"SÓCIOS NÃO PASSAM CHEQUES EM BRANCO A ESTA DIREÇÃO"
Em declarações ao Leonino, Nuno Sousa confirmou que será candidato a Presidente do Sporting e recusou a ideia de que existe uma minoria de bloqueio em Alvalade
Redação Leonino
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9 de Outubro 2021, 09:00

Nuno Sousa vai ser candidato à presidência do Sporting nas próximas eleições. Em 2020, o gestor já havia anunciado essa intenção. Agora, em declarações ao nosso jornal, Nuno Sousa confirmou que vai mesmo avançar, discordando ainda de Frederico Varandas quanto à existência de uma minoria de bloqueio em Alvalade

Leonino (L): Em 2020, anunciou que seria candidato a Presidente do Sporting. Essa intenção mantém-se?

Nuno Sousa (NS): Sim, claramente. Quando essa intenção foi declarada publicamente foi com a determinação de a levar até ao fim, reunidas que estavam as opiniões, vontades, apoios, linhas programáticas e muito trabalho preparatório de uma equipa vasta de Sportinguistas.

“Sócios fizeram aquilo que o Conselho Fiscal não teve coragem de fazer”

L: Qual a leitura que faz do chumbo do Relatórios e Contas (2019/20) e dos Orçamentos (2020/21 e 2021/22)?

NS: Faço a leitura que os Sócios, muito inteligentemente, não passam cheques em branco a esta Direção.

Quanto ao R&C de 2019/20 é uma cena repetida após já ter sido reprovado, o ano passado, com cerca de 70% dos 3.115 Sócios que se dirigiram para exercerem o seu direito. Ser apresentado de novo, sem direito a debate, sem explicações, sem nada, e ainda para mais sabendo-se agora que na verdade houve um prejuízo de mais de 3 milhões de euros, ficaria admirado se a resposta dos Sócios tivesse sido outra. Quanto às contas de 2020/21 pareceu-me que a preocupação continua a ser o aumento da dívida do Clube à SAD e a falta de confiança que o resultado líquido apresentado espelhe factualmente o exercício.

Já no que diz respeito ao Orçamento para esta época, pois se o próprio Conselho Fiscal diz que está preocupado com mais estes 3,9 Milhões de euros de défice que é gerado por esta Direção, e no Orçamento não há a mínima pista de como pretende diminui-lo, e o que vai fazer para aumentar as receitas, então, não levar o chumbo dos Sócios é que me espantaria.

Assim, os Sócios fizeram aquilo que me parece o Conselho Fiscal não teve coragem de fazer e em vez de dar um louvor deram um cartão amarelo.

Era o que mais faltava desprezar Sócios”

L: Partilha da opinião de Frederico Varandas quando o próprio defende que se trata de uma minoria?

NS: Não, de todo. Foi à Assembleia Geral quem pode, dado o dia e a hora escolhida por Frederico Varandas, era o que mais faltava desprezar esses Sócios, serem maltratados pelo presidente, e ainda por cima catalogados negativamente, quando o que mereciam era um louvor pela sua presença. Ora a meu ver os resultados foram claros.

L: Se, no dia 23, os documentos forem chumbados, acha que o Presidente do Sporting deve retirar ilações políticas?

Essa pergunta parte do pressuposto que a próxima AG anunciada, mas ainda não convocada, terá essa ordem de trabalhos. Ora, se de facto for esse o tema da AG, o que eu espero é que desta vez Frederico Varandas vá melhor preparado para responder às questões, o faça sem altivez, demonstre que está lá para ouvir atentamente todos, em vez de estar naquela atitude pouco institucional que o caracteriza durante a AG.

“Acho sempre de salutar quem tiver um projeto baseado em ideias para implementar e engrandecer o Sporting”

L: Como é que olha para a possibilidade de, nas próximas eleições, existirem várias candidaturas?

NS: Acho sempre de salutar quem tiver um projeto baseado em ideias para implementar e engrandecer o Sporting, que esteja disposto a debate-las e a colocar-se sob o escrutínio dos seus consócios.

L: Concorda com a existência de uma segunda volta em eleições futuras?

NS: Há Sócios que defendem que existe uma desconformidade entre os estatutos e a Lei, e, portanto, o Presidente do Sporting tem que ser eleito com mais de 50% dos votos. Já aqui escrevi (LER MAIS AQUI) e defendi que há metodologias que permitem achar-se o vencedor com mais de 50% sem necessidade de uma segunda volta. Já foi implementada em algumas eleições locais nos EUA e potenciaria o poder do Sócio eleitor alargando o espetro da sua escolha votando em consciência e não tanto em quem na sua opinião tem mais hipóteses de ganhar, acabando com o chamado “voto útil”, ao mesmo tempo evita que o Sócio eleitor numa 2ª volta vote no “menos mau” ou exerça um voto negativo de “votar neste para o outro não ganhar”, ainda para mais evitaria certas negociatas pré e pós eleitorais que introduzem sempre desconfiança ao processo democrático.

Há muito tempo que um grupo de Sócios do qual fazia parte, entregou uma proposta para refazer todo o edifício regulamentar eleitoral e das AG do Clube ao Dr Rogério Alves, sem que tenha tido qualquer notícia de volta.

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