benfica.
Apesar da precoce eliminação da Taça de Portugal, a temporada 1943/44 foi positiva para o Sporting. Nessa época, o Clube de Alvalade sagrou-se campeão nacional, com o registo de 14 vitórias, três empates e apenas uma derrota, que se traduziram num total de 31 pontos - na altura, os triunfos eram premiados com dois pontos. A equipa leonina teve também o segundo melhor ataque da competição, com 61 remates certeiros, e a melhor defesa, com 22 golos sofridos. Nessa edição do campeonato, os verdes e brancos venceram o Porto por duas vezes (2-0, em casa, e 3-1, fora) e ainda levaram a melhor no dérbi frente ao Benfica, triunfando por 1-0, no Lumiar.
Já no Campeonato de Lisboa, os leões terminaram no terceiro lugar da classificação, com 22 pontos - menos quatro do que o Benfica e menos seis do que o vencedor Belenenses. O Sporting venceu cinco partidas, empatou duas e perdeu três, tendo marcado 28 golos e sofrido 24.
Clube de Alvalade esteve a perder por dois golos, mas conseguiu a reviravolta e garantiu um lugar no encontro decisivo da prova rainha
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No dia 16 de abril de 2008, o Sporting recebeu e venceu o Benfica, por 5-3, em jogo a contar para as meias-finais da Taça de Portugal. Num dérbi de loucos, os golos dos verdes e brancos foram apontados por Yannick Djaló (68’ e 84’), Liedson (76’), Derlei (79’) e Simon Vukcevic (90+3’). Rui Costa (19’), Nuno Gomes (31’) e Cristián Rodríguez (82’) fizeram os tentos das ágias.
Paulo Bento optou por alinhar com Rui Patrício (GR), Abel Ferreira, Tonel, Leandro Grimi, Adrien Silva (35’), Miguel Veloso, Leandro Romagnoli (61’), João Moutinho - que recentemente ouviu das boas em Alvalade -, Yannick Djaló (86’), Liedson e Simon Vukcevic. Marat Izmailov (35’), Derlei (61’) e Gladstone (86’) entraram no decorrer do Sporting – Benfica.
Por sua vez, Fernando Chalana, então técnico dos encarnados, escolheu Quim (GR), Maxi Pereira, Nélson, Luisão, Léo, Petit (85’), Kostas Katsouranis, Rui Costa, Ángel Di María (66’), Cristián Rodríguez e Nuno Gomes. Laszlo Sepsi (66’) e Óscar Cardozo (85’) foram opção nos segundos 45 minutos do dérbi eterno.
Aos 19 minutos, Ángel Di María assistiu Rui Costa, que, na cara de Rui Patrício, disparou para o fundo das redes, inaugurando o marcador. Pouco depois, aos 31 minutos, Nuno Gomes ampliou a vantagem do Benfica, depois de um cruzamento quase perfeito de Léo para o antigo avançado do Clube da Luz.
Contudo, a resposta do Sporting surgiu no segundo tempo. Aos 68 minutos, Yannick Djaló reduziu para os verdes e brancos, depois de cruzamento de Simon Vukcevic. Aos 76 minutos, Liedson empatou o dérbi eterno, levando à loucura os adeptos presentes no Estádio José Alvalade.
Nos últimos minutos da partida, a turma de Paulo Bento acabaria mesmo por levar a melhor sobre o Benfica. Aos 79’, Derlei fez o 3-2, mas a resposta dos encarnados surgiu por intermédio de Cristián Rodríguez (82’). Por fim, Yannick Djaló (84’) e Simon Vukcevic (90+3’) consumaram o triunfo verde e branco.
Com esta vitória, o Sporting garantiu um lugar na final da Taça de Portugal, onde defrontou o Porto. Num jogo também ele épico, o herói acabou por ser Rodrigo Tiuí, que, no prolongamento, marcou dois golos diante dos azuis e brancos, selando o triunfo do Clube de Alvalade na prova rainha.
Confira os golos do Sporting 5 - 3 Benfica:
Verdes e brancos não conseguiram triunfar frente aos dragões e complicaram a tarefa na prova rainha, tendo missão complicada pela frente
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No dia 15 de abril de 1945, o Sporting recebeu o Porto em jogo relativo à primeira mão dos oitavos-de-final da Taça de Portugal. Num encontro sem golos, o Clube de Alvalade foi superior, mas não conseguiu concretizar a superioridade, com o clássico acabar sem qualquer finalização certeira.
O Sporting, orientado pelo técnico português Joaquim Ferreira, alinhou no clássico da Taça de Portugal diante do Porto com o seguinte 11 inicial: Azevedo (GR), Octávio Barrosa, Álvaro Cardoso, António Lourenço, Veríssimo, Manecas, António Marques, João Cruz, Jesus Correia, Fernando Peyroteo e Albano.
No que ao Porto, orientado pelo treinador húngaro Lippo Hertzka, concerne, os azuis e brancos alinharam frente ao Sporting com Barrigana, Guilhar, Romão, Nano, Octaviano, Camilo, Catolino, Araújo, Pinga, Gomes da Costa e Lourenço.
Após o empate a zero na primeira mão da Taça de Portugal, o Sporting foi vencer ao reduto do Porto, por 4-1, com golos de Fernando Peyroteo (6’ e 75’) e Albano (55’ e 68’), e garantiu um lugar nos quartos-de-final da prova rainha, onde defrontou a equipa da União Desportiva Oliveirense.
Nesta temporada, o conjunto de Joaquim Ferreira haveria mesmo de vencer a Taça de Portugal. Para lá do Porto, o Sporting bateu a Oliveirense (12-2, no conjunto das duas mãos dos quartos), o Benfica (5-4, nas meias-finais) e Olhanense, na final, por 1-0, com finalização de Jesus Correia, aos 86 minutos.
No que ao Campeonato Nacional diz respeito, o Sporting terminou no terceiro lugar, com 27 pontos, em igualdade pontual com o Belenenses, mas com desvantagem no confronto direto. O Benfica, com 30 pontos em 18 partidas, conquistou o título, enquanto o Porto ficou no quarto lugar, com 20 pontos.
No capítulo individual, o destaque do Sporting foi Fernando Peyroteo, com 19 golos nos 15 encontros disputados. Recorde os registos da lenda do Clube de Alvalade. Francisco Rodrigues, do Vitória de Setúbal, foi o melhor artilheiro da prova, com 21 finalizações certeiras em 17 partidas, enquanto Catolino, do Porto, fechou no lugar mais baixo do pódio.