NOTÁVEIS QUEREM MANTER MAIORIA DA SAD
Em declarações exclusivas ao Leonino, Carlos Vieira, Miguel Poiares Maduro e Samuel Almeida mostram-se contra a perda de controlo da SAD defendida por Tomás Froes e outros Sportinguistas
Redação Leonino
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15 de Maio 2020, 11:30

A venda da maioria do capital social da SAD voltou à atualidade verde e branco após Tomás Froes, num artigo de opinião publicado no jornal Record, ter defendido que esse era o único caminho possível para que o Sporting CP fosse novamente campeão. Contudo, Carlos Vieira, Miguel Poiares Maduro e Samuel Almeida, em declarações exclusivas ao Leonino, opõem-se a esta ideia.

Samuel Almeida justifica a sua posição alegando que, de forma a que o Clube consiga controlar o seu futuro, “é impensável colocar-se nas mãos de um qualquer investidor” até porque, segundo o advogado, “é impossível conciliar os interesses financeiros de um investidor e os interesses desportivos do Clube”.

Carlos Vieira também não vê “absolutamente razão nenhuma para a venda da maioria do capital social da SAD” até porque, de acordo com o antigo vice-presidente do Sporting CP, “o fair play financeiro como hoje existe e que não existia quando os investidores entraram nos clubes ingleses, não aconselha esse tipo de solução. Do ponto de vista prático, o Clube tem que ter custos iguais às receitas”.

Miguel Poiares Maduro começou por dizer ao Leonino que considera importante que este tipo de temas seja debatido pelos Sportinguistas, mas não está de acordo com a perda do controlo da SAD devido às atuais regras do fair play financeiro, também porque, na sua opinião, “os Sócios até poderiam controlar o comprador, mas perderiam o controlo dos destinos da SAD a partir desse momento. E, neste contexto atual, este risco seria ainda maior, pois com os desafios à sustentabilidade dos clubes é cada vez maior o risco de capitais de origem duvidosa entrarem nos clubes de futebol”.

Perda de relação entre Clube e Sócios

Um outro ponto em que as personalidades contactadas pelo Leonino concordam é de que, caso o clube perdesse o controlo da SAD, isso levaria a um afastamento dos Sócios.

Na opinião de Carlos Vieira, “há uma aceção de que a excessiva democratização do Sporting prejudica a prestação desportivo do Clube. No meu entender, não é isso que se passa. O Sporting tem a dimensão que tem pelo seu modelo democrático, que, bem ou mal, tem permitido ao Clube manter essa mesma dimensão”. O antigo responsável pelas finanças leoninas afirma mesmo que “a perda de uma democratização do Clube ia fazer com que o Sporting diminuísse as suas receitas, nomeadamente em bilhética, merchandising, etc.”.

Miguel Poiares entende que “a identificação dos Sócios com o Clube passa pela sua natureza associativa, ou seja, poderem ter voz no seu governo. E, se avançássemos para uma solução deste género, isto desapareceria”.

Para lá deste aspeto anteriormente mencionado, Samuel Almeida alerta que, no contexto atual, os investidores procuram “negócios oportunistas e que sejam negócios baratos pela fragilidade do Clube. Acho que vender em baixa nunca é uma boa altura para vender”.

Crescimento da indústria e alteração de modelo de governo 

Carlos Vieira é afirma que “a solução passa por um crescimento do futebol português enquanto indústria que gere um crescimento das receitas em termos de direitos televisivos, aumento da bilhética, entre outras coisas”. Por sua vez, Miguel Poiares Maduro defende que a solução passa por “promover a gestão profissional através da alteração do modelo de governo do Clube, com separação clara da SAD, mas sem os Sócios perderem o controlo do processo”.

O Leonino contactou Tomás Froes, mas até ao fecho deste artigo não foi possível obter as suas declarações.

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